O
empreendimento foi elaborado pela barista Silvia Magalhães,
especializada em consultoria e treinamento para cafés.
De posse da fazenda herdada pelo pai, Orestes Quercia,
vem conseguindo situar Pedregulho, do interior do
estado de São Paulo, no mapa das principais
regiões produtoras de café do mundo.
Segundo o cafeicultor, a Alta Mogiana, região
onde se localiza o município, sempre foi considerada
a melhor produtora de café do país.
A falta de divulgação deste produto,
no entanto, possibilitou que outras regiões
brasileiras ficassem mais conhecidas no cenário
internacional, a exemplo do Cerrado e do Sul de Minas
Gerais.
Quércia está pessoalmente empenhado
na mudança dessa situação. Tanto
que estimulou a formação da Alta Mogiana
Specialty Coffees, associação que conta
atualmente com 16 produtores interessados em promover
no mercado internacional uma das mais qualificadas
áreas cafeeiras do Brasil.
Além disso, o produtor aplicou 8,5 milhões
de reais na ampliação da safra de sua
fazenda e inaugura em agosto a primeira cafeteria
do país: a Octávio Cafés Especiais,
que será instalada na Avenida Faria Lima, um
dos principais corredores comerciais da cidade de
São Paulo. Para pôr em prática
os novos planos, Quércia contratou Silvia Magalhães,
especializada em consultoria e treinamento para cafés.
Silvia é formada em comércio-exterior
e possui cursos de barista em diversos países,
como Dinamarca, Noruega, Itália e Suíça.
“Fui contratada para implantar a nova cafeteria
e a universidade do café, que será instalada
em São Paulo”, diz a barista.
A cafeteria Octávio contará com um amplo
espaço, onde abrigará a Universidade
do Café, que atuará como um centro de
estudos do grão e uma loja destinada à
venda de grãos e produtos como torradores domésticos,
xícaras, cafeteiras, entre outros. Somado ao
cardápio desenvolvido pela “chef”
Ana Soares, a cafeteria irá dispor também
de uma vasta carta de cafés de diferentes países.
“Nosso objetivo é divulgar o café
da região Mogiana, mas também ofertaremos
grãos das principais regiões produtoras
do mundo”, diz a barista, tricampeã do
Campeonato Brasileiro de Barista.
Silvia começou a atuar no segmento de cafés
por acaso. Ainda estudante em Londres, ela trabalhou
como barista nas horas vagas e nunca mais parou. “Me
encantei com a atividade. Depois dessa experiência
continuei estudando, mas busquei aperfeiçoamento
na área”, diz a jovem que cuida pessoalmente
dos últimos detalhes antes da inauguração
da cafeteria. “Sou responsável pela decoração
e treinamento do pessoal”.
Para atuar no varejo, Quércia modernizou a
fazenda através de investimentos realizados
ao longo dos últimos oito anos e aplicados
em frota agrícola, novos plantios e indústria.
“Estamos instalando uma pequena torrefação
na fazenda”, diz Silvia. A capacidade pequena,
de duas sacas de café por hora, visa garantir
a qualidade gourmet do grão”, diz Silvia.
Entre 60% e 70% da produção da Octávio
é de cafés especiais.
Além da torrefadora instalada na fazenda, a
Octávio adquiriu, em fevereiro deste ano, uma
indústria em Nova York. Trata-se da Dallis
Coffee, que atua desde 1913 na torrefação
de cafés oriundos de diversas partes do mundo.
“Estamos estudando a abertura de uma cafeteria
em Nova York, mas por enquanto isso é apenas
um sonho”, diz a barista que, em julho, representará
o Brasil na World Barista Championship, em Tóquio.
|