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Março 2009 - Ano 88 - Nº 829

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A cafeicultura brasileira experimentou, no dia 6 de março deste ano, uma noite mais escura do que o normal, e o dia seguinte amanheceu cheio de melancolia e solidão. Geraldo Fonseca Siqueira, homem do café, amigo de seus amigos, amor de seu amor, pai modelo para seus filhos, amante das artes e da vida, como diria Guimarães Rosa, “encantou-se”.

Nascido em Mutum, na zona da mata mineira, Geraldo foi o filho caçula do fazendeiro, comerciante e industrial João Teixeira de Siqueira; e de Esther Fonseca Siqueira, pertencente a uma família tradicional de intelectuais da mesma cidade; uma mulher, descreve o neto João, “carinhosa, mas de pulso forte”.

Por pouco, contudo, o café não perdeu um de seus principais quadros intelectuais para um grupo de ciganos que sequestrou o menino Geraldo durante sua passagem pela cidade. Suas irmãs conseguiram resgatá-lo a tempo.

Conforme a tradição de tantas famílias de agricultores, preocupadas em proporcionar um futuro mais promissor a seus filhos, os Siqueira mudaram-se para Juiz de Fora assim que seus filhos atingiram a idade escolar para que tivessem um ensino de melhor qualidade. Único varão dentre os filhos, Geraldo Siqueira costumava dizer que fora muito bem cuidado: “eram seis mulheres (incluindo sua mãe) para cuidar de mim”.

Cada um dos filhos aprendeu a tocar um instrumento musical e, nos finais de semana, aconteciam saraus que se tornaram famosos em Vitória, ES, para onde haviam se mudado.
Segundo amigos, Geraldo Siqueira era um homem extremamente elegante, um gentleman, de uma simpatia e simplicidade cativantes, além de cortês; mesclava uma educação “britânica” com maneiras brasileiríssimas: era alegre, espirituoso, brincalhão.

Outra característica marcante de Siqueira era seu espírito democrático, que lhe fazia tratar com chefes de Estado, ministros, além dos intelectuais que conheceu através de sua esposa, Maria Helena Teixeira de Siqueira, imortal da Academia Espírito-Santense de Letras, com a mesma elegância e afabilidade com que lidava com o mais iletrado peão de suas fazendas.

Legítimo representante do “homem cordial” descrito por Sérgio Buarque de Holanda, Geraldo é um exemplo que desmoraliza aqueles que viam nisso um defeito do caráter brasileiro - pois ele conseguiu ser querido, amigo e aconselhador de todos os seus empregados sem jamais perder a autoridade de chefe.

Outra marca que deixará muita saudade era sua inesgotável energia para curtir e aproveitar a vida, pois Geraldo era um católico que seguia à risca o exemplo de Jesus, o multiplicador de vinhos: adorava festas e nunca declinava convite. Participava, às vezes, de dois eventos num só dia, afirmando que iria “fazer a minha linha em um, depois vou para o outro; se fulano me convidou, é porque me tem em grande conta; preciso prestigiar quem me tem como amigo”.

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