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Setembro 2009 - Ano 88 - Nº 831

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Um conjunto de livros contendo os registros dos imigrantes que desembarcaram em São Paulo entre os séculos XIX e XX foi reconhecido pela UNESCO por seu valor de patrimônio documental da humanidade.

D
urante os longos anos em que funcionou como albergue para os estrangeiros que desembarcavam em São Paulo, a Hospedaria de Imigrantes manteve uma prática que resultou num interessante e hoje reconhecido acervo documental. Cada viajante que chegava tinha sua matrícula efetuada por um funcionário da casa. Poderia então permanecer ali por até oito dias, tempo em geral suficiente para acertar os detalhes do contrato de trabalho ou encontrar um emprego, usufruir das instalações e ainda receber cuidados médicos.

Foi assim com os três mil imigrantes que passaram pela Hospedaria entre 1882 e 1976. O registro deles está reunido em 191 livros, recentemente tombados como Memória do Mundo, programa da Unesco dedicado a identificar documentos de importância relevante à cultura do mundo e, muitas vezes, em situação de risco.

“Além do nome, cada registro traz a cidade de origem do imigrante, seus acompanhantes familiares, sua idade e profissão, e o local de destino”, conta Ana Maria Leitão, museóloga e diretora executiva do Memorial do Imigrante, responsável pela guarda e preservação do acervo. Para ela, as informações contidas nos livros de matrícula representam uma fonte valiosa para a recuperação de rotas e o estudo dos mais variados aspectos relacionados ao movimento desses estrangeiros.

Das 76 nacionalidades assinaladas nos registros, os italianos aparecem em peso, principalmente entre as últimas décadas do século XIX e 1920, quando seguiam direto para as fazendas de café do interior paulista.

“Esse período reflete a política de mão-de-obra adotada pelo governo do estado após a abolição da escravatura e que contou com o apoio dos cafeicultores”, diz Ana Maria. “A viagem era subsidiada pelo empregador por meio de agenciadores nos países de origem”. Nos pós-guerras, o perfil muda. Os imigrantes que chegam a São Paulo são qualificados, vão trabalhar na indústria brasileira, abrem seu próprio negócio ou então chegam com emprego já acertado.

Construída em 1886 no bairro do Brás, a antiga hospedaria começou a funcionar antes mesmo da conclusão das obras, em 1888. Antes disso, os viajantes ficavam em pequenos albergues. “Eram três, dois deles ficavam na capital, o outro, em Santos, uma das portas de entrada para os imigrantes que desembarcavam no país. Os primeiros registros foram feitos nesses locais”, comenta Ana Maria. Em 1978, a Hospedaria recebeu o último grupo de imigrantes. Atualmente parte do edifício é ocupada pelo Memorial, que divide o espaço com uma ONG italiana em prol dos desabrigados.

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