Após
a divulgação dos estoques privados de
café com posição retroativa a
31/03/07, ocorrida no último dia 31/maio, e
que apontou uma posição de 17,585 milhões
de sacas, a Conab formulou o “Quadro de Oferta
e Demanda” relativo ao produto em questão.
Alguns setores ligados ao café comentaram,
no final desta semana, que o número poderia
estar um pouco elevado. Sobre o assunto, destaca-se
o seguinte: em todas as ocasiões – palestras,
reuniões do CDPE – Comitê Diretor
de Planejamento Estratégico do Agronegócio
Café, conversas com representantes do setor
cafeeiro, dentre outras, a Conab tem se posicionado
de forma bem clara e consistente, sobre a importância
da necessidade de se ter a exata dimensão dos
estoques de café. Essa informação,
além de importante, é fundamental para
que se possa traçar – com a devida segurança
-, os planos futuros, com relação às
propostas de política agrícola relacionadas
ao café.
Essa preocupação obviamente se estende
a todos os setores envolvidos, direta ou indiretamente
ao agronegócio café, não só
no Brasil, como também no exterior. Qualquer
dado distorcido poderá influir - de uma forma
negativa -, nas decisões vindouras que serão
tomadas por estes setores. Por outro lado, um dado
relacionado a estoque, que não corresponda
à realidade, poderá ainda vir a comprometer
– e o que é pior, deixar em dúvida
-, outros itens constantes do citado “Quadro
de Oferta e Demanda”, como por exemplo, a produção
ou o consumo.
Nos anos anteriores, não se teve uma resposta
tão expressiva como desta vez. Um pouco mais
de 90% dos questionários que foram enviados,
voltaram com dados informando sobre as suas posições
de estoques, fato fundamental para que se chegasse
a esse número.
Por outro lado, quem acompanha o mercado de café
estava ciente de que uma substancial parte da safra
de 2006/2007, estaria se juntando a atual safra 2007/2008,
o que, de uma certa forma, acabou contribuindo para
que esse estoque viesse com um número mais
robusto.
É
oportuno registrar um breve histórico sobre
este assunto:
No
segundo semestre do ano passado – 2006 -, havia
uma expectativa junto aos segmentos ligados à
cafeicultura nacional, de que poderia haver um incremento
nos preços do produto, uma vez que a crença
era a de que havia uma oferta muito apertada frente
à demanda.
Realmente, logo a partir do término da colheita
do café arábica, no final do mês
de outubro de 2006, iniciou-se uma reação
dos preços da mercadoria. No auge da sua cotação,
por volta de dezembro de 2006 e janeiro de 2007, uma
saca de 60 kg de café arábica tipo 6,
bebida dura, estava sendo comercializada nas principais
praças do Estado de Minas Gerais, por R$ 290,00.
Grande parte dos produtores empolgados com aquela
alta momentânea, acabou retendo a sua mercadoria,
na expectativa de vendê-la no mínimo
a R$ 300,00. Essa foi uma tomada de posição
que poderia ser classificada como um consenso da maioria
dos produtores de café arábica.
A realidade, entretanto, se mostrou oposta àquelas
intenções do setor. Os preços,
além de não reagirem, começaram
a cair e, ainda por cima, estão sofrendo até
os dias atuais, a corrosão provocada pela valorização
do real.
Dados recentes estão indicando que existe no
mercado muito mais café do que se havia pensado
até o momento (daí a importância
de números confiáveis referentes aos
estoques). No primeiro quadrimestre do ano de 2007,
exportou-se mais 19,5% de café do que foi exportado
no mesmo período do ano anterior. E aí,
de onde veio este café?
Dados preliminares do Cecafé – Conselho
dos Exportadores de Café Verde do Brasil, estão
indicando que no mês de maio de 2007, foram
exportadas 2.475.553 sacas, ou seja um número
10,6% a mais do que o exportado no mesmo mês
do ano anterior, quando os embarques atingiram 2.237.846
sacas.
É bom lembrar que a responsabilidade de se
fazer o levantamento do estoque privado de café
é efetivamente da Conab. Entretanto, não
há nenhum artifício legal que ampare
a Companhia, no sentido de obrigar alguma entidade
a fornecer os dados relativos ao seu estoque. Somente
serão fornecidas estas informações
se os seus representantes tiverem a devida consciência
e assim o quiserem fazer. Caso contrário, nada
feito!
Elaborar um levantamento de estoque é uma coisa
relativamente simples. Na verdade, é uma conta
bem elementar que é feita de forma linear.
O importante, entretanto, é a matéria
prima para que se possa realizar este trabalho, ou
seja, as informações. E estas, muitas
vezes, simplesmente não chegam às mãos
do quadro técnico da Conab.
Muitas empresas que têm uma movimentação
de sacas anual expressiva, até neste último
levantamento – o de 2007 –, deixou de
prestar este tipo de informação para
a Conab.
Conforme já foi comentado, anteriormente, desta
vez houve um bom retorno, 91,6% dos questionários
foram respondidos, ou seja, um número que representa
1.364 estabelecimentos (de um total de 1.489), informaram
que tinham em seu poder 16.107.938 sacas. A partir
daí chegou-se a uma média do número
de sacas estocadas por estabelecimento, isto, referente
àquela parte do universo pesquisada, a mesma
que respondeu os formulários. Na seqüência,
foi feita uma extrapolação dessa média
encontrada, para os 10% de estabelecimentos restantes
– mais 125 estabelecimentos -, que não
responderam os questionários, chegando-se àquele
número (final) de 17.584.105 sacas.
É importante registrar que, em função
deste novo número do estoque privado –
relativo a 31/03/07 -, houve a necessidade de se fazer
algumas alterações no referido “Quadro
de Oferta e Demanda”.
Para tanto, na coluna “Estoque Final Privado”,
relativa ao ano safra 2006/007 (posição
em 31/03/07), colocou-se o número encontrado
neste último levantamento – 17,585 milhões
de sacas.
Como foram mantidos os outros números relativos
ao ano safra 2006/2007 (referentes à oferta)
- produção (42,512 milhões de
sacas), leilões do Governo (1,003 milhão
de sacas), importação (3,6 mil sacas),
consumo interno (16,000 milhões de sacas) e
exportações (28,653 milhões de
sacas), concluiu-se que o estoque final do ano safra
2005/2006 (ou inicial do ano safra 2006/2007), só
poderia ser de 18,718 milhões de sacas, e não
de 9,724 milhões de sacas, (número apurado
no levantamento de estoque que a CONAB realizou no
ano anterior – 2006), isto, para se chegar àquele
estoque final do ano safra 2006/2007, com 17,585 milhões
de sacas.
Portanto, os estoques finais e iniciais dos anos-safras
anteriores ao ano-safra 2005/2006 foram ajustados
a partir dessa diferença a maior de 8,994 milhões
de sacas.
Diante desses novos cálculos, a estimativa
é que se chegue ao final ano-safra 2007/2008
com 6,961 milhões de sacas, isto, levando-se
em consideração que no decorrer do ano
safra 2007/2008 haverá uma produção
de 32,065 milhões de sacas, que serão
leiloadas pelo Governo Federal 1,0 milhão de
sacas, que as importações atingirão
4,4 mil sacas, que o consumo doméstico atingirá
16,5 milhões de sacas e que as exportações
alcançarão 27,193milhões de sacas.
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