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Junho 2008 - Ano 87 - Nº 826

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08
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Diversificar a lavoura de café, com a introdução de outras alternativas de exploração agrícola/pecuária nas regiões e propriedades cafeeiras sempre foi uma preocupação das políticas para o setor, desde a época da erradicação dos cafezais, de 1961-67, passando por programas não só do Governo Brasileiro, como, também, no âmbito dos Planos da OIC-Organização Internacional do Café. Na época, o objetivo principal era evitar super-produções de café, evitando pressões negativas sobre os preços.

Passados 40 anos, a questão da diversificação permanece. Pouco se diversificou nas principais áreas cafeeiras do mundo. O exemplo maior vem da Colômbia e da América Central, onde o café representa mais de 80% da renda nas propriedades cafeeiras e nas regiões. Aqui no Brasil, o sucesso de diversificação só ocorreu nos estados do Paraná e São Paulo onde, na realidade, o café não foi diversificado, mas sim reduzido, em boa parte, pelo efeito das geadas, ali se desenvolvendo as culturas de soja, trigo, milho, cana, citrus e outras.

Nas principais zonas cafeeiras no Brasil, atualmente, como nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, onde se concentra 75% da produção de café do país, as propriedades cafeeiras e suas regiões carecem de uma maior diversificação, visando reduzir os riscos, climáticos e econômicos de uma quase monocultura.

As maiores dificuldades de diversificar têm sido encontrar atividades agrícolas/pecuárias vantajosas em termos de adaptação às condições das propriedades cafeeiras e em termos de renda. O café, bem ou mal, tem comercialização fácil, pode ser armazenado, e apresenta, se bem conduzido, uma boa renda por área, adaptando-se a pequenas, médias e grandes propriedades, em áreas montanhosas ou mecanizáveis.

No entanto, algumas alternativas de diversificação mais atraentes têm aparecido, ultimamente, e alguns exemplos de sucesso regionalmente vêm sendo observados, sendo o objetivo do presente relato.

Necessidade de diversificar

A necessidade atual de diversificar a lavoura cafeeira mudou um dos seus objetivos do passado, que era reduzir a produção global de café. A oferta do produto se encontra bem equilibrada em relação à demanda e alguns estudos apontam, até, para a necessidade de aumentar os plantios e a produção de café, visando suprir os aumentos previstos no consumo. Embora essa projeção seja coerente, no curto prazo, as safras mais altas ou suas previsões abalam o mercado, influindo negativamente nos preços, como ocorreu, recentemente, com uma previsão de safra superior a 50 milhões de sacas em 2008.


Diversificação, combinando mamoeiros
com cafeeiros, Pirapora – MG

Jardim clonal em Eng. Dolabela – MG

A diversificação é importante, hoje, pela renda adicional que pode gerar nas propriedades, aproveitando áreas pouco utilizadas, contribuindo para a sustentabilidade da própria cafeicultura.

Exemplos de sucesso na montanha

Nas regiões cafeeiras montanhosas, como ocorre no maciço formado pela Zona da Mata de Minas, Espírito Santo e Norte do Rio de Janeiro, o melhor exemplo de sucesso de diversificação tem sido com a cultura do eucalipto, na sua maioria motivado pelo pólo de celulose situado no Espírito Santo(Aracruz). O eucalipto tem apresentado custo de implantação de cerca de R$ 1.000,00 por ha, rende, sem grandes cuidados, cerca de 300 m3/ha na época do corte, com valor bruto de venda por ha de cerca de R$12.000,00, que, abatidas as despesas de corte e frete, cai para uma renda de cerca de R$ 7.500, 00, em 5-7 anos, ou seja, mais de mil reais por ha/ano.

Outros exemplos, em menor escala, combinando com o café, na mesma área tem sido com o cultivo de árvores de madeira nobre, como o cedro australiano, que vem respondendo bem em crescimento, podendo chegar ao corte aos 10-13 anos, com 1,5 m3 por árvore e ao preço de R$ 500,00-R$ 600,00 por m3, um mercado ainda não bem definido. O cultivo de palmeiras, como pupunha e palmeira real, apesar de não existir dificuldade maior quanto à parte agronômica, a questão de mercado tem sido crítica. Uma cultura que vai indo bem na região de Marechal Floriano é a de banana da terra. Cultiva-se no meio do cafezal, na fase de formação da lavoura, ou após uma recepa. Um sistema interessante é aquele onde uma lavoura adensada, de 2 m de rua, quando recepada, tem uma cada 2 linhas eliminada, neste espaço sendo plantada uma linha de bananeiras, ficando as mesmas a 4x5m sendo usado nas lavouras abertas a 5x5m. Em cerca de 3 anos de cultivo são tirados 3 cachos por planta de bananeira, então se elimina a cultura. Com 400 a 500 plantas por há, teremos 1200-1500 cachos/ha em 3 anos, cada cacho podendo render de 8,00 a 15,00 reais.


Açaí, aproveitando os fundos úmidos de
propriedade cafeeira em Mutum – MG

Cafeeiro Conillon altamente produtivo, que tem motivado
seu uso em combinação/substituição de cafeeiros arábica

Outras alternativas potenciais para as zonas montanhosas, sempre com base em cultivos perenes, já que as áreas não competem em cultivos anuais, são o cultivo de frutas e flores, a própria combinação com seringueira, que vinha bem e foi desassistida pelo Governo, além da criação de gado de leite, cujos preços do produto melhoraram, e no qual existem bons resultados em pequenas áreas de pastejo intensivo.

Alternativas nas áreas mecanizáveis

Uma das boas alternativas que vinha se mostrando nas áreas mecanizáveis era a cana de açúcar com o programa de álcool combustível e, mesmo, outras alternativas para bio-diesel, como o girassol, soja e, até o bem falado e pouco pesquisado pinhão manso, este último de manejo mais manual.

No Sul de Minas e no Triangulo Mineiro, tem crescido a diversificação de propriedades, motivada pela melhoria dos preços dos grãos, soja/milho, além da cana em micro-regiões com novas usinas e a pecuária de leite que vem sendo retomada e/ou ampliada.


Plantio de pimenta do reino

Combinação do café com banana da
terra em Marechal Floriano – ES

Na região Norte de Minas, tem crescido o cultivo de eucalipto para carvão e numa propriedade de café vem tendo sucesso o plantio da pimenta do reino, com boa renda. No Norte do Espírito Santo também a pimenta e as fruteiras, como mamão, maracujá e abacaxi. O mamão contribui para o café com a sombra inicial. Os plantadores pegam a área e plantam mamão e o café conillon, entregando o cafezal formado, a custo zero, para o proprietário, aos 2,5 anos, quando acaba a cultura do mamoeiro.

Café por café

Uma alternativa que vem ganhando corpo, nos últimos anos, impulsionada pelo pequeno diferencial de preço e pelo menor custo de produção do café robusta-conillon, tem sido a troca ou combinação do café conillon com o arábica, isto em áreas tradicionais de arábica. Tem havido grande interesse e, já, áreas em plantio nessa condição, alguns estudos indicando ser uma tendência determinada pelo próprio processo de aquecimento global, sendo o robusta mais resistente ao calor e às estiagens.

As pesquisas e os exemplos práticos mostram que é possível, tanto cultivar variedades arábica nas áreas de conillon, como o contrário.

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