As 
                            terras em que hoje se encontra a fazenda Santa Genoveva 
                            tiveram origem nas sesmarias concedidas a João 
                            Rodrigues Pereira de Almeida, o barão de Ubá, 
                            um dos desbravadores da região do Vale do Paraíba 
                            fluminense e importante pacificador dos índios 
                            que habitavam aquelas paragens. 
                             
                            Em 1830, morreu o barão, e seu pequeno império 
                            territorial, assim como a fazenda de Ubá, sede 
                            de suas propriedades, ficou para o seu único 
                            filho, José Pereira de Almeida. Com o passar 
                            dos anos, o herdeiro foi desfazendo-se das terras 
                            e, em 1862, Domingos Custódio Guimarães, 
                            visconde do Rio Preto, adquiriu uma das oito sesmarias 
                            que compreendiam as terras do outrora barão 
                            de Ubá. A propriedade, agora chamada de Santa 
                            Genoveva, permaneceria por alguns anos como mata virgem. 
                             
                            É provável que a sede tenha sido construída 
                            após o casamento da filha do visconde, Maria 
                            Amélia, com Domingos Theodoro d’Azevedo 
                            Júnior, em 1861, quando o casal recebeu a fazenda 
                            como dote. 
                          
                            
                              | O 
                                estilo arquitetônico escolhido por Domingos 
                                Theodoro para a sede surpreende a todos, porque 
                                imprimiu na construção não 
                                só as características neoclássicas 
                                da época, mas também as do palaciano, 
                                que só tinha paralelo na Corte do Rio de 
                                Janeiro. A riqueza decorativa do seu interior 
                                chama a atenção, e a capela, em 
                                geral instalada no corpo da casa, foi edificada 
                                aqui a alguns metros da sede, como invocação 
                                a Santa Genoveva. | 
                               | 
                             
                           
                           
                            Domingos Theodoro era um homem de negócios, 
                            pois além de fazendeiro, atuava como capitalista. 
                            Participou da construção da Companhia 
                            Estrada de Ferro Rio das Flores, como um de seus fundadores, 
                            e ocupou a presidência da empresa por vários 
                            anos. 
                             
                            Seus empreendimentos ficam claros no relato do jornal 
                            O Vassourense, de 30 de setembro de 1883, que narra 
                            a grandiosa festa que aconteceu na fazenda por ocasião 
                            da instalação de máquinas para 
                            o manejo do café. 
                          
                            
                               | 
                              “Refirimo-nos 
                                à inauguração de uma máquina 
                                de secar café, invenção acreditada 
                                dos srs. Taunay & Telles, de que fez aquisição 
                                o sr. comendador Domingos Theodoro, a cuja festa 
                                assistiram os seus autores, a imprensa diária 
                                da Corte, representada por seus repórteres, 
                                festa que encheu de júbilo o proprietário 
                                da fazenda e todos os convidados que viram o trabalho 
                                e tomaram parte no banquete comemorativo.” 
                                 
                                Naquele momento, a lavoura cafeeira fluminense 
                                já estava em crise, encaminhando-se para 
                                o fim. E isto não passava despercebido 
                                pelos fazendeiros de então, como mostra 
                                a observação feita na mesma matéria 
                                de O Vassourense:  | 
                             
                           
                          “Tivemos 
                            motivo de contentamento, por saber que o município 
                            de Valença, e muito particularmente a sua lavoura, 
                            procura erguer-se do seu atraso, do seu abatimento, 
                            ostentando galhardamente a par dos melhoramentos que 
                            promove que o bom preparo dos seus produtos, os sentimentos 
                            de filantropia, diremos mais, os sentimentos de paternidade, 
                            para com os infelizes que, companheiros nos labores 
                            insanos do trabalho agrícola, regozijam-se 
                            e aplaudem com a efusão das almas generosas 
                            e puras, todos os fatos que elevam e fazem a prosperidade 
                            do seu senhor, que dissemos? Do seu melhor amigo.” 
                          
                             
                              A 
                                decadência cafeeira agravou-se ainda mais 
                                com o término da escravidão, e Domingos 
                                Theodoro tentou usar em suas lavouras as mãos 
                                dos imigrantes italianos. Nesta ocasião, 
                                fundou a Companhia Agrícola Alto Parahyba, 
                                com sede em Niterói. 
                                 
                                É provável que, no início 
                                da República, ele tenha começado 
                                a perder o gosto pela vida rural, pois em 1890 
                                vendeu duas de suas fazendas, entre elas a Santa 
                                Genoveva, para a Companhia Agrícola Alto 
                                Parahyba. Mas esta, com a “crise do Encilhamento” 
                                nos últimos anos do século XIX, 
                                foi à falência, e assim todas as 
                                fazendas que havia adquirido retornaram para a 
                                família. | 
                               | 
                             
                           
                           
                            Domingos Theodoro morreu em 1913. A fazenda Santa 
                            Genoveva passou, então, às mãos 
                            de seu filho Domingos e, posteriormente, para seus 
                            netos, até que em 1958 o ciclo dos Guimarães 
                            d’Azevedo se encerrou na fazenda Santa Genoveva. 
                            Após ser comprada por outras famílias, 
                            foi adquirida em 1990 pelos atuais proprietários 
                            da Agropecuária Santa Genoveva. 
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