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Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Setembro 2009 - Ano 88 - Nº 831

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Com seu terminal estrategicamente situado em Itaguaí (RJ), a 7km do Porto de Sepetiba, a empresa Inland Logística e Terminais quer usá-lo para exportar café, ou melhor, quer oferecer seus serviços logísticos e seu espaço às exportadoras do grão. Marcelo Sousa, diretor executivo da empresa, explicou que a decisão de ingressar no mercado de café veio com a crise. “Se analisar a crise que passamos agora... quais foram os segmentos que não sofreram com ela? A exportação de café praticamente não se alterou. O terminal tem um custo fixo alto e usa mão-de-obra especializada. Dá muito trabalho treinar pessoal para operar com um terminal Redex. Se ficarmos dependendo apenas de uma atividade com volume instável, sofremos risco muito alto. A exportação de café tem apresentado mais estabilidade que outros segmentos”, explica Sousa.

A localização da Inland, explica ele, não poderia ser mais apropriada. Está próxima ao porto, mas convenientemente fora da área portuária, que sofre severas restrições de circulação, de modo que os caminhões transportando café podem transitar na área do terminal livres dos obstáculos burocráticos e alfandegários que existem nos terminais situados dentro do porto organizado.

O mais importante, porém, é que o terminal situa-se bem no centro de uma área que está em vias de viver uma revolução logística e industrial. Terrenos adjacentes ao terminal da Inland foram adquiridos por megaempresas como Petrobrás, Gerdau, CSN e Usiminas, para servirem como terminais de exportação pelo porto de Sepetiba. A Petrobrás ainda fará, no local, a sua base de operações para a exploração do petróleo recentemente encontrado em águas ultraprofundas, o famoso pré-sal.

Marcelo Luz Sousa, Diretor Executivo da Inland

Logística favorável

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal em parceria com governo estadual, municípios e empresas privadas, prevê a construção de um grande arco rodoviário no Rio de Janeiro, com ênfase nas vias de acesso aos portos da cidade. Há uma expectativa bastante concreta, portanto, de que Sepetiba se transforme num dos centros de terminal e exportação mais modernos e eficientes do país, com o diferencial de possuir um dos maiores calados (profundidade oceânica) da América Latina e oferecer custos competitivos em relação a outros portos.

O diretor executivo da Inland informa que a capacidade do seu terminal é de operar e estufar até 1.000 conteineres ao mês, e que atualmente usa apenas 40% desse total. A capacidade ociosa é um dos motivos pelos quais a empresa quer atrair os exportadores de café. “Se quisermos, podemos usar até 600 conteineres por mês para o café”, diz Sousa.

Conteiner não vai faltar. O terminal da Inland funciona também como depósito de conteineres da empresa Hapag Lloyd, uma das maiores empresas de navegação. Mas também trabalha com outros armadores importantes, realizando a manutenção e conserto de conteineres.

A Inland nasceu há 15 anos, em São Paulo, fazendo operações logísticas para exportação de variados produtos. O terminal de Itaguaí foi inaugurado há cinco anos, operando com minérios, ligas metálicas, produtos médicos, petroquímicos, além de arroz e farinha de trigo.

Marcelo Sousa informa que, num primeiro momento, irá receber apenas o café em sacarias, pois a companhia ainda não possui equipamento para estufagem a granel. Mas já foram feitos investimentos da ordem de R$ 5 milhões em equipamentos e, a partir do momento em que os exportadores de café demonstrarem interesse em usar o terminal da empresa, outros investimentos serão feitos, inclusive para operar com granel e big-bag.

É um terminal alfandegado, um Redex, o que lhe confere plenas condições de operar com o café. “Temos também uma inscrição estadual em Minas Gerais”, explica Sousa, o que significa que a empresa atua sob rígida fiscalização das autoridades mineiras, com as quais, inclusive, têm contrato de responsabilidade fiscal. “Temos integração online, mensal, com a receita mineira”, informa o executivo, de olho nas milhões de sacas colhidas anualmente no estado vizinho.

A empresa – que define seu raio de ação como “operações logísticas com soluções terrestres” – vem desenvolvendo ainda o serviço de distribuição urbana para o mercado interno, o que seria uma oportunidade dos exportadores de café, diz Sousa, integrarem-se melhor às indústrias de torrefação e às redes de varejo.

O executivo ressalta que a empresa conseguiu, junto às autoridades alfandegárias, ampliar os horários de “parametrização” para 5 vezes ao dia; ou seja, a recepção e agilização das informações dos registros de exportação pela Receita podem ser feitos em mais horários. “Isso trouxe mais flexibilidade e mais agilidade para o desembaraço das mercadorias”, comenta Sousa. Os horários são: 10:40, 11:40, 12:40, 14:40 e 16:00, com o envio das informações devendo ser feito 30 minutos antes, com exceção do último horário, que deve ser feito às 15:45.
Longe de qualquer área com problemas de violência urbana, situado às margens de uma estrada em obras de duplicação, e dotado de vigilância armada 24 horas, o terminal da Inland oferece uma segurança satisfatória, segundo Sousa. “Os caminhões, inclusive, podem ficar aqui dentro, se preferirem, em área segura”, acrescenta.

A empresa possui frota própria de 20 carretas, para levar os produtos ao porto, pegá-los em algum lugar para conduzi-los ao terminal, ou realizar o já mencionado serviço de distribuição para o mercado doméstico.

Sousa conta que a Inland já operou com exportação de café, mas não da forma FOB, a mais usual, onde os exportadores pagam os custos totais até o transporte do café para dentro do navio; a Inland prestou serviços diretamente para o armador japonês NYK, que exportou alguns volumes de café há algum tempo.

O terminal Redex Itaguaí ocupa uma área total de 32 mil metros quadrados, e possui uma área coberta de 2.000 m² (expansível para 5.000 m²) e 400 m² de escritórios e, além da já informada distância de 7 km de Sepetiba, encontra-se a 70 km do porto do Rio de Janeiro. Sousa lembra que o terminal possui os principais certificados de segurança e qualidade do segmento: Sassmaq; OTM – Operador de Transporte Multimodal; RBTRC/ANTT – Registro Nacional do
Transportador Rodoviário de Cargas; Regime Armazém Geral; Apólice de Seguros Royal SunAlliance; além das mais importantes licenças ambientais para transporte e armazenagem (FEEMA, CETESB, etc).

Um diferencial importante da empresa, segundo Sousa, é oferecimento ao cliente de um acompanhamento online de toda a operação do terminal, até a entrega ao navio. “Estamos desenvolvendo um controle gráfico do processo. Você digita o número do seu booking e ele vai abrir todos os conteineres que você tem. Os conteineres vão andando de acordo com a evolução do processo. Se eu já estufei sua carga, ele mostra isso. Se eu confirmei que já entreguei no porto, ele fica verdinho”, explica Sousa. E acrescenta: “Outro modo são os relatórios. Você tem acesso ao seu estoque e ao número de conteineres que você tem no pátio”. Esses serviços de monitoramento virtual, que integram o que a empresa chama de Portal Logístico, proporcionarão segurança e informação aos clientes.

A iniciativa da Inland sugere que o porto de Sepetiba, que já responde por mais de 60% das exportações de café pelo Rio de Janeiro, revela-se cada vez mais promissor para o futuro do escoamento do grão. O Rio, que já foi o maior exportador de café do Brasil, e que assistiu sua participação cair brutalmente nas últimas décadas, inclusive com o risco de sumir por completo na década de 90, vem registrando nos últimos anos uma recuperação bastante firme. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), nos primeiros 7 meses de 2009, o Rio respondeu por 9,1% dos embarques nacionais de café, ou 1,554 milhão de sacas. A exportação brasileira no mesmo período totalizou 17,0 milhões de sacas, o que corresponde a mais ou menos 85 mil conteineres de café embarcados de janeiro a julho deste ano. Pelos dois portos do Rio, passaram aproximadamente 7,77 mil conteineres em Janeiro/Julho 2009. O porto do Rio exportou 600,64 mil sacas de café em Jan/Jul 09 e o de Sepetiba, 954,10 mil sacas, ou cerca de 3 mil conteineres pelo Rio, e 4,77 mil conteineres por Sepetiba.

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