Realizado
no Centro de Convenções do hotel Sofitel
Jequitimar, no Guarujá (SP), o tradicional
Seminário Internacional de Café de Santos,
promovido pela ACS – Associação
Comercial de Santos, teve como tema central, em sua
17ª edição, “Cafés
do Brasil: Um Parceiro Confiável".
Na
cerimônia de abertura, o presidente da ACS,
José Moreira da Silva, após dar as boas-vindas
aos participantes, enfatizou o objetivo do evento
em buscar o melhor desempenho e estreitar relacionamentos
em toda a cadeia e com os clientes do exterior. Moreira
destacou a relevância do tema, “que é
mais do que pertinente, pois o Brasil é o único
país produtor capaz de atender a todos os nichos
que o mercado demanda, em volume e qualidade”.
Representando o governador José Serra, Antonio
Julio Junqueira de Queiroz, secretário adjunto
de Agricultura do Estado de São Paulo, disse
que o Seminário Internacional era um evento
com alto nível de discussões e de importância
significativa para o Estado, “o maior produtor
de cana, carne e laranja, com o café como décimo
produto na pauta de exportações, mas
com consumo que só aumenta desde 2003, e o
consumo per capita que se iguala ao europeu”.
João Antonio Lian, presidente do Conselho Deliberativo
do CeCafé, considerou a realização
do evento como exemplo da tradição do
Brasil em exportação de café,
principalmente ao abordar tema tão significativo.
Ele aproveitou a oportunidade para lembrar que o Seminário
se tornava mais importante ainda ao falar sobre os
programas de responsabilidade social em parceria com
casas importadoras. Na abertura do seminário,
foram inauguradas a Exposição de Fornecedores
e Parceiros e as mostras dos artistas Linaldo Cardoso,
Luciana Futuro, Maia Wolthers, Marcos Piffer, Tom
Zé e Valéria Vidigal.
Perspectivas
da Economia Brasileira
Nilton
da Silva Pinto, coordenador geral do Seminário,
saudou os participantes, e deu início aos
trabalhos com a apresentação do
economista Alexandre Mendonça de
Barros, da MB Associados, que falou sobre
‘As Perspectivas da Economia Brasileira’.
O economista centrou sua fala nos preços
agrícolas e sua relação com
a economia brasileira. No que se refere especificamente
ao mercado de café, Mendonça de
Barros destacou que há, por conta da crise
financeira nos Estados Unidos, uma migração
de uma massa de ativos para o mercado de commodities. |
|
O
palestrante pontuou ainda que, diante do crescimento
da demanda por alimentos, nos quais o café
está incluído, o natural seria um
crescimento da área plantada, sobretudo
na América Latina, onde há condições
de plantio e área livre para a agricultura.
“A área não está aumentando
porque há uma escassez de fertilizantes
e isso terá conseqüências sobre
o café”, destacou. |
A
situação atual e as perspectivas dos
Portos Brasileiros
A
logística brasileira de portos já
deu passos significativos desde a Lei 8630/93,
de modernização dos portos, mas
a questão da regulação das
atividades portuárias permanece ainda pendente
e gerando conflitos nas relações
entre as partes. O representante da ANTAQ-Agência
Nacional de Transportes Aquaviários, Fernando
José de Pádua Costa Fonseca,
fez uma ampla apresentação sobre
os trabalhos e ações desenvolvidas
pela Agência, destacando a formação
de um Grupo de Trabalho encarregado de criar normas
e procedimentos de regulamentação
das atividades portuárias, que serão
submetidas a um processo de audiências públicas. |
|
Após,
o Presidente do CAP/Santos, Celso Quintanilha,
discorreu sobre as iniciativas tomadas pelo CAP
(Conselho da Autoridade Portuária), mencionando,
inclusive, a recente resolução do
órgão que normatizou a cobrança,
pelos Terminais, de encargos de armazenagem decorrentes
de atraso nas cargas. |
|
O
Secretário Sérgio Aquino,
de assuntos portuários e marítimos,
comentou as obras de modernização
já realizadas e as previstas para o médio
prazo, voltadas para o aumento da capacidade operacional
do porto. Destacou os problemas que poderão
advir da decisão das autoridades de São
Paulo de proibir, a partir de 30 de junho de 2008,
a circulação de caminhões
nas marginais e na Avenida dos Bandeirantes entre
5h e 21h. “Isso não teria nenhum
problema para a comunidade exportadora, se 15%
dos caminhões que chegam ao porto de Santos
não tivessem que passar por essas vias
que cortam a capital paulista.
Não
dá para imaginar o porto sem operar
das
|
|
5h
às 21h. Isso causará um grande problema”,
disse Sérgio Aquino. A idéia defendida
por Aquino é a criação de
um corredor exclusivo para o comércio exterior
no qual circulariam apenas caminhões com
destino ao porto e que apresentassem um selo.
A decisão dependerá das próximas
reuniões. |
O
consumo de café na Escandinávia
Herman
Friele, presidente do conselho da Friele
Coffee, uma das mais antigas torrefadoras européias,
fundada em 1799 em Bergen (Noruega), está
no setor há 40 anos, onde começou
como trainee, e agora estreita mais as suas relações
com o Brasil, ao se tornar sócio de uma
das maiores fazendas de café do país.
Falando sobre os países escandinavos (que
têm elevado padrão de vida), Herman
Friele disse que dos 3,7 milhões de sacos
demandados por ano, 1,7 milhão são
cafés de alta qualidade do Brasil. O consumo
é altíssimo. Na Dinamarca, país
com 5,6 milhões de habitantes, o |
|
consumo
per capita é de 9,1 kg. Na Finlândia,
com 4,4 milhões de habitantes, o consumo
é o mais alto: 12,1 quilos por habitante.
Suíça, com uma população
de 9,2 milhões de pessoas, registra 8,2
quilos por habitante e a Noruega, com 4,8 milhões,
tem um consumo per capita de 9,3 quilos. Em comum,
todos esses países vêm registrando
um aumento do consumo fora do lar e de pods (café
em sachês). Cresce também nesses
países a demanda por cafés orgânicos,
comércio justo. |
Mudança
no estilo de vida e consumo de café no Japão
“Nosso
consumidor é preocupado com tudo o que
adquire. As donas de casa checam data de fabricação,
prazo, qualidade. Supermercados e atacadistas
não aceitam produtos válidos por
1 ano – geralmente apenas 4 meses após
sua fabricação”. Essas informações
foram dadas por Tatsushi Ueshima,
presidente da Ueshima Coffee Company, líder
no mercado japonês, e presidente da All
Japan Coffee Association, entidade japonesa que
congrega cinco grupos: indústria de café
torrado e moído, de café solúvel,
cafés especiais, varejo e importadores.
Ueshima disse que, após a Guerra, o perfil
de consumo no Japão se ocidentalizou bastante.
Nas últimas |
|
décadas,
aumentou a renda e o poder de compra da população,
o que justifica o incremento de redes de cafeterias,
restaurantes e lojas de conveniência, e
o respectivo aumento do consumo de café.
|
O palestrante lembrou que o Japão tem um tratamento
especial para o café: não é bebida
commodity, mas uma bebida de luxo. A embalagem plástica,
com café quente ou frio, completará
40 anos em 2009, mantendo sua popularidade. Também
cresce o consumo de doses únicas. O mercado
é preocupado com os cuidados que os países
produtores dedicam à proteção
do meio ambiente. A inserção do país
em vários eventos mundiais, das Olimpíadas
ao Campeonato Mundial de Barista (WBC), realizado
pela primeira vez no Japão em 2007, tem influenciado
diretamente nesse maior dinamismo de consumo.
Consumo
de café no Brasil
Segundo
maior consumidor de café do mundo, o mercado
brasileiro também tem características
bem exclusivas, conforme apontou Dantes
Hurtado, presidente da Sara Lee do Brasil.
A maioria das pessoas prepara de 2 a 3 cafés
por dia; o café puro é a forma mais
comum, mas variam as formas de preparo e consumo
nas diversas regiões. De acordo com Hurtado,
o café está presente em todas as
listas de compras do mês; é comum
a pessoa comprar café torrado e moído
somente na quantidade necessária imediata,
ao invés de fazer estoque. Como fator determinante
de compra, ele aponta o sabor, seguido de preço
e rendimento.
|
|
O consumidor, segundo Hurtado, não é
leal a um único canal de venda: 47% deles visitam
diferentes lojas para encontrar melhores preços.
62% dos consumidores vão às compras
a pé. Fazem compras a cada 15 dias e a escolha
do local se dá pela proximidade (73%), pelo
menor preço (51%) ou pela promoção
(39%). A decisão de compra se dá na
frente da gôndola.
Mercados
Futuros
O
vice-presidente sênior da Prudential Bache,
Eric Nadelberg, destacou a grande
mudança ocorrida nos mercados por conta
das inovações tecnológicas
que permitiram a comunicação instantânea
de qualquer tipo de informação.
“Para mim, a internet e o computador pessoal
influenciaram o modelo de negócios de uma
maneira jamais vista desde a invenção
do crédito”, destacou. Nadelberg
lembrou o quanto as informações
demoravam a chegar e o impacto paulatino que sua
absorção tinha nos preços
dos mercados futuros. “Os gráficos
mostram isso. Hoje, a rapidez de |
|
transmissão dos dados faz com que as notícias
reflitam quase que simultaneamente nos gráficos”. |
Apontou dados que dão conta que a participação
dos mercados futuros segue crescendo em geral. Foram
movimentados US$ 20 bilhões em 1992, de acordo
com a Revista Futures, e hoje esse volume chega a
US$ 200 bilhões hoje. Isso representa um incremento
de 1000% em 15 anos, com o crescimento anual nos dois
últimos anos de 30% ano, de acordo com estimativas
atuais.
A
evolução do Café no Brasil
“A
evolução do café no Brasil”
foi o tema da palestra apresentada pelo gerente
geral da Embrapa – Café, Aimbiré
Fonseca e o pesquisador do Incaper –
ES, Romário Ferrão, que focaram
principalmente o desenvolvimento e uso de novas
tecnologias para aumentar produção
e melhorar a qualidade o café. Aimbiré
Fonseca apresentou o trabalho desenvolvido pela
Embrapa e ressaltou que o principal é conciliar
os interesses de todos os elos da cadeia, produtores,
indústria e consumidores. |
|
Já
Romário Ferrão,
falou da experiência do Estado do Espírito
Santo no café conillon. Segundo Ferrão,
o conillon tem importante participação
no mercado, pois representa cerca de 35% do volume
negociado. Fonseca abordou o desenvolvimento proporcionado
pelas pesquisas em genética que resultaram,
entre outros, no Conillon Vitória, chegando
a produzir mais de 140 sacas por hectare. Sobre
o retorno do investimento feito nestes dez anos
de funcionamento, considerou que o aumento de
25% na produtividade é a resposta. “Se
observarmos o |
|
aumento na produtividade, que foi de 25% nos últimos
dez anos, nos doze Estados produtores, podemos
concluir que para cada R$1,00 investido, temos
R$25,00 de retorno”, avaliou. |
Perspectivas
gerais do Café do Brasil
O
diretor geral do Conselho dos Exportadores de
Café do Brasil (CeCafé), Guilherme
Braga, abriu o segundo e último
dia dos trabalhos apresentando um panorama do
café do Brasil, destacando os avanços
alcançados em relação à
qualidade e à produtividade, que asseguram
ao Brasil condições de garantir
a liderança no suprimento mundial. Para
Braga, embora a produção brasileira
esteja crescendo lentamente, esse aumento se dá
em linha com o desenvolvimento da demanda. Ele
avaliou também que a postura pró-ativa
do cafeicultor e dos empresários em geral |
|
conferem
ao país meios de atender as múltiplas
formas de demandas, inclusive em nichos como os
cafés especiais e os com selo de sustentabilidade
e responsabilidade social. |
Sustentabilidade
e Certificações na Produção
Brasileira de Café
A
cada dia, mais e mais consumidores em todo o mundo
começam a se preocupar com o consumo de
alimentos e produtos cuja produção
observe critérios de boas práticas
sociais, econômicas e ecológicas.
E isso vem crescendo também no café.
“Há um avanço grande da procura
pelos certificados”, atesta o coordenador
Eduardo Trevisan, da Imaflora,
ONG que certifica práticas sustentáveis
na agricultura em florestas. Segundo ele, em 2007,
a certificadora Rain Forest, com quem a Imaflora
mantém parceria, certificou aqui no Brasil
1,6 milhão de sacas de café. Este
ano, já foram certificadas 700 mil sacas
das quais 250 mil destinadas à exportação. |
|
Soren
Knudsen, da SKG/Vaering Corp, e Martin
Meyer, do Programa 4C, que fizeram parte
do painel sobre Sustentabilidade e Certificações
na Produção Brasileira de Café,
reforçaram a mesma idéia, ressaltando
que existe um movimento de o produtor aderir ao
programa não tendo como motivação
principal o ágio sobre o preço do
produto, mas a garantia da otimização
dos seus processos produtivos a partir das análises
e da introdução de novas estratégias
na condução de sua propriedade. |
|
|
As
perspectivas da Produção de Café
Arábica no Brasil
A visão do produtor
empresarial:
Luiz
Norberto Paschoal, empresário
da fazenda DaTerra, apresentou sua visão
sobre a produção de café
arábica no Brasil ao lado de Creuzo Takahashi,
presidente da Copermonte – Cooperativa Agrícola
de Monte Carmelo. Paschoal disse que sua visão,
mais tecnicista e focada no marketing do negócio,
é “privilégio” de um
pequeno grupo entre os produtores brasileiros,
pois lhes dá capacidade de absorver informações
diferenciadas sobre composição e
variações de preço, podendo
estabelecer parâmetros para o mercado que
sejam mais justos com o negócio. Considera
que quadro atual que não é bom,
|
|
exceto para os que conseguiram investir em diversificação
para atender a demanda de produtos com conceitos
de sustentabilidade. |
A
contribuição do Imigrante Japonês
na Produção Cafeeira
Creuzo
Takahash relatou as histórias
contadas por seu pai, da substituição
que os imigrantes faziam do seu tradicional chá
por um chá feito com folhas de café
novos; das fugas de trabalhadores que não
se adaptavam a fazendas e às condições
de trabalho e das diversas doenças contraídas,
que são contadas em matéria desta
edição da Revista do Café.
Cafés Especiais do Brasil
|
|
Gabriel
Carvalho Dias, presidente da BSCA,
sigla em inglês para Associação
Brasileira de Cafés Especiais, definiu
“cafés especiais” como
aquele que tenha algo especial. A partir
daí, e citando Ernesto Illy, falou
da importância do sabor e aroma especiais,
que agregam valor ao produto e atendem à
tendência internacional de consumo.
Para Gabriel, é necessário
retreinar os classificadores, difundir a
cultura da qualidade, ensinar a “separar
o bom do ótimo”, conscientizar
produtores e torrefadores sobre a necessidade
de manter o padrão e o conceito de
qualidade. |
|
|
Presidente
da SCAE acredita no potencial do Brasil |
Max
Fabian, presidente da Associação
Européia de Cafés Especiais
(SCAE, na sigla em inglês), acredita
que o Brasil tem condições
de ampliar a produção de grãos
do tipo gourmet. Em entrevista para a Revista
do Café, Fabian afirmou que o país
deveria explorar sua rica variedade genômica,
usando-a não apenas para obter plantas
mais produtivas e resistentes, mas também
que produzam bebidas de sabor especial.
Ele defendeu o uso de cafés descascados.
“É um sistema ótimo”,
elogiou Fabian, explicando que a vantagem
do descascado é reduzir o risco
de vender grãos com defeito.
Na palestra que realizou durante o 17º
Seminário Internacional do Café,
Fabian discorreu sobre as enormes potencialidades
abertas com a incorporação
à União Européia de
dezenas de países do Leste do continente.
Esses novos mercados, que apresentam vigorosas
taxas de crescimento do consumo de café,
injetaram ânimo nas torrefadoras européias,
que vinham sofrendo com a estagnação
do consumo na Europa ocidental.
Fabian disse que faltam estatísticas
ao setor de cafés especiais, que
permitam formar uma visão mais clara
da realidade e traçar metas para
o futuro. Uma das missões da SCAE,
segundo ele, será incentivar a produção
de estatísticas voltadas para o segmento.
|
|
Atualmente,
apenas os EUA possuem levantamentos específicos
sobre o segmento de cafés especiais.
Segundo estudo patrocinado pela Associação
de Cafés Especiais dos EUA (SCAA,
na sigla em inglês), as vendas de
café especial no país alcançaram
US$ 12,27 bilhões em 2006, contra
US$ 11,05 bilhões no ano anterior.
Atualmente, cerca de 20% do consumo da bebida
nos países desenvolvidos é
de cafés especiais. No Brasil, segundo
pesquisa da ABIC, os cafés especiais
respondem por apenas 2% do consumo total
de café.
A SCAE foi formada durante um encontro de
representantes da comunidade de cafés
especiais e alguns entusiastas ligados ao
setor, realizado no dia 5 de junho de 1998.
Alf Kramer foi o primeiro residente da Associação.
A instituição edita uma revista
trimestral, a Café Europa, distribuída
gratuitamente pelo site http://www.scae.com,
escrita em francês e inglês.
Max Fabian convidou a todos os leitores
da Revista a participarem do evento Triestespreso,
a se realizar nos dias 13 a 15 de novembro
de 2008, em Trieste, Itália. Mais
informações no site: http://www.triestespresso.it.
Casado com uma brasileira, Fabian fala português
e declarou que acolherá afetuosamente
todos os brasileiros que comparecerem à
principal feira de cafés espressos
do mundo. |
|
Mercon
prevê cenário altista para os próximos
2 anos |
Apertem
os cintos, os preços do café
vão... subir. Essa é a previsão
da Mercon, trade estabelecida em Nova Jersey,
EUA. Foi exposta por seu chairman, Antonio
Baltodano, em palestra no 17º Seminário
Internacional do Café, realizado
na terceira semana de maio, em Guarujá,
São Paulo.
Baltodano estimou a safra brasileira deste
ano (2008/09) em 53,9 milhões de
sacas, e as dos anos seguintes, 09/10 e
10/11, em 50 e 54,8 milhões de sacas,
respectivamente. Mesmo com esses volumes,
bem superiores às estimativas oficiais
do governo brasileiro, a relação
oferta e demanda continuará delicada,
em função da expectativa de
uma demanda vigorosa. A Mercon estima a
demanda global em 130 milhões de
sacas em 2008/09, contra uma oferta de 140
milhões, configurando um superávit
de 10 milhões de sacas.
A gordura, porém, não irá
durar muito, pois em 2009/10, a oferta e
demanda irão empatar em 134 milhões
de sacas. Para 2010/11, a trade prevê
outro superávit apertado, com oferta
de 142 milhões de sacas e demanda
em 136 milhões. O frágil equilíbrio
deve se estender, pelo menos, até
2014, com superávits modestos se
sucedendo a déficits de produção.
|
|
Essas
projeções consideram uma
demanda crescendo a ritmo moderado. Se
houver ritmo moderado para forte, os déficits
atingirão níveis ainda maiores
e, continuando nos anos seguintes, podem
prejudicar o consumo.
Baltodano usa parâmetros diferentes
para produtores e importadores. Nos primeiros,
ele define demanda moderada para forte
em aproximadamente 4 a 5%, e estagnação
em 1%. Para os países importadores,
a definição de crescimento
moderado para forte é de 1,5% e
para estagnado entre 0,5% e 1%. Ele estima
que os estoques mundiais de arábica
nos países importadores estavam
em 21,4 milhões de sacas em outubro
de 2007 e devem atingir 28,1 milhões
em outubro de 2009 e 28,6 milhões
de sacas em outubro de 2010. Os estoques
de robusta nos mesmos países foram
estimados em 4 milhões de sacas
em outubro de 2007, declinando para 2
milhões de sacas em outubro de
2008, depois subindo para 5,3 milhões
de sacas em outubro de 2009 e 5,9 milhões
de sacas em outubro de 2010.
A Mercon prevê que os diferenciais
entre arábica e robusta, que caíram
fortemente nos últimos dois anos,
em benefício do último,
devem voltar a crescer. A trader acredita
num cenário “bullish”
para o café arábica, nos
próximos dois anos, com crises
de oferta e exaustão dos estoques.
Para o robusta, a empresa projeta a situação
contrária, um aumento da oferta
acima da demanda, resultando em recuperação
dos estoques e queda dos preços
internacionais – um cenário
“bearish”.
Vale lembrar que o robusta atingiu, nos
últimos dois anos, níveis
recordes de preço e que, em razão
de seu baixo custo de produção,
o retorno financeiro dos produtores de
robusta vem se apresentando superior ao
dos produtores de arábica, o que
incentiva a expansão do plantio
e da produtividade em diversos países,
como Vietnam, Brasil, Indonésia
e Costa do Marfim.
O empresário expôs alguns
painéis bastante interessantes
sobre a produção de café
na América Central, onde possui
diversos escritórios e realiza
boa parte de seus negócios. A América
Central colheu 12 milhões de sacas
de arábica em 2007/08, o que representou
de 8 a 10% da produção mundial.
Segundo Baltodano, a produção
de café centro-americana não
deve registrar expansão significativa
no médio a longo prazo. O que pode
ocorrer é um aumento da produtividade,
no máximo da ordem de 25%, acrescentando
3 milhões de sacas à safra
regional. Os obstáculos mais relevantes
para o aumento do plantio de café
na região é a baixa disponibilidade
de terras apropriadas e a explosão
dos custos de produção de
2006 a 2008. Baltodano apresentou vários
painéis que mostrava a impressionante
escalada do custo de fertilizante e mão-de-obra
na América Central (quadro abaixo).
O custo de produção na Guatemala,
por exemplo, que é o maior produtor
da região, subiu de 83 para 113
centavos de dólar por libra-peso,
o que corresponde a aproximadamente R$
239 por saca de 60 kg. Na Costa Rica,
que registra os melhores índices
econômicos e sociais da América
Central – com a mão-de-obra,
portanto, mais bem paga - o custo de produção
de café subiu de 98 para 124 centavos
de dólar por libra-peso, ou seja,
para R$ 262 por saca de 60 kg. Registre-se
que, segundo a Organização
Internacional do Café (OIC), o
preço do tipo Outros Suaves, referência
para o lavado da América Central,
encerrou 2007 com uma média de
123,55 centavos de dólar por libra-peso.
Nos cinco primeiros meses de 2008, a média
do mesmo ficou em 147,97 centavos de dólar.
O aumento do salário mínimo
e o endurecimento das leis trabalhistas
refletem o desenvolvimento econômico
dos países emergentes. Os países
consumidores ampliaram a cobrança
sobre as condições de trabalho
nas fazendas de café, com alguns
exigindo certificação internacional.
Por estas razões, o custo da mão-de-obra
na Costa Rica subiu 52% nos últimos
dois anos, atingindo 52 centavos de dólar
por libra-peso em 2008, cerca de 40% do
custo de produção total
do café.
Baltodano observou que, em função
do aumento dos custos, os produtores de
café da América Central
não puderam desfrutar plenamente
da valorização dos preços
ocorrida nos últimos dois anos.
E alertou que a produção
mundial de café encontra-se quase
estagnada, enquanto a demanda cresce a
um ritmo firme, em torno de 1,5 a 2% ao
ano. Apesar dos preços ascendentes,
conclui o executivo, os altos custos de
produção têm desencorajado
investimentos em novos plantios. |
|
|