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Junho 2010 - Ano 89 - Nº 834

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Um passeio pela história de uma das famílias mais tradicionais da cafeicultura revela um empreendedorismo secular e mostra que o paladar realmente fica mais apurado com o passar do tempo.

C
omeçar novos negócios aos 75 anos de idade, com a carreira consolidada, é uma investida a que poucos se atrevem, mas é com a aquisição de empresas do segmento de cafés especiais que a Empresa Interagrícola S.A. (EISA), tradicional trading de café e algodão da família Esteve, comemora mais um aniversário. A companhia que faturou cerca de R$ 500 milhões em 2009, sendo metade desse valor atribuído ao comércio de café, avança sobre o mercado de blends especiais e mostra que pode agradar ao paladar de qualquer investidor.

A comercializadora concretizou a compra de duas empresas nos últimos três anos – a Bourbon Specialty Coffees, de Poços de Caldas (MG), em 2007, e a Carmo Coffees, da região de Carmo de Minas (MG), em 2009 –, mas mantém o interesse em novas aquisições. “Estamos sempre de olho no mercado e atentos a novas oportunidades”, afirmou Antonio Vidal Esteve, presidente da EISA.

A recém-adquirida Carmo Coffees trabalha de forma independente, mas tem a trading como principal acionista. A previsão de Antonio Esteve é a de que a subsidiária comercialize, inicialmente, cerca de 20 mil sacas de café ao ano. “O segmento de cafés especiais é um nicho de mercado com forte crescimento em todo o mundo.

Optamos por comprar a participação na Bourbon, que já atuava forte no mercado. Com o sucesso que obtivemos, resolvemos criar uma nova companhia”, disse Esteve. A sociedade com a Bourbon foi firmada quando já eram uma referência em cafés especiais. Na época, a comercialização desse tipo específico de grão pela companhia era de pouco mais de 35 mil sacas. Este ano a previsão é a de que empresa registre a venda de 100 mil sacas.

O apetite por novos investimentos está alinhando à visão otimista que a direção da empresa tem em relação à posição brasileira no mercado de café. “Nosso produto está mais competitivo, as lavouras mecanizadas. Acho que o negócio de café só tende a crescer e a gente tende a crescer junto”, avaliou Esteve.

De olho na sustentabilidade, os Esteve também estão investindo em manejo, financiando aulas para agricultores sobre melhores tratos na lavoura. Uma das apostas é o aumento da produção de café orgânico.


Tradição – Espírito empreendedor é secular

Para ouvir a história que envolve a família Esteve, a reportagem da Revista do Café foi recebida na sede do grupo por Jose Antonio Esteve, conhecido como Pepe, fundador do departamento de café na filial brasileira dos Esteve Irmãos e atual presidente do conselho do grupo. O encontro com o jovem senhor de 53 anos – ele parou de contar os anos a partir dos 50 e optou por contabilizar apenas as décadas – nos leva ao século XIX, na cidade espanhola de Catalunha, onde seu tataravô, Jose Esteve Thomaz, abriu uma fábrica de tecidos em 1849. Alguns anos depois, o empresário percebeu que ser importador de algodão era um negócio mais rentável e assim começou a tradição de trading dos Esteve.

Em 1888, Esteve Roosevelt, bisavô de Pepe, abriu a primeira loja da família nos Estados Unidos. Em 1935, foi a vez dos primos Joachim Jose Esteve e Javier Faus Esteve embarcarem em novas expectativas, ancorando no Brasil mais uma filial da Esteve Irmãos.

Em 1948, após passar pelos escritórios da família na Espanha e nos Estados Unidos, Pepe chega ao Brasil para trabalhar nos negócios da família. O período era de pós-guerra e importar algodão transformou-se em uma tarefa um tanto árdua. Foi nesse contexto que o jovem catalão foi novamente de encontro ao mar e junto com Joe Prado e Oswaldo Asam inaugurou o departamento de café da Esteve Irmãos na cidade de Santos, em São Paulo.

Daquela época para cá a companhia se tornou uma das maiores tradings de café. No último ano foram cerca de 1,5 milhão de sacas do grão comercializadas pelo grupo. Nesse período o mercado também se tornou mais exigente. Para Pepe, atualmente é necessário ser mais competente para ser lucrativo. “A maioria dos compradores sempre exigiu qualidade, mas hoje em dia o consumidor está mais exigente”, avaliou, destacando também uma das razões para o aumento da demanda por cafés de alto padrão.

Segundo Jorge Esteve, o principal executivo na área de café, a EISA não restringe a comercialização do café apenas para os gigantes do setor, e tem como meta oferecer um tratamento cada vez mais exclusivo para pequenas e médias torrefadoras. O objetivo é garantir a venda direta e atingir um importador que busca produto de alto valor agregado. Para isso a companhia não mede esforços em adquirir cafés de fazendas específicas, indicadas pelo cliente, mesmo que seja para embarcar apenas um contêiner. “É um desafio atender a esses mercados, mas assim como na compra, onde não excluímos ninguém, se é um cliente sério temos que respeitar”, avalia Jorge Esteve, sócio da EISA.

Esteve destaca que essa proximidade com o cliente é uma peculiaridade da cadeia do café que, diferente de outras commodities, é permeado por diversas nuances e é função da trading garantir a entrega de um produto com todas as características indicadas.

A sinergia com as operações do grupo nos principais países produtores mundiais de café também garante a diversidade de origens necessária para atender os compradores que batem na porta dos escritórios do grupo, instalados em locais tão diversos quanto Suíça, Nova York, Londres, Cingapura e Japão.

Se com o comprador de café a relação é próxima, com o produtor o contato é por meio de parcerias. Para garantir o alto percentual de operações dentro dos conceitos de sustentabilidade a EISA mantém escritórios nas principais regiões produtoras brasileiras, inclusive Bahia, Espírito Santo e Rondônia. “Orientamos o agricultor na obtenção de certificados. Também estamos muito envolvidos na questão da rastreabilidade”, garante Esteve.

Outros negócios - Além do café

Mesmo enfrentando dificuldades no período pós-guerra a família Esteve nunca deixou o algodão de lado. Atuando no país desde 1935, o grupo afirma ser o mais antigo trading da commodity no país.

Os Esteve também já se aventuraram no campo, e chegaram a produzir café de forma independente e algodão junto com o grupo Maeda, mas não alcançaram o sucesso esperado. Nesse período Pepe aprendeu a lição ensinada ainda na Espanha, de que zapatero hace zapatos. “Vimos que o que é produzido durante um ano pode comercializar em um dia”, salientou. Pepe também destacou às dificuldades enfrentadas pelos produtores, os quais considera “heróis”.

A trajetória da família passou ainda por uma experiência com o cacau, mas que ficou no caminho após a disseminação da vassoura-de-bruxa, praga que comprometeu toda a produção brasileira da fruta.

Almoço no Jockey Club


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