Com
seu terminal estrategicamente situado em Itaguaí
(RJ), a 7km do Porto de Sepetiba, a empresa Inland
Logística e Terminais quer usá-lo para
exportar café, ou melhor, quer oferecer seus
serviços logísticos e seu espaço
às exportadoras do grão. Marcelo Sousa,
diretor executivo da empresa, explicou que a decisão
de ingressar no mercado de café veio com a
crise. “Se analisar a crise que passamos agora...
quais foram os segmentos que não sofreram com
ela? A exportação de café praticamente
não se alterou. O terminal tem um custo fixo
alto e usa mão-de-obra especializada. Dá
muito trabalho treinar pessoal para operar com um
terminal Redex. Se ficarmos dependendo apenas de uma
atividade com volume instável, sofremos risco
muito alto. A exportação de café
tem apresentado mais estabilidade que outros segmentos”,
explica Sousa.
A
localização da Inland, explica ele,
não poderia ser mais apropriada. Está
próxima ao porto, mas convenientemente
fora da área portuária, que sofre
severas restrições de circulação,
de modo que os caminhões transportando
café podem transitar na área do
terminal livres dos obstáculos burocráticos
e alfandegários que existem nos terminais
situados dentro do porto organizado.
O mais importante, porém, é que
o terminal situa-se bem no centro de uma área
que está em vias de viver uma revolução
logística e industrial. Terrenos adjacentes
ao terminal da Inland foram adquiridos por megaempresas
como Petrobrás, Gerdau, CSN e Usiminas,
para servirem como terminais de exportação
pelo porto de Sepetiba. A Petrobrás ainda
fará, no local, a sua base de operações
para a exploração do petróleo
recentemente encontrado em águas ultraprofundas,
o famoso pré-sal. |
Marcelo
Luz Sousa, Diretor Executivo da Inland |
Logística
favorável
O
Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), do governo federal em parceria com governo
estadual, municípios e empresas privadas, prevê
a construção de um grande arco rodoviário
no Rio de Janeiro, com ênfase nas vias de acesso
aos portos da cidade. Há uma expectativa bastante
concreta, portanto, de que Sepetiba se transforme
num dos centros de terminal e exportação
mais modernos e eficientes do país, com o diferencial
de possuir um dos maiores calados (profundidade oceânica)
da América Latina e oferecer custos competitivos
em relação a outros portos.
O diretor executivo da Inland informa que a capacidade
do seu terminal é de operar e estufar até
1.000 conteineres ao mês, e que atualmente usa
apenas 40% desse total. A capacidade ociosa é
um dos motivos pelos quais a empresa quer atrair os
exportadores de café. “Se quisermos,
podemos usar até 600 conteineres por mês
para o café”, diz Sousa.
Conteiner não vai faltar. O terminal da Inland
funciona também como depósito de conteineres
da empresa Hapag Lloyd, uma das maiores empresas de
navegação. Mas também trabalha
com outros armadores importantes, realizando a manutenção
e conserto de conteineres.
A Inland nasceu há 15 anos, em São Paulo,
fazendo operações logísticas
para exportação de variados produtos.
O terminal de Itaguaí foi inaugurado há
cinco anos, operando com minérios, ligas metálicas,
produtos médicos, petroquímicos, além
de arroz e farinha de trigo.
Marcelo Sousa informa que, num primeiro momento, irá
receber apenas o café em sacarias, pois a companhia
ainda não possui equipamento para estufagem
a granel. Mas já foram feitos investimentos
da ordem de R$ 5 milhões em equipamentos e,
a partir do momento em que os exportadores de café
demonstrarem interesse em usar o terminal da empresa,
outros investimentos serão feitos, inclusive
para operar com granel e big-bag.
É um terminal alfandegado, um Redex, o que
lhe confere plenas condições de operar
com o café. “Temos também uma
inscrição estadual em Minas Gerais”,
explica Sousa, o que significa que a empresa atua
sob rígida fiscalização das autoridades
mineiras, com as quais, inclusive, têm contrato
de responsabilidade fiscal. “Temos integração
online, mensal, com a receita mineira”, informa
o executivo, de olho nas milhões de sacas colhidas
anualmente no estado vizinho.
A empresa – que define seu raio de ação
como “operações logísticas
com soluções terrestres” –
vem desenvolvendo ainda o serviço de distribuição
urbana para o mercado interno, o que seria uma oportunidade
dos exportadores de café, diz Sousa, integrarem-se
melhor às indústrias de torrefação
e às redes de varejo.
O executivo ressalta que a empresa conseguiu, junto
às autoridades alfandegárias, ampliar
os horários de “parametrização”
para 5 vezes ao dia; ou seja, a recepção
e agilização das informações
dos registros de exportação pela Receita
podem ser feitos em mais horários. “Isso
trouxe mais flexibilidade e mais agilidade para o
desembaraço das mercadorias”, comenta
Sousa. Os horários são: 10:40, 11:40,
12:40, 14:40 e 16:00, com o envio das informações
devendo ser feito 30 minutos antes, com exceção
do último horário, que deve ser feito
às 15:45.
Longe de qualquer área com problemas de violência
urbana, situado às margens de uma estrada em
obras de duplicação, e dotado de vigilância
armada 24 horas, o terminal da Inland oferece uma
segurança satisfatória, segundo Sousa.
“Os caminhões, inclusive, podem ficar
aqui dentro, se preferirem, em área segura”,
acrescenta.
A empresa possui frota própria de 20 carretas,
para levar os produtos ao porto, pegá-los em
algum lugar para conduzi-los ao terminal, ou realizar
o já mencionado serviço de distribuição
para o mercado doméstico.
Sousa conta que a Inland já operou com exportação
de café, mas não da forma FOB, a mais
usual, onde os exportadores pagam os custos totais
até o transporte do café para dentro
do navio; a Inland prestou serviços diretamente
para o armador japonês NYK, que exportou alguns
volumes de café há algum tempo.
O
terminal Redex Itaguaí ocupa uma área
total de 32 mil metros quadrados, e possui uma
área coberta de 2.000 m² (expansível
para 5.000 m²) e 400 m² de escritórios
e, além da já informada distância
de 7 km de Sepetiba, encontra-se a 70 km do porto
do Rio de Janeiro. Sousa lembra que o terminal
possui os principais certificados de segurança
e qualidade do segmento: Sassmaq; OTM –
Operador de Transporte Multimodal; RBTRC/ANTT
– Registro Nacional do |
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Transportador Rodoviário de Cargas; Regime
Armazém Geral; Apólice de Seguros
Royal SunAlliance; além das mais importantes
licenças ambientais para transporte e armazenagem
(FEEMA, CETESB, etc). |
Um diferencial importante da empresa, segundo Sousa,
é oferecimento ao cliente de um acompanhamento
online de toda a operação do terminal,
até a entrega ao navio. “Estamos desenvolvendo
um controle gráfico do processo. Você
digita o número do seu booking e ele vai abrir
todos os conteineres que você tem. Os conteineres
vão andando de acordo com a evolução
do processo. Se eu já estufei sua carga, ele
mostra isso. Se eu confirmei que já entreguei
no porto, ele fica verdinho”, explica Sousa.
E acrescenta: “Outro modo são os relatórios.
Você tem acesso ao seu estoque e ao número
de conteineres que você tem no pátio”.
Esses serviços de monitoramento virtual, que
integram o que a empresa chama de Portal Logístico,
proporcionarão segurança e informação
aos clientes.

A iniciativa da Inland sugere que o porto de Sepetiba,
que já responde por mais de 60% das exportações
de café pelo Rio de Janeiro, revela-se cada
vez mais promissor para o futuro do escoamento do
grão. O Rio, que já foi o maior exportador
de café do Brasil, e que assistiu sua participação
cair brutalmente nas últimas décadas,
inclusive com o risco de sumir por completo na década
de 90, vem registrando nos últimos anos uma
recuperação bastante firme. Segundo
dados do Conselho dos Exportadores de Café
do Brasil (CECAFÉ), nos primeiros 7 meses de
2009, o Rio respondeu por 9,1% dos embarques nacionais
de café, ou 1,554 milhão de sacas. A
exportação brasileira no mesmo período
totalizou 17,0 milhões de sacas, o que corresponde
a mais ou menos 85 mil conteineres de café
embarcados de janeiro a julho deste ano. Pelos dois
portos do Rio, passaram aproximadamente 7,77 mil conteineres
em Janeiro/Julho 2009. O porto do Rio exportou 600,64
mil sacas de café em Jan/Jul 09 e o de Sepetiba,
954,10 mil sacas, ou cerca de 3 mil conteineres pelo
Rio, e 4,77 mil conteineres por Sepetiba.
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