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Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Junho 2008 - Ano 87 - Nº 826

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Realizado no Centro de Convenções do hotel Sofitel Jequitimar, no Guarujá (SP), o tradicional Seminário Internacional de Café de Santos, promovido pela ACS – Associação Comercial de Santos, teve como tema central, em sua 17ª edição, “Cafés do Brasil: Um Parceiro Confiável".

Na cerimônia de abertura, o presidente da ACS, José Moreira da Silva, após dar as boas-vindas aos participantes, enfatizou o objetivo do evento em buscar o melhor desempenho e estreitar relacionamentos em toda a cadeia e com os clientes do exterior. Moreira destacou a relevância do tema, “que é mais do que pertinente, pois o Brasil é o único país produtor capaz de atender a todos os nichos que o mercado demanda, em volume e qualidade”. Representando o governador José Serra, Antonio Julio Junqueira de Queiroz, secretário adjunto de Agricultura do Estado de São Paulo, disse que o Seminário Internacional era um evento com alto nível de discussões e de importância significativa para o Estado, “o maior produtor de cana, carne e laranja, com o café como décimo produto na pauta de exportações, mas com consumo que só aumenta desde 2003, e o consumo per capita que se iguala ao europeu”.

João Antonio Lian, presidente do Conselho Deliberativo do CeCafé, considerou a realização do evento como exemplo da tradição do Brasil em exportação de café, principalmente ao abordar tema tão significativo. Ele aproveitou a oportunidade para lembrar que o Seminário se tornava mais importante ainda ao falar sobre os programas de responsabilidade social em parceria com casas importadoras. Na abertura do seminário, foram inauguradas a Exposição de Fornecedores e Parceiros e as mostras dos artistas Linaldo Cardoso, Luciana Futuro, Maia Wolthers, Marcos Piffer, Tom Zé e Valéria Vidigal.

Perspectivas da Economia Brasileira

Nilton da Silva Pinto, coordenador geral do Seminário, saudou os participantes, e deu início aos trabalhos com a apresentação do economista Alexandre Mendonça de Barros, da MB Associados, que falou sobre ‘As Perspectivas da Economia Brasileira’. O economista centrou sua fala nos preços agrícolas e sua relação com a economia brasileira. No que se refere especificamente ao mercado de café, Mendonça de Barros destacou que há, por conta da crise financeira nos Estados Unidos, uma migração de uma massa de ativos para o mercado de commodities.
O palestrante pontuou ainda que, diante do crescimento da demanda por alimentos, nos quais o café está incluído, o natural seria um crescimento da área plantada, sobretudo na América Latina, onde há condições de plantio e área livre para a agricultura. “A área não está aumentando porque há uma escassez de fertilizantes e isso terá conseqüências sobre o café”, destacou.


A situação atual e as perspectivas dos Portos Brasileiros

A logística brasileira de portos já deu passos significativos desde a Lei 8630/93, de modernização dos portos, mas a questão da regulação das atividades portuárias permanece ainda pendente e gerando conflitos nas relações entre as partes. O representante da ANTAQ-Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Fernando José de Pádua Costa Fonseca, fez uma ampla apresentação sobre os trabalhos e ações desenvolvidas pela Agência, destacando a formação de um Grupo de Trabalho encarregado de criar normas e procedimentos de regulamentação das atividades portuárias, que serão submetidas a um processo de audiências públicas.
Após, o Presidente do CAP/Santos, Celso Quintanilha, discorreu sobre as iniciativas tomadas pelo CAP (Conselho da Autoridade Portuária), mencionando, inclusive, a recente resolução do órgão que normatizou a cobrança, pelos Terminais, de encargos de armazenagem decorrentes de atraso nas cargas.

O Secretário Sérgio Aquino, de assuntos portuários e marítimos, comentou as obras de modernização já realizadas e as previstas para o médio prazo, voltadas para o aumento da capacidade operacional do porto. Destacou os problemas que poderão advir da decisão das autoridades de São Paulo de proibir, a partir de 30 de junho de 2008, a circulação de caminhões nas marginais e na Avenida dos Bandeirantes entre 5h e 21h. “Isso não teria nenhum problema para a comunidade exportadora, se 15% dos caminhões que chegam ao porto de Santos não tivessem que passar por essas vias que cortam a capital paulista. Não dá para imaginar o porto sem operar das
5h às 21h. Isso causará um grande problema”, disse Sérgio Aquino. A idéia defendida por Aquino é a criação de um corredor exclusivo para o comércio exterior no qual circulariam apenas caminhões com destino ao porto e que apresentassem um selo. A decisão dependerá das próximas reuniões.

O consumo de café na Escandinávia

Herman Friele, presidente do conselho da Friele Coffee, uma das mais antigas torrefadoras européias, fundada em 1799 em Bergen (Noruega), está no setor há 40 anos, onde começou como trainee, e agora estreita mais as suas relações com o Brasil, ao se tornar sócio de uma das maiores fazendas de café do país. Falando sobre os países escandinavos (que têm elevado padrão de vida), Herman Friele disse que dos 3,7 milhões de sacos demandados por ano, 1,7 milhão são cafés de alta qualidade do Brasil. O consumo é altíssimo. Na Dinamarca, país com 5,6 milhões de habitantes, o
consumo per capita é de 9,1 kg. Na Finlândia, com 4,4 milhões de habitantes, o consumo é o mais alto: 12,1 quilos por habitante. Suíça, com uma população de 9,2 milhões de pessoas, registra 8,2 quilos por habitante e a Noruega, com 4,8 milhões, tem um consumo per capita de 9,3 quilos. Em comum, todos esses países vêm registrando um aumento do consumo fora do lar e de pods (café em sachês). Cresce também nesses países a demanda por cafés orgânicos, comércio justo.

Mudança no estilo de vida e consumo de café no Japão

“Nosso consumidor é preocupado com tudo o que adquire. As donas de casa checam data de fabricação, prazo, qualidade. Supermercados e atacadistas não aceitam produtos válidos por 1 ano – geralmente apenas 4 meses após sua fabricação”. Essas informações foram dadas por Tatsushi Ueshima, presidente da Ueshima Coffee Company, líder no mercado japonês, e presidente da All Japan Coffee Association, entidade japonesa que congrega cinco grupos: indústria de café torrado e moído, de café solúvel, cafés especiais, varejo e importadores. Ueshima disse que, após a Guerra, o perfil de consumo no Japão se ocidentalizou bastante. Nas últimas
décadas, aumentou a renda e o poder de compra da população, o que justifica o incremento de redes de cafeterias, restaurantes e lojas de conveniência, e o respectivo aumento do consumo de café.

O palestrante lembrou que o Japão tem um tratamento especial para o café: não é bebida commodity, mas uma bebida de luxo. A embalagem plástica, com café quente ou frio, completará 40 anos em 2009, mantendo sua popularidade. Também cresce o consumo de doses únicas. O mercado é preocupado com os cuidados que os países produtores dedicam à proteção do meio ambiente. A inserção do país em vários eventos mundiais, das Olimpíadas ao Campeonato Mundial de Barista (WBC), realizado pela primeira vez no Japão em 2007, tem influenciado diretamente nesse maior dinamismo de consumo.

Consumo de café no Brasil

Segundo maior consumidor de café do mundo, o mercado brasileiro também tem características bem exclusivas, conforme apontou Dantes Hurtado, presidente da Sara Lee do Brasil. A maioria das pessoas prepara de 2 a 3 cafés por dia; o café puro é a forma mais comum, mas variam as formas de preparo e consumo nas diversas regiões. De acordo com Hurtado, o café está presente em todas as listas de compras do mês; é comum a pessoa comprar café torrado e moído somente na quantidade necessária imediata, ao invés de fazer estoque. Como fator determinante de compra, ele aponta o sabor, seguido de preço e rendimento.

O consumidor, segundo Hurtado, não é leal a um único canal de venda: 47% deles visitam diferentes lojas para encontrar melhores preços. 62% dos consumidores vão às compras a pé. Fazem compras a cada 15 dias e a escolha do local se dá pela proximidade (73%), pelo menor preço (51%) ou pela promoção (39%). A decisão de compra se dá na frente da gôndola.

Mercados Futuros

O vice-presidente sênior da Prudential Bache, Eric Nadelberg, destacou a grande mudança ocorrida nos mercados por conta das inovações tecnológicas que permitiram a comunicação instantânea de qualquer tipo de informação. “Para mim, a internet e o computador pessoal influenciaram o modelo de negócios de uma maneira jamais vista desde a invenção do crédito”, destacou. Nadelberg lembrou o quanto as informações demoravam a chegar e o impacto paulatino que sua absorção tinha nos preços dos mercados futuros. “Os gráficos mostram isso. Hoje, a rapidez de
transmissão dos dados faz com que as notícias reflitam quase que simultaneamente nos gráficos”.

Apontou dados que dão conta que a participação dos mercados futuros segue crescendo em geral. Foram movimentados US$ 20 bilhões em 1992, de acordo com a Revista Futures, e hoje esse volume chega a US$ 200 bilhões hoje. Isso representa um incremento de 1000% em 15 anos, com o crescimento anual nos dois últimos anos de 30% ano, de acordo com estimativas atuais. 

A evolução do Café no Brasil

“A evolução do café no Brasil” foi o tema da palestra apresentada pelo gerente geral da Embrapa – Café, Aimbiré Fonseca e o pesquisador do Incaper – ES, Romário Ferrão, que focaram principalmente o desenvolvimento e uso de novas tecnologias para aumentar produção e melhorar a qualidade o café. Aimbiré Fonseca apresentou o trabalho desenvolvido pela Embrapa e ressaltou que o principal é conciliar os interesses de todos os elos da cadeia, produtores, indústria e consumidores.

Romário Ferrão, falou da experiência do Estado do Espírito Santo no café conillon. Segundo Ferrão, o conillon tem importante participação no mercado, pois representa cerca de 35% do volume negociado. Fonseca abordou o desenvolvimento proporcionado pelas pesquisas em genética que resultaram, entre outros, no Conillon Vitória, chegando a produzir mais de 140 sacas por hectare. Sobre o retorno do investimento feito nestes dez anos de funcionamento, considerou que o aumento de 25% na produtividade é a resposta. “Se observarmos o
aumento na produtividade, que foi de 25% nos últimos dez anos, nos doze Estados produtores, podemos concluir que para cada R$1,00 investido, temos R$25,00 de retorno”, avaliou.

Perspectivas gerais do Café do Brasil

O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga, abriu o segundo e último dia dos trabalhos apresentando um panorama do café do Brasil, destacando os avanços alcançados em relação à qualidade e à produtividade, que asseguram ao Brasil condições de garantir a liderança no suprimento mundial. Para Braga, embora a produção brasileira esteja crescendo lentamente, esse aumento se dá em linha com o desenvolvimento da demanda. Ele avaliou também que a postura pró-ativa do cafeicultor e dos empresários em geral
conferem ao país meios de atender as múltiplas formas de demandas, inclusive em nichos como os cafés especiais e os com selo de sustentabilidade e responsabilidade social.

Sustentabilidade e Certificações na Produção Brasileira de Café

A cada dia, mais e mais consumidores em todo o mundo começam a se preocupar com o consumo de alimentos e produtos cuja produção observe critérios de boas práticas sociais, econômicas e ecológicas. E isso vem crescendo também no café. “Há um avanço grande da procura pelos certificados”, atesta o coordenador Eduardo Trevisan, da Imaflora, ONG que certifica práticas sustentáveis na agricultura em florestas. Segundo ele, em 2007, a certificadora Rain Forest, com quem a Imaflora mantém parceria, certificou aqui no Brasil 1,6 milhão de sacas de café. Este ano, já foram certificadas 700 mil sacas das quais 250 mil destinadas à exportação.

Soren Knudsen, da SKG/Vaering Corp, e Martin Meyer, do Programa 4C, que fizeram parte do painel sobre Sustentabilidade e Certificações na Produção Brasileira de Café, reforçaram a mesma idéia, ressaltando que existe um movimento de o produtor aderir ao programa não tendo como motivação principal o ágio sobre o preço do produto, mas a garantia da otimização dos seus processos produtivos a partir das análises e da introdução de novas estratégias na condução de sua propriedade.

As perspectivas da Produção de Café Arábica no Brasil

A visão do produtor empresarial:
Luiz Norberto Paschoal, empresário da fazenda DaTerra, apresentou sua visão sobre a produção de café arábica no Brasil ao lado de Creuzo Takahashi, presidente da Copermonte – Cooperativa Agrícola de Monte Carmelo. Paschoal disse que sua visão, mais tecnicista e focada no marketing do negócio, é “privilégio” de um pequeno grupo entre os produtores brasileiros, pois lhes dá capacidade de absorver informações diferenciadas sobre composição e variações de preço, podendo estabelecer parâmetros para o mercado que sejam mais justos com o negócio. Considera que quadro atual que não é bom,
exceto para os que conseguiram investir em diversificação para atender a demanda de produtos com conceitos de sustentabilidade.

A contribuição do Imigrante Japonês na Produção Cafeeira

Creuzo Takahash relatou as histórias contadas por seu pai, da substituição que os imigrantes faziam do seu tradicional chá por um chá feito com folhas de café novos; das fugas de trabalhadores que não se adaptavam a fazendas e às condições de trabalho e das diversas doenças contraídas, que são contadas em matéria desta edição da Revista do Café.

Cafés Especiais do Brasil
Gabriel Carvalho Dias, presidente da BSCA, sigla em inglês para Associação Brasileira de Cafés Especiais, definiu “cafés especiais” como aquele que tenha algo especial. A partir daí, e citando Ernesto Illy, falou da importância do sabor e aroma especiais, que agregam valor ao produto e atendem à tendência internacional de consumo. Para Gabriel, é necessário retreinar os classificadores, difundir a cultura da qualidade, ensinar a “separar o bom do ótimo”, conscientizar produtores e torrefadores sobre a necessidade de manter o padrão e o conceito de qualidade.

Presidente da SCAE acredita no potencial do Brasil
Max Fabian, presidente da Associação Européia de Cafés Especiais (SCAE, na sigla em inglês), acredita que o Brasil tem condições de ampliar a produção de grãos do tipo gourmet. Em entrevista para a Revista do Café, Fabian afirmou que o país deveria explorar sua rica variedade genômica, usando-a não apenas para obter plantas mais produtivas e resistentes, mas também que produzam bebidas de sabor especial. Ele defendeu o uso de cafés descascados. “É um sistema ótimo”, elogiou Fabian, explicando que a vantagem do descascado é reduzir o risco de vender grãos com defeito.
Na palestra que realizou durante o 17º Seminário Internacional do Café, Fabian discorreu sobre as enormes potencialidades abertas com a incorporação à União Européia de dezenas de países do Leste do continente. Esses novos mercados, que apresentam vigorosas taxas de crescimento do consumo de café, injetaram ânimo nas torrefadoras européias, que vinham sofrendo com a estagnação do consumo na Europa ocidental.
Fabian disse que faltam estatísticas ao setor de cafés especiais, que permitam formar uma visão mais clara da realidade e traçar metas para o futuro. Uma das missões da SCAE, segundo ele, será incentivar a produção de estatísticas voltadas para o segmento.
Atualmente, apenas os EUA possuem levantamentos específicos sobre o segmento de cafés especiais. Segundo estudo patrocinado pela Associação de Cafés Especiais dos EUA (SCAA, na sigla em inglês), as vendas de café especial no país alcançaram US$ 12,27 bilhões em 2006, contra US$ 11,05 bilhões no ano anterior. Atualmente, cerca de 20% do consumo da bebida nos países desenvolvidos é de cafés especiais. No Brasil, segundo pesquisa da ABIC, os cafés especiais respondem por apenas 2% do consumo total de café.
A SCAE foi formada durante um encontro de representantes da comunidade de cafés especiais e alguns entusiastas ligados ao setor, realizado no dia 5 de junho de 1998. Alf Kramer foi o primeiro residente da Associação. A instituição edita uma revista trimestral, a Café Europa, distribuída gratuitamente pelo site http://www.scae.com, escrita em francês e inglês. Max Fabian convidou a todos os leitores da Revista a participarem do evento Triestespreso, a se realizar nos dias 13 a 15 de novembro de 2008, em Trieste, Itália. Mais informações no site: http://www.triestespresso.it. Casado com uma brasileira, Fabian fala português e declarou que acolherá afetuosamente todos os brasileiros que comparecerem à principal feira de cafés espressos do mundo.

Mercon prevê cenário altista para os próximos 2 anos
Apertem os cintos, os preços do café vão... subir. Essa é a previsão da Mercon, trade estabelecida em Nova Jersey, EUA. Foi exposta por seu chairman, Antonio Baltodano, em palestra no 17º Seminário Internacional do Café, realizado na terceira semana de maio, em Guarujá, São Paulo.
Baltodano estimou a safra brasileira deste ano (2008/09) em 53,9 milhões de sacas, e as dos anos seguintes, 09/10 e 10/11, em 50 e 54,8 milhões de sacas, respectivamente. Mesmo com esses volumes, bem superiores às estimativas oficiais do governo brasileiro, a relação oferta e demanda continuará delicada, em função da expectativa de uma demanda vigorosa. A Mercon estima a demanda global em 130 milhões de sacas em 2008/09, contra uma oferta de 140 milhões, configurando um superávit de 10 milhões de sacas.
A gordura, porém, não irá durar muito, pois em 2009/10, a oferta e demanda irão empatar em 134 milhões de sacas. Para 2010/11, a trade prevê outro superávit apertado, com oferta de 142 milhões de sacas e demanda em 136 milhões. O frágil equilíbrio deve se estender, pelo menos, até 2014, com superávits modestos se sucedendo a déficits de produção.
Essas projeções consideram uma demanda crescendo a ritmo moderado. Se houver ritmo moderado para forte, os déficits atingirão níveis ainda maiores e, continuando nos anos seguintes, podem prejudicar o consumo.
Baltodano usa parâmetros diferentes para produtores e importadores. Nos primeiros, ele define demanda moderada para forte em aproximadamente 4 a 5%, e estagnação em 1%. Para os países importadores, a definição de crescimento moderado para forte é de 1,5% e para estagnado entre 0,5% e 1%. Ele estima que os estoques mundiais de arábica nos países importadores estavam em 21,4 milhões de sacas em outubro de 2007 e devem atingir 28,1 milhões em outubro de 2009 e 28,6 milhões de sacas em outubro de 2010. Os estoques de robusta nos mesmos países foram estimados em 4 milhões de sacas em outubro de 2007, declinando para 2 milhões de sacas em outubro de 2008, depois subindo para 5,3 milhões de sacas em outubro de 2009 e 5,9 milhões de sacas em outubro de 2010.
A Mercon prevê que os diferenciais entre arábica e robusta, que caíram fortemente nos últimos dois anos, em benefício do último, devem voltar a crescer. A trader acredita num cenário “bullish” para o café arábica, nos próximos dois anos, com crises de oferta e exaustão dos estoques. Para o robusta, a empresa projeta a situação contrária, um aumento da oferta acima da demanda, resultando em recuperação dos estoques e queda dos preços internacionais – um cenário “bearish”.
Vale lembrar que o robusta atingiu, nos últimos dois anos, níveis recordes de preço e que, em razão de seu baixo custo de produção, o retorno financeiro dos produtores de robusta vem se apresentando superior ao dos produtores de arábica, o que incentiva a expansão do plantio e da produtividade em diversos países, como Vietnam, Brasil, Indonésia e Costa do Marfim.
O empresário expôs alguns painéis bastante interessantes sobre a produção de café na América Central, onde possui diversos escritórios e realiza boa parte de seus negócios. A América Central colheu 12 milhões de sacas de arábica em 2007/08, o que representou de 8 a 10% da produção mundial. Segundo Baltodano, a produção de café centro-americana não deve registrar expansão significativa no médio a longo prazo. O que pode ocorrer é um aumento da produtividade, no máximo da ordem de 25%, acrescentando 3 milhões de sacas à safra regional. Os obstáculos mais relevantes para o aumento do plantio de café na região é a baixa disponibilidade de terras apropriadas e a explosão dos custos de produção de 2006 a 2008. Baltodano apresentou vários painéis que mostrava a impressionante escalada do custo de fertilizante e mão-de-obra na América Central (quadro abaixo).
O custo de produção na Guatemala, por exemplo, que é o maior produtor da região, subiu de 83 para 113 centavos de dólar por libra-peso, o que corresponde a aproximadamente R$ 239 por saca de 60 kg. Na Costa Rica, que registra os melhores índices econômicos e sociais da América Central – com a mão-de-obra, portanto, mais bem paga - o custo de produção de café subiu de 98 para 124 centavos de dólar por libra-peso, ou seja, para R$ 262 por saca de 60 kg. Registre-se que, segundo a Organização Internacional do Café (OIC), o preço do tipo Outros Suaves, referência para o lavado da América Central, encerrou 2007 com uma média de 123,55 centavos de dólar por libra-peso. Nos cinco primeiros meses de 2008, a média do mesmo ficou em 147,97 centavos de dólar.
O aumento do salário mínimo e o endurecimento das leis trabalhistas refletem o desenvolvimento econômico dos países emergentes. Os países consumidores ampliaram a cobrança sobre as condições de trabalho nas fazendas de café, com alguns exigindo certificação internacional. Por estas razões, o custo da mão-de-obra na Costa Rica subiu 52% nos últimos dois anos, atingindo 52 centavos de dólar por libra-peso em 2008, cerca de 40% do custo de produção total do café.
Baltodano observou que, em função do aumento dos custos, os produtores de café da América Central não puderam desfrutar plenamente da valorização dos preços ocorrida nos últimos dois anos. E alertou que a produção mundial de café encontra-se quase estagnada, enquanto a demanda cresce a um ritmo firme, em torno de 1,5 a 2% ao ano. Apesar dos preços ascendentes, conclui o executivo, os altos custos de produção têm desencorajado investimentos em novos plantios.

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Fotos do Jantar

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