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Junho 2007 - Ano 86 - Nº 822

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Após a divulgação dos estoques privados de café com posição retroativa a 31/03/07, ocorrida no último dia 31/maio, e que apontou uma posição de 17,585 milhões de sacas, a Conab formulou o “Quadro de Oferta e Demanda” relativo ao produto em questão.

Alguns setores ligados ao café comentaram, no final desta semana, que o número poderia estar um pouco elevado. Sobre o assunto, destaca-se o seguinte: em todas as ocasiões – palestras, reuniões do CDPE – Comitê Diretor de Planejamento Estratégico do Agronegócio Café, conversas com representantes do setor cafeeiro, dentre outras, a Conab tem se posicionado de forma bem clara e consistente, sobre a importância da necessidade de se ter a exata dimensão dos estoques de café. Essa informação, além de importante, é fundamental para que se possa traçar – com a devida segurança -, os planos futuros, com relação às propostas de política agrícola relacionadas ao café.

Essa preocupação obviamente se estende a todos os setores envolvidos, direta ou indiretamente ao agronegócio café, não só no Brasil, como também no exterior. Qualquer dado distorcido poderá influir - de uma forma negativa -, nas decisões vindouras que serão tomadas por estes setores. Por outro lado, um dado relacionado a estoque, que não corresponda à realidade, poderá ainda vir a comprometer – e o que é pior, deixar em dúvida -, outros itens constantes do citado “Quadro de Oferta e Demanda”, como por exemplo, a produção ou o consumo.

Nos anos anteriores, não se teve uma resposta tão expressiva como desta vez. Um pouco mais de 90% dos questionários que foram enviados, voltaram com dados informando sobre as suas posições de estoques, fato fundamental para que se chegasse a esse número.
Por outro lado, quem acompanha o mercado de café estava ciente de que uma substancial parte da safra de 2006/2007, estaria se juntando a atual safra 2007/2008, o que, de uma certa forma, acabou contribuindo para que esse estoque viesse com um número mais robusto.

É oportuno registrar um breve histórico sobre este assunto:

No segundo semestre do ano passado – 2006 -, havia uma expectativa junto aos segmentos ligados à cafeicultura nacional, de que poderia haver um incremento nos preços do produto, uma vez que a crença era a de que havia uma oferta muito apertada frente à demanda.

Realmente, logo a partir do término da colheita do café arábica, no final do mês de outubro de 2006, iniciou-se uma reação dos preços da mercadoria. No auge da sua cotação, por volta de dezembro de 2006 e janeiro de 2007, uma saca de 60 kg de café arábica tipo 6, bebida dura, estava sendo comercializada nas principais praças do Estado de Minas Gerais, por R$ 290,00. Grande parte dos produtores empolgados com aquela alta momentânea, acabou retendo a sua mercadoria, na expectativa de vendê-la no mínimo a R$ 300,00. Essa foi uma tomada de posição que poderia ser classificada como um consenso da maioria dos produtores de café arábica.
A realidade, entretanto, se mostrou oposta àquelas intenções do setor. Os preços, além de não reagirem, começaram a cair e, ainda por cima, estão sofrendo até os dias atuais, a corrosão provocada pela valorização do real.

Dados recentes estão indicando que existe no mercado muito mais café do que se havia pensado até o momento (daí a importância de números confiáveis referentes aos estoques). No primeiro quadrimestre do ano de 2007, exportou-se mais 19,5% de café do que foi exportado no mesmo período do ano anterior. E aí, de onde veio este café?

Dados preliminares do Cecafé – Conselho dos Exportadores de Café Verde do Brasil, estão indicando que no mês de maio de 2007, foram exportadas 2.475.553 sacas, ou seja um número 10,6% a mais do que o exportado no mesmo mês do ano anterior, quando os embarques atingiram 2.237.846 sacas.

É bom lembrar que a responsabilidade de se fazer o levantamento do estoque privado de café é efetivamente da Conab. Entretanto, não há nenhum artifício legal que ampare a Companhia, no sentido de obrigar alguma entidade a fornecer os dados relativos ao seu estoque. Somente serão fornecidas estas informações se os seus representantes tiverem a devida consciência e assim o quiserem fazer. Caso contrário, nada feito!

Elaborar um levantamento de estoque é uma coisa relativamente simples. Na verdade, é uma conta bem elementar que é feita de forma linear. O importante, entretanto, é a matéria prima para que se possa realizar este trabalho, ou seja, as informações. E estas, muitas vezes, simplesmente não chegam às mãos do quadro técnico da Conab.

Muitas empresas que têm uma movimentação de sacas anual expressiva, até neste último levantamento – o de 2007 –, deixou de prestar este tipo de informação para a Conab.
Conforme já foi comentado, anteriormente, desta vez houve um bom retorno, 91,6% dos questionários foram respondidos, ou seja, um número que representa 1.364 estabelecimentos (de um total de 1.489), informaram que tinham em seu poder 16.107.938 sacas. A partir daí chegou-se a uma média do número de sacas estocadas por estabelecimento, isto, referente àquela parte do universo pesquisada, a mesma que respondeu os formulários. Na seqüência, foi feita uma extrapolação dessa média encontrada, para os 10% de estabelecimentos restantes – mais 125 estabelecimentos -, que não responderam os questionários, chegando-se àquele número (final) de 17.584.105 sacas.

É importante registrar que, em função deste novo número do estoque privado – relativo a 31/03/07 -, houve a necessidade de se fazer algumas alterações no referido “Quadro de Oferta e Demanda”.

Para tanto, na coluna “Estoque Final Privado”, relativa ao ano safra 2006/007 (posição em 31/03/07), colocou-se o número encontrado neste último levantamento – 17,585 milhões de sacas.

Como foram mantidos os outros números relativos ao ano safra 2006/2007 (referentes à oferta) - produção (42,512 milhões de sacas), leilões do Governo (1,003 milhão de sacas), importação (3,6 mil sacas), consumo interno (16,000 milhões de sacas) e exportações (28,653 milhões de sacas), concluiu-se que o estoque final do ano safra 2005/2006 (ou inicial do ano safra 2006/2007), só poderia ser de 18,718 milhões de sacas, e não de 9,724 milhões de sacas, (número apurado no levantamento de estoque que a CONAB realizou no ano anterior – 2006), isto, para se chegar àquele estoque final do ano safra 2006/2007, com 17,585 milhões de sacas.

Portanto, os estoques finais e iniciais dos anos-safras anteriores ao ano-safra 2005/2006 foram ajustados a partir dessa diferença a maior de 8,994 milhões de sacas.

Diante desses novos cálculos, a estimativa é que se chegue ao final ano-safra 2007/2008 com 6,961 milhões de sacas, isto, levando-se em consideração que no decorrer do ano safra 2007/2008 haverá uma produção de 32,065 milhões de sacas, que serão leiloadas pelo Governo Federal 1,0 milhão de sacas, que as importações atingirão 4,4 mil sacas, que o consumo doméstico atingirá 16,5 milhões de sacas e que as exportações alcançarão 27,193milhões de sacas.

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