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Junho 2007 - Ano 86 - Nº 822

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A história Brasil-Café-Japão que dá chão para a exposição “O Café e a Imigração Japonesa no Brasil” parece ter esperado por algumas coincidências favoráveis, uma delas, o extraordinário crescimento das exportações do café brasileiro para aquele país; outra, a disponibilidade de um espaço à altura do acontecimento: o próprio Museu do Café.

B
rasil-Café-Japão estão unidos por laços indissolúveis da história. O Japão, do Período Meiji, sob o imperador Mutsuhito, da segunda metade do Século XIX, buscava alívio para o desemprego rural, via emigração populacional. O Brasil entrava numa fase crítica no campo, com a Lei Áurea, de 1888. Terras havia em abundância, o café despontava como cultura bastante viável, enquanto a mão-de-obra escasseava. Quase um século depois da imigração japonesa para o Brasil, com o objetivo de preencher ambos interesses, a cerimônia do Kagami Biraki, que significa “abrir espelho”, ao centro do salão de pregões da Bolsa de Café de Santos, com todos os protagonistas vestidos do happi, selou a história e a amizade entre os dois povos. O repique das batidas em dois tambores foi rápido, o suficiente para a repetição do ritual festivo japonês, com a saudação “banzai”, a ingestão de uma xícara de saquê, sob as vistas de centenas de convidados.

Entre eles, alguns parentes diretos de Ryu Mizuno, considerado o pai da imigração japonesa, seus filhos Ruizaburo e Shinichi Mizuno; de Keiji Ohta, presidente da All Japan Coffee Assocation, Masaro Ueshima, da UCC Ueshima Coffee Company, Hiroshi Enzo, presidente da Associação Japonesa de Santos, e o engenheiro João Paulo Tavares Papa, prefeito de Santos.

O Museu do Café preparou um andar inteiro para a mostra, recheada de documentação, vestuários da época, instrumentos de trabalho, fotos raras e até um trecho do diário de Ryu Mizuno, que fez a primeira viagem de Kobe, no Japão, para Santos, em 1908 (18 de junho), a bordo do Kasato Maru. Com ele vieram mais 780 imigrantes, em busca de sonhos, um deles, o de voltar, um dia, para a terra de origem, com recursos para tocar uma vida digna. Na época, a terra dos sonhos era o interior paulista, já com estradas de ferro cortando a mata e trazendo as sacas de café para o Porto de Santos.

Guilherme Braga, presidente do Museu do Café, em seu discurso de abertura da exposição, lembrou que foi exatamente em 1908 que o país fez sua primeira remessa de café brasileiro para o Japão, com 600 sacas. O crescimento desse comércio seria surpreendente, pois em 2006, o quantitativo chegou a quase 2,4 milhões de sacas. O Brasil é o principal cliente do Japão em café e Braga calcula que, em cem anos, já foram embarcadas 44 milhões de sacas do produto para o distante parceiro.

“Nos 100 anos de convivência com o café brasileiro, o Japão transformou-se no terceiro maior mercado consumidor entre os países importadores, absorvendo perto de 10% das exportações brasileiras de café e conferindo ao nosso produto uma posição de preferência em seu mercado”, acentuou Braga.

Keiji Ohta, chairman da All Japan Coffe Association, lembrou que o Japão começou a conhecer o café por mãos brasileiras, que os presenteavam com grãos, quando aquele país bebia, preferencialmente, chá verde. “Depois de um século, estamos entre os maiores consumidores do mundo”, enfatizou Ohta.



Os descendentes dos imigrantes

Com a vinda dos imigrantes asiáticos, muitas histórias foram construídas a partir de condições que beiravam a miserabilidade social, o desconhecimento da língua e dos costumes. Nagato Hara, 71 anos, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo – USP, é um exemplo, entre tantos outros. Seu pai, Matsukiti Yoshioka, da Província de Hokaido (Norte do Japão) chegou ao Brasil em 1928, sob os auspícios da Mikokai (Vamos avante), uma entidade japonesa que aproveitou a difícil experiência dos pioneiros imigrantes e formou um fundo financeiro para aquisição de terras nos países de destino. A entidade adquiria 10 ou 20 alqueires e os dividia entre aqueles que chegavam.

Yoshioka ficou na denominada Aliança Três, em Mirandópolis, interior de São Paulo. Casou-se com Yoshiko, de cuja união nasceram cinco filhos. Yoshiko, lembra seu filho Nagato, chegou ao Brasil como agregada de outra família. “Pela legislação da época, cada família que vinha devia ter pelo menos três pessoas aptas a trabalhar”, diz. Nagato conta que andava mais de quatro quilômetros por dia para ir à escola, até que chegou à capital paulista e conseguiu entrar na USP, no curso de assistência social. Depois fez mestrado e doutorado, casou-se com descendente de japoneses e formou família de quatro filhos.

Orgulhoso pela solenidade no museu, enumerou postos importantes ocupados por nisseis (filhos de japoneses) no Brasil, um deles, o tenente brigadeiro do ar Juniti Sato, comandante da Aeronáutica. Hara calcula que haja cerca de 1,5 milhão de japoneses e descendentes no Brasil e cuja contagem vai ser feita brevemente. “Pelos cruzamentos de raças, logo perderemos o fio da meada”, desconfia.

Guilherme Braga registrou, entre outros, a colaboração para a montagem da exposição, dos empresários Toru Iwasaki, do grupo Tozan, e Naoya Miyakawa, da Mitsubishi Coffee, além de Wagner Wakayama, da Ueshima.

“Bolas com Ideogramas” vence o concurso da logomarca da Exposição

O trabalho denominado “Bolas com Ideogramas”, de autoria de Rodrigo Nogueira Sommer, venceu o concurso promovido pelo Museu do Café, com o prêmio de R$ 5.000,00, para a escolha da logomarca da Exposição. O seu trabalho foi escolhido por conter todos os requisitos e pela idéia inspiradora de retratar simultaneamente nas bolas as cores do Brasil e do Japão, e de forma sutil, a cereja do café. A Comissão julgadora foi presidida por Eduardo Carvalhaes e integrada por Lincoln Seragini (Design Idéias), José Eduardo Costa (GSB2), Bechara Neves (Condepasa) e Naoya Miyakawa (MC Coffee).

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