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Setembro 2008 - Ano 87 - Nº 827

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Em homenagem ao centenário da imigração japonesa no Brasil e simbolizando a abertura do caminho para um destino afortunado, a cerimônia do Kagami Biraki, marcou a solenidade inaugural da 22nd International Conference on Coffee Science - ASIC 2008, no domingo (14), na Casa de Campo do Royal Palm Plaza Hotel, em Campinas. Com a presença de Nestor Osório, Diretor Executivo da OIC, cerca de 480 pesquisadores científicos, profissionais da indústria e representantes de 38 países produtores e consumidores estiveram reunidos no maior fórum mundial sobre a ciência do café, com o número recorde de 371 trabalhos apresentados.


Cerimônia do Kagami Biraki.
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC), berço da pesquisa em café no Brasil e uma das instituições fundadoras do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D/Café), foi a instituição anfitriã do evento. Com foco sobre os assuntos científicos da atualidade, dois temas foram enfatizados pelos palestrantes: “Tendências do Consumo e a Ciência do Café” e “Café e Saúde”, além da apresentação de resultados de estudos nas áreas de agronomia, química, biotecnologia, processamento e melhoramento do café.

Esta foi a segunda vez que o Brasil sedia a conferência internacional, a primeira foi em 1982, em Salvador.

Em seu pronunciamento, o presidente da ASIC, Andrea Illy, destacou o papel de liderança do Brasil não apenas na produção mundial e em programas eficientes para o aumento de consumo interno, como também na geração de conhecimento e de tecnologias para a produção de uma bebida de qualidade. Presidente do comitê organizador da Conferência, Aldir Alves Teixeira deu ênfase à troca de conhecimento e experiências entre os participantes e instituições, desejando que as relações tenham continuidade no âmbito da ASIC para o aprimoramento do agronegócio café mundial.


Foto oficial da 22nd International Conference on Coffee Science

Dentre as autoridades presentes na cerimônia de abertura, o diretor executivo da Embrapa, Kepler Euclides Filho, apresentou o modelo de gestão e as conquistas tecnológicas da primeira década de atuação do CBP&D/Café. Na opinião da pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Marta Taniwaki, membro do comitê científico da ASIC 2008, os participantes levam uma imagem positiva do Brasil, confirmada pela força do sistema agroindustrial do café brasileiro e pela evolução das pesquisas nas diferentes àreas de referência.

Homenagem póstuma à Ernesto Illy

O secretário do Meio Ambiente, Francisco Graziano Neto, entregou à família Illy a Medalha Paulista do Mérito Científico e Tecnológico outorgada, em caráter póstumo, de homenagem ao Dr. Ernesto Illy. O diretor Geral do Instituto Agronômico de Campinas, Orlando Melo de Castro, em nome do Secretário da Agricultura e Abastecimento, João de Almeida Sampaio Filho, também fez a entrega da Placa de Prata, em homenagem ao grande incentivador da pesquisa e da qualidade do café. Ainda em reconhecimento ao estudioso da bebida perfeita, a artista plástica Valéria Vidigal, em nome de toda a classe cafeeira, fez a entrega de uma obra de arte à família Illy.


Diretor do IAC, Orlando Castro, faz entrega
de medalha à família Illy.

Aldir Teixeira, Eduardo Carvalhaes,
Nathan Herszkowicz e Andrea Illy.

A Ernesto Illy se deve o aprimoramento da máquina de “espresso”, idealizada pelo pai Francesco Illy em 1935, e o crescimento de um mercado guiado pela qualidade, credibilidade e o prazer de uma bebida diferenciada. Na presidência da ASIC e da torrefadora italiana illyCaffè, tornou-se conhecido pelo empenho na divulgação de prêmios de qualidade do café e pelo apoio à mudança de percepção dos cafeicultores sobre a importância de agregar valor ao produto.

Tendências de consumo

A mensagem central da Conferência é a de que uma nova agenda de prioridades se apresenta para a pesquisa cafeeira. Para Andrea Illy, o Brasil, além de maior produtor, pode se tornar o maior consumidor de café do mundo, meta que a ABIC pretende atingir em até cinco anos. A taxa de crescimento do consumo interno chega a 5% ao ano, mais que o dobro da taxa média internacional, de 2%.

Nestor Osório, diretor executivo da OIC, Carlos Brando, consultor do Centro de Inteligência do Café (CIC), Ivani Rossi, da TNS InterScience, e Décio Zylbersztajn, coordenador do Pensa/USP, apresentaram consenso no ciclo de palestras sobre a “Ciência do café e Tendências do Consumo”, alertando para um novo mercado, orientado pelo prazer de uma bebida diferenciada e sem culpa, com atributos de qualidade e praticidade, aliado a preços justos e respeito a práticas ambientais e sociais ampliadas.

Nestor Osório, Diretor Executivo da OIC

Como define Brando, a ciência do café é o fundamento e também o catalisador para entender as demandas e fatores que ampliam o consumo. Zylbersztajn enfatiza a necessidade de organização e criação de mecanismos para um compartilhamento de valor entre os diferentes setores da cadeia mais eqüitativo. “Os produtores enfrentam uma variabilidade de preços muito maior, necessitando maior gerenciamento de riscos e agregação de valor ao produto”, afirma.

Como exemplo modelar de impulso ao aumento de consumo, o programa brasileiro Café e Saúde foi apresentado aos participantes da Conferência, com ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Resultados de pesquisas científicas apresentados corroboram para a desmistificação de que o consumo moderado de café faz mal à saúde. Destaque nesta área para o estudo da pesquisadora Adriana Farah, da Universidade Federa do Rio de Janeiro (UFRJ), em projeto apoiado pelo CBP&D/Café, sobre os efeitos dos ácidos clorogênicos na saúde humana.

Tecnologias integradas

De acordo com a observação de Romário Gava Ferrão, pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper), os trabalhos apresentados na área de melhoramento do cafeeiro sinalizam para uma necessidade de priorizar o desenvolvimento de variedades com tolerância à seca e às altas temperaturas, bem como a integração com estudos ligados à Fisiologia e em condições de sombreamento, visando potencializar o desempenho de cultivares não apenas a pleno sol. Outra linha de estudo demandada refere-se à identificação, conservação e caracterização de recursos genéticos.

Na avaliação de Romário, a Conferência confirma a necessidade de maior integração entre o melhoramento do cafeeiro com as tecnologias disponibilizadas pela biotecnologia. Esta também é a mensagem que o pesquisador da Embrapa Café na área de biotecnologia, Luiz Felipe Pereira, observou acerca dos trabalhos apresentados na ASIC 2008. Para ele, está cada vez menor a distância entre as tecnologias genômicas e os programas de melhoramento do cafeeiro, o que trará resultados práticos no desenvolvimento de cultivares com as características agronômicas desejáveis. Pereira diz perceber uma maior integração entre os profissionais das duas áreas, bem como o aumento de projetos de cooperação interinstitucional. Ele explica que hoje o Projeto Genoma está na fase de caracterização e seleção de genes específicos, já sendo possível a identificação de plantas com maior potencial de qualidade.

Visita aos campos

O roteiro tecnológico incluiu visitas ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), instituição anfitriã da Conferência, e à bicentenária fazenda cafeeira Tozan. Os visitantes assistiram a um vídeo na sede do IAC, fundada em 1887, por D. Pedro II, com um resgate das conquistas e desafios enfrentados pela instituição, sobremaneira na área de melhoramento genético do cafeeiro, com programas que resultaram em cultivares utilizadas em cerca de 90% do parque cafeeiro nacional e em outros países produtores. Na Fazenda Santa Elisa, os visitantes conheceram um dos mais completos bancos de germoplasma e alguns experimentos conduzidos pela equipe multidisciplinar do Centro de Café “Alcides Carvalho”, com a participação de profissionais de outros centros. Atualmente, a identificação de plantas tolerantes à seca e ao calor tem sido o foco dos estudos, em vista das preocupações de aquecimento global e mudanças climáticas. Estudos com o café robusta como nova opção aos cafeicultores paulistas também têm sido objeto das pesquisas.

Os participantes da ASIC 2008 visitaram a fazenda Tozan, propriedade de um milhão e 350 mil pés de café, localizada há 12 quilômetros de Campinas (SP). Produtora de café há mais de 150 anos, a fazenda guarda passagens marcantes no fortalecimento da cafeicultura paulista e participação ativa na imigração e colonização japonesa no Brasil. Desde 1927, a fazenda pertence à família Iwasaki, fundadora do Grupo Mitsubishi. Embora a tradição seja o ponto forte da propriedade, os avanços tecnológicos podem ser vistos em cada etapa da produção.

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