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Setembro 2008 - Ano 87 - Nº 827

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As grandes fazendas de café do médio vale do Paraíba, em sua grande maioria, foram estabelecidas pelo sistema de doação de terras, por meio de pedidos de sesmarias realizados por abastados imigrantes portugueses e seus descendentes, que, em geral, tinham feito fortuna no comércio no Rio de Janeiro ou na exploração de ouro nas Minas Gerais.

No entanto, quando nos deslocamos para a região serrana, próximo aos rios Negro e Grande, afluentes do Paraíba, mais precisamente na região de Cantagalo, nos deparamos com um grande número de fazendeiros de café de origem suíça.

Em 1820, chegavam da Europa 228 famílias suíças no navio Elizabeth et Marie, que logo formaram a colônia de Nova Friburgo. O casal Leingruber, com seis filhos (Antônio, Fidélis, Frederico, João, Marcos e Maria), pois um morrera durante a viagem transatlântica, recebeu o lote número 26, como consta do livro de 1819, Alojamento para reger o pagamento provendo de matrícula dos colonos Suíços, às folhas 13v.

São desconhecidas as razões que levaram Anton Ignaz Leingruber, mulher e filhos a abandonar o lote que lhes fora destinado. O fato é que se estabeleceram em uma posse de terras na localidade de São Sebastião do Alto, município de Cantagalo. O patriarca da família, entretanto, morreu em 1836.

Nos anos de 1855 e 1856, seu filho Fidélis declarou possuir uma sesmaria de terras na freguesia de Nossa Senhora do Carmo, João Batista e Marcos, em São Sebastião do Alto, e Frederico, em São Pedro, todas no município de Cantagalo. Antônio Ignácio não fez sua declaração, mas os vizinhos o citam como confrontante, e sua fazenda estava localizada na freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer, município de Sumidouro.

Dos seis filhos de Anton e Luzia, os que mais se destacaram como fazendeiros de café foram Fidélis e Antônio Ignácio. Este último, desde 1848, aparece na listagem de fazendeiros da freguesia de Aparecida, no Almanaque Laemmert, importante anuário comercial e mercantil da corte do Rio de Janeiro.

Antônio Ignácio casou-se com Mariana Ubelhart, filha de Vicent Ubelhart, compatriota que viera no mesmo navio com seus pais. Deste enlace tiveram apenas dois filhos, Antônio e Manuel Ubelhart Lengruber.

Em 1861, Antônio Ignácio vende metade das fazendas Nossa Senhora da Glória e Abricó, na freguesia do Carmo, nas quais possuía 218 escravos. O conde d’Ursel escreve em seu livro Amerique: séjours et voyages au Brésil, a la Plata, au Chili em Bolivie et au Pérou par le Cte, que visitara a fazenda da Glória do senhor Leingruber (Fidélis), e ressalta que os pais deste vieram para o Brasil sem um tostão no bolso, mas que seu filho possuía alguns milhões, e, em sua fazenda, os escravos trabalhavam cerca de doze horas por dia.

No caso de Antônio, não há relatos sobre sua fazenda, mas, em 1880, seu filho Manuel encomenda ao pintor italiano Nicolau Facchinetti uma tela que imortalizaria todo o conjunto arquitetônico da propriedade. A imensidão de seus prédios, os cafezais que cobrem os pequenos morros atrás do complexo de casas, e o terreiro de secar café nos fazem imaginar a grandeza desta fazenda, que deve ter sido uma grande produtora de café.

As atividades comerciais de Antônio Ignácio, de compra e venda de imóveis, e de empréstimo de dinheiro, eram sempre feitas por procuração dada a seu filho Antônio Ubelhart, que residiu na rua das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, até seu falecimento em 1881.

Em 1885, morre Antônio Ignácio, e Manuel, seu único filho vivo, faz o inventário dos bens do pai. Curiosamente, vemos que a fazenda Santo Antônio de Sapucaia possuía apenas 370 mil pés de café e o número de escravos não ultrapassava 210. No entanto, o patrimônio acumulado por Antônio Ignácio chega a mais de 1.800 contos de réis, uma verdadeira fortuna, comparável à de poucos grandes cafeicultores do médio vale do Paraíba.

Nas mãos de seu filho Manuel Ubelhart Leingruber, a fazenda entra em uma nova fase, no final do século XIX, com o fim da cultura do café em terras fluminenses, que rapidamente se desloca para as terras roxas de São Paulo. Diferentemente da opção feita pelos fazendeiros do médio vale do Paraíba, que iniciaram a criação de gado leiteiro, ali foi implantada a criação de gado de corte, a partir da importação, em 1878, das primeiras cabeças de gado da raça Zebu. A linhagem Leingruber acabaria por se consagrar uma das melhores raças de gado, conhecida por todos os criadores brasileiros.

Desde então, mesmo após o falecimento de Manuel, os demais proprietários da fazenda Santo Antônio de Sapucaia seguiram a tradição deixada por ele.

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