Home
Ata de Constituição
Ata de Lançamento do Prédio
Estatuto
Centenário
Diretorias
 

Quero, em meu nome pessoal, da Diretoria e dos associados do Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro, expressar a nossa alegria e satisfação pela presença de todos nesta solenidade e pela oportunidade que nos proporcionam de comemorarmos juntos esta etapa marcante da existência desta entidade, que nos enche de orgulho, como certamente a todos os membros da comunidade do café.

Completamos e celebramos 100 anos de café. Neste ciclo, seguramente o mais esplendoroso período da história do café no Brasil, o Centro do Comércio viveu intensamente todos os seus acontecimentos e participou de forma ativa do processo de construção de nossa cafeicultura.
Desde o seu surgimento, em 1 901, congregando produtores, exportadores, corretores, armazenadores, transportadores, torrefadores, bancos, o Centro do Comércio do Café, manteve-se à frente de seu tempo. Naquele momento, antecipou-se ao que, quase nove décadas depois, se transformaria no moderno conceito de agronegócio, no qual todos os elos da cadeia produtiva trabalham dentro de um esforço comum visando, na melhor participação de cada segmento, ao aumento do negócio como um todo.

Os anais do Centro mostram, por exemplo, que as primeiras preocupações e ações foram as de estruturar uma organização básica ao funcionamento dos diversos serviços que compunham a atividade cafeeira, que ganhava a cada dia maior expressão econômica. Valendo-se da vantagem de reunir em um só foro todos os participantes, definiram-se normas e condutas para os serviços de Armazéns Gerais, de transportes, de estivadores. E, em 1903, com a presença do Presidente da República, Rodrigues Alves, inaugurou-se o lendário prédio da Rua da Quitanda, onde se montou um salão de pregões de café, no qual vendedores e compradores anunciavam as suas ofertas e concluíam negócios, e tinham acesso às diversas informações e estatísticas de mercado.

Essa característica de pluralidade no exercício das ações, que sempre singularizou o desempenho do Centro, evidencia-se, também, na circunstância de que a entidade, embora tenha no comércio o seu pólo central e catalisador, jamais, limitou a sua atuação às fronteiras dos interesses do comércio exportador ou do corporativismo. O balizador de suas posições e o seu ideário foram e continuam a ser o interesse maior do café como um todo.

Hoje, decorridos 100 anos, orgulhamo-nos de manter vivos os ideais que pavimentaram a nossa história. Estão adiantados os estudos para instalar na sede da entidade um Centro de Memória e Referencia do Café, não só para preservar o seu imenso acervo técnico e cultural, mas, sobretudo visando à difusão de seus conhecimentos. No plano local, sentimo-nos gratificados pelos resultados que estão sendo alcançados na recuperação dos embarques de café pelo porto do Rio de Janeiro. Refletindo todo o esforço e os investimentos realizados pelo Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro na estruturação de Terminais especializados, e a irrestrita cooperação de todas as autoridades e empresários envolvidos no processo, neste ano, as exportações atingirão cerca de 3,5 milhões de sacas, a mais alta dos últimos 35 anos. Este volume de embarques representa algo em torno de 18% das exportações brasileiras. Ganha o café, que conta, assim, com mais uma opção para exportações, traduzida em melhores custos e competitividade externa, ganha o porto do Rio de Janeiro, o município e o Estado.

O transcurso de nosso centenário coincide com dois eventos importantes no campo da produção de café no Estado, aos quais o Centro tem emprestado todo o seu apoio e entusiasmo. Destaco a revitalização da Associação dos Cafeicultores do Rio de Janeiro, entidade que representa os interesses dos cafeicultores fluminenses. E, as ações empreendidas dentro do Programa Rio Café, conduzidas pelo Secretário de Agricultura, Cristino Aúreo da Silva, que buscam criar condições, através do incremento do crédito agrícola, de aumento dos investimentos na cafeicultura, capazes de gerar novos postos de trabalho e trazer prosperidade e bem estar para o campo.

Senhores Homenageados,

Tem sido uma tradição do Centro do Comércio do Café, nas oportunidades em que comemora momentos marcantes de sua existência, homenagear pessoas e empresas que contribuíram de forma relevante para o engrandecimento do Café do Brasil em suas áreas de atividades e para a história desta entidade, não só do país como do exterior.

Deste modo, nos permitimos lembrar alguns nomes e empresas que merecem nosso apreço e respeito pelo que realizaram em favor da cafeicultura brasileira, e que tiveram atuação destacada nesta fascinante aventura do café.

Menciono o empresário Américo Takamitsu Sato, cuja notável passagem pela Presidência da Associação Brasileira da Indústria de Café muito contribuiu para projetar o seu setor e destacar, no seio do Conselho Deliberativo da Política do Café, a importância do consumo interno, desejando que o seu retorno às lides cafeeiras, onde a sua presença enaltece o café, ocorra o mais breve possível.

Na pessoa do Professor Antonio Delfim Netto, homenageamos uma das figuras de maior expressão no cenário nacional, com uma contribuição insuperável para o desenvolvimento da economia do café. À frente do Ministério do Planejamento, do Ministério da Fazenda e do Ministério da Agricultura, que exerceram a supervisão ministerial sobre a política do café, Delfim Netto orientou a formulação das políticas durante uma das fases mais auspiciosas do café brasileiro. Como economista, os inúmeros ensaios econômicos que publicou foram decisivos para o debate e acompanhamento da trajetória do café, enriquecendo o seu acervo literário.

A Lavazza, centenário grupo ligado à indústria de café, presente nos principais países consumidores, representada pelo seu dirigente Giuseppe Lavazza, é, sem favor algum, um dos maiores símbolos mundiais de qualidade e sofisticação de produtos e tem sido, ao longo de sua existência, um dos mais tradicionais compradores do café brasileiro o que confere grande prestigio à nossa produção.

A Ipanema Agrícola, dirigida pelo seu presidente Gustavo Gomes Fernandes, é responsável por um dos melhores cartões de visitas da cafeicultura brasileira e de seu parque produtor. A Fazenda Ipanema foi pioneira na introdução de um moderno conceito de gestão empresarial da produção, voltado para o objetivo de produzir e comercializar cafés com qualidade diferenciada, alta tecnologia agrícola, elevada produtividade e gerenciamento profissionalizado.

Ialdy Reis dos Santos, a quem reverenciamos como um dos patriarcas desta instituição, representa o que há de melhor na galeria de dirigentes do Centro do Comércio do Café do Rio de Janeiro. Diretor em várias gestões e Presidente por dois mandatos, produtor e exportador, teve uma dedicação extrema ao café e uma contribuição incomparável ao desenvolvimento de nossa entidade.

O Jornal do Comércio, dirigido por Ibanor Tartarotti, ao longo de seus 175 anos de circulação diária sempre dispensou ao café uma atenção especial, assunto privilegiado pela competência e pela dedicação de jornalistas como o Dr. Teófilo de Andrade, um dos maiores especialistas em café da imprensa brasileira, e o notável Assis Chateaubriand, autor de artigos memoráveis sobre a economia cafeeira. A cobertura dada pelo Jornal do Commércio e o acervo de informações e dados estatísticos que dispõe, inclui-se entre as verdadeiras preciosidades do café.

A Unicafé e o seu líder Jair Coser, as Empresas Tristão e o seu comandante Jônice Tristão, campeões nas suas áreas de atividades, são a maior expressão das melhores tradições do comércio exportador brasileiro. A credibilidade e o respeito que conquistaram no mundo do café ao longo de sua profícua jornada honram o nome do Brasil, dignificam o comércio brasileiro e conferem um prestigio inigualável à nossa produção. As Empresas Tristão, a mais antiga exportadora brasileira em atividade, ora em sua 3ª. geração, sob o comando de Ronaldo, Sérgio, Ricardo e Patrícia, atuando em diferentes frentes do café, e a Unicafé, que experimenta os primeiros estágios de sua 2ª. geração, com a atuação de Otávio Rudge e Sandro Mancini, são merecedoras de nosso reconhecimento e da gratidão da comunidade cafeeira pela sua enorme contribuição ao desenvolvimento do Café do Brasil.

A Nestlé, representada por seu Diretor de Supply Chain, Luis Quintiliano, é historicamente um dos maiores clientes e usuários do café brasileiro, estando aqui instalada há 80 anos. Detentora da marca Nescafé, a mais conhecida no mundo, além de compradora de grandes volumes de nosso café, a Nestlé destaca-se pela grande contribuição dada ao café brasileiro, por ter inventado, em 1 937, a pedido do Governo brasileiro, o café solúvel, hoje um dos principais produtos da pauta de exportações de manufaturados.

Neumann Kaffee Gruppe, e seu Presidente Michael Neumann, mantém um relacionamento comercial de confiabilidade e credibilidade junto à cafeicultura brasileira há décadas. Desfruta da condição de maior Trading House mundial, e têm no Brasil interesses acionários expressivos em empresas exportadora e comercial. A Neumann é, certamente, um dos maiores compradores do café brasileiro, e responsável por uma contribuição muito importante à expansão do café brasileiro.

Encerro com chave de ouro esta breve apresentação dos homenageados. A UCC Ueshima Coffee Co. é, indiscutivelmente, uma das empresas com ligações mais estreitas com o café brasileiro, a quem sempre distinguiu. Pioneira na indústria de café no Japão, a Ueshima, sempre primando pela qualidade, detém uma participação de mercado da ordem de 40% do consumo, com uma das mais altas utilizações de cafés brasileiros em seus blends.

Senhores,

Ao longo de toda a sua existência, o café enfrentou e superou desafios de toda ordem. Hoje, novamente, defronta-se com uma situação adversa. O desequilíbrio que se observa entre a produção e o consumo mundiais tem ocasionado quedas consideráveis dos preços de mercado, afetando a renda do produtor e comprometendo o futuro da atividade.

Nos últimos 100 anos, o café foi o grande financiador do processo de industrialização do Brasil. A enorme dependência que o País apresentava dos ingressos cambiais proporcionados pelo café tinha o efeito perverso de, por vezes, gerar políticas cafeeiras que não priorizavam as demandas do produto, pela necessidade de subordiná-las aos objetivos de uma política econômica global. Atualmente, quando o café representa em torno de 2% a 3% da receita cambial, embora continue gerando faturamentos superiores a US$ 1,5 bilhão, anuais, este quadro não mais persiste. O café pode ter hoje a política que melhor consulte aos seus interesses e necessidades.

Nestes 100 anos, em nenhum momento, foi assegurado à cafeicultura, pelas suas representações setoriais, a capacidade de influir de maneira tão ampla nos destinos do café quanto atualmente. O CDPC, foro maior das decisões cafeeiras, institucionalizou a participação do setor privado, e o Ministério da Agricultura, que abriga em seu organograma os assuntos do café, tem proporcionado todas as condições para o exercício dessa atribuição.

Cabe ao setor privado, agora, pelas suas entidades de classe, com desprendimento e competência, enfrentar o desafio de apresentar os caminhos para superar o cenário desfavorável com o qual convivemos e, assim, garantir a continuidade e a integridade de nossa cafeicultura, não só no seu aspecto econômico, mas, sobretudo, preservando o imenso acervo social que encerra.

Em minhas últimas palavras, quero agradecer as demonstrações de apreço recebidas pelo Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro, seja pela presença de tão ilustres pessoas a esta comemoração, seja pelas amáveis cartas que recebemos daqueles que não puderam comparecer. Penso que tais cumprimentos devam ser dados ao comércio exportador brasileiro. Ao longo dos quase 300 anos de café no Brasil, forjou no mercado mundial uma tradição de competência e de credibilidade, conquistando o respeito de nossos clientes e parceiros comerciais.




Rua da Quitanda, 191 - 8º andar - Centro - Rio de Janeiro - Brasil - Tel: (21) 2516-3399 / Fax: (21) 2253-4873 - email: riocafe@cccrj.com.br
Todos os direitos reservados - copyright 2006 - Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro - Desenvolvido por Ivan F. Cesar