Foi
realizada entre os dias 15 e 17 de outubro, a World
Specialty Coffee Conference & Exhibition 2008,
realizada pela SCAJ (Associação de Cafés
Especiais do Japão), evento de destaque na
divulgação de grãos diferenciados
em um país que se caracteriza por ser um grande
consumidor desse tipo de produto. A feira, que reuniu
mais de 20 mil participantes ligados ao setor cafeeiro
japonês e de países asiáticos,
foi realizada no Tokyo International Exhibition Center,
na capital nipônica.
O Brasil marcou presença nessa exposição,
com uma grande delegação liderada pelo
CECAFÉ- Conselho dos Exportadores de Café
do Brasil, que buscou levar aos compradores locais
um pouco da diversidade e qualidade do café
nacional. A participação se deu através
de um stand de 72 metros quadrados dos “Cafés
do Brasil”, organizado pelo CECAFÉ em
parceria com a BSCA Associação Brasileira
de Cafés Especiais. Esse ponto na feira foi
um local de encontro entre produtores, exportadores,
importadores, torrefadores e permitiu o estreitamento
de relações comerciais e até
mesmo o fechamento de alguns negócios.
Além de possibilitar uma divulgação
dos cafés especiais nacionais, a participação
na “SCAJ 2008”, segundo Guilherme Braga
Pires, Diretor Geral do CECAFÉ, também
teve um aspecto comemorativo, já que foram
ressaltados os 100 anos da imigração
japonesa no Brasil. Esse foi um dos poucos eventos
realizados em solo japonês, com apoio do governo
brasileiro, que deu destaque a essa comemoração
e foi uma forma do segmento café, que foi um
dos grandes incentivadores da vinda de nipônicos
para o Brasil, prestar uma homenagem aos primeiros
imigrantes.
A ação de divulgação foi
viabilizada graças ao financiamento do Funcafé
(Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), dentro do
programa de marketing externo dos cafés brasileiros.
Para esse trabalho, se verificou uma união
entre o CECAFÉ, que assinou o convênio
com o Fundo, e a BSCA. Com isso, foi possível
que vários representantes do segmento de specialties
coffees participassem da feira e pudessem estreitar
o relacionamento com clientes atuais e também
com potenciais compradores.
Conferência
— Além de ser um grande painel de divulgação
de cafés de qualidade, a “SCAJ 2008”
também abriu espaço para conferências,
palestras, entre outras atividades, nas quais foi
possível a divulgação de informações
relevantes sobre a atividade cafeeira internacional.
E nesses simpósios o Brasil teve destaque.
O país efetuou duas apresentações
ao longo do evento, com boa repercussão entre
os participantes.
Recepcionado pelo presidente da SCAJ e diretor geral
da Ueshima Coffee, Tatsushi Ueshima, o diretor executivo
do Cecafé, Guilherme Braga,
fez uma apresentação no evento sobre
as potencialidades do café brasileiro, além
de dar um destaque especial aos 100 anos de imigração
japonesa.
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Ao
longo de sua conferência, Braga ressaltou
a importância da comunidade japonesa no
Brasil e o destaque que a passagem do centenário
de imigração teve em todo o território
brasileiro, com várias homenagens sendo
prestadas, contando, inclusive, com a visita do
príncipe Naruhito ao país.
“Há exatamente 100 anos teve inicio
a imigração japonesa para o Brasil,
com grande impacto na cafeicultura brasileira.
A dedicação dos trabalhadores japoneses
e a sua vinda para as fazendas permitiu a ampliação
das lavouras cafeeiras e foi fundamental para
o alargamento da fronteira agrícola do
país. O avanço das plantações
de café rumo ao interior de São
Paulo e do desbravamento do norte do Paraná,
verdadeira epopéia que teve o apoio decisivo
do braço do imigrante japonês, proporcionou
prosperidade a essas regiões”, destacou
Braga em sua apresentação. |
O diretor do Cecafé ainda lembrou que, a partir
da década de 50 do século passado, o
Japão passou a se mostrar um grande consumidor
mundial de café, fruto da competência
do segmento cafeeiro nipônico, que promoveu
de forma muito efetiva o produto. “O crescimento
do mercado japonês beneficiou, sem dúvida,
o conjunto dos países produtores de café,
e especialmente o Brasil, que mereceu o privilégio
de ocupar a liderança do mercado durante todo
o período de construção e desenvolvimento
da indústria japonesa do café”,
apontou.
Ainda
dentro das apresentações brasileiras
na feira da SCAJ, ocorreu a preleção
de Lucas Tadeu Ferreira, diretor
do Departamento de Café do Ministério
da Agricultura, e representante do Ministro Reinhold
Stephanes no evento. Ele fez uma ampla abordagem
sobre as características e a produção
das principais regiões cafeeiras do país,
ressaltando as diversas variedades encontradas,
dando ainda destaque para o aumento do consumo
interno e a trajetória das exportações
do grão. |
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Cafés
especiais: participação muito positiva
na feira da SCAJ
A
World Specialty Coffee Conference & Exhibition
2008 foi uma grande oportunidade de os cafés
brasileiros de qualidade serem mostrados para um público
selecionado. E os representantes brasileiros do setor
de specialties coffees puderam efetuar uma ampla divulgação
de seus produtos.
De
acordo com Gabriel Carvalho Dias,
presidente da BSCA (Associação
Brasileira de Cafés Especiais), a parceria
efetuada entre a Associação e
o CECAFÉ (Conselho dos Exportadores de
Café do Brasil) para a participação
no evento no Japão foi proveitosa, já
que possibilitou a elaboração
de um espaço ideal para recepcionar compradores
e estreitar relacionamentos com parceiros japoneses.
Segundo
Dias, um evento do porte da feira da SCAJ (Associação
de Cafés Especiais do Japão) tem
a função principal de reforçar
a imagem dos cafés brasileiros, já
que o produto possui um significativo reconhecimento
no mercado daquele país asiático.
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“Os
japoneses valorizam muito a ida ao país deles,
eles prezam esse relacionamento mais direto. E essa
feira foi uma oportunidade muito boa para termos tal
solidificação de relação
junto a nossos clientes e a potenciais compradores”,
explicou o presidente da Associação.
Os membros de empresas de cafés especiais também
viram na “SCAJ 2008” uma boa oportunidade
para efetuar a divulgação de suas marcas
e de estreitar o contato com compradores que enxergam
no café brasileiro um produto de alta qualidade
e ideal para os blends locais.
Para José Francisco Pereira, diretor da Monte
Alegre Coffees, feiras como a realizada em outubro
em solo japonês são muito produtivas.
Para ele, o fato de o evento ser direcionado para
quem atua diretamente com café permite uma
aproximação maior com os clientes, além
de se ter a possibilidade de realizar a divulgação
de uma região produtora ou mesmo de uma propriedade
específica.
“Com um investimento baixo podemos atingir um
bom público. Paralelamente, nós tivemos
nesse evento conferências sobre variedades do
café brasileiro, o que permitiu, inclusive,
quebrar tabus sobre o nosso produto. Também
tivemos um material de marketing bem elaborado, o
que, evidentemente, é um grande diferencial”,
disse.
Tendência
— Na visão de Luiz Augusto Monguilod,
da Expocaccer, o que se sente no Japão é
uma tendência presente de valorização
de cafés finos e também certificados,
ao passo que os orgânicos estão perdendo
espaço para o produto que tenha características
positivas sociais e ambientais. Segundo ele, isso
ficou evidente no relacionamento com os compradores
que passaram pelo stand brasileiro na “SCAJ
2008” e nas reuniões empreendidas com
parceiros locais.
“Efetuamos visitas a empresas como Mitsui, Mitsubishi,
Itochu, Key Coffee, UTC e Suntory. E em todas essas
companhias verificamos que elas querem firmar contratos
de longo prazo, visando garantir o fornecimento do
produto de qualidade. Alguns representantes de empresas
demonstraram preocupação com o avanço
da cana-de-açúcar em áreas de
café e até por isso propuseram esses
contratos mais longos”, apontou Monguilod.
Gabriel
Carvalho Dias |
José
Francisco Pereira |
Luiz
Augusto Monguilod |
Ismael
Andrade |
Para Ismael Andrade, da Andrade Bros, a participação
no evento demonstrou uma consolidação
do Brasil no segmento de cafés especiais no
mercado asiático, uma vez que a feira também
contou com a participação de compradores
chineses e coreanos. Segundo ele, a elaboração
de um stand forte do país, com muitos participantes,
foi adicionalmente uma forma de os “Cafés
do Brasil” demonstrarem a potência do
produto nacional frente aos concorrentes, que também
marcaram presença no evento.
Já a diretora da AdecoAgro, Maria Dircéia
Mendes, lembrou que a participação brasileira
na World Specialty Coffee Conference foi caracterizada
pelo profissionalismo em executar o marketing do café
nacional, sendo que as várias regiões
do país mereceram destaque, algo que, efetivamente,
atrai o comprador interessado em produtos diferenciados.
“Para nós, que já vendemos para
o Japão, foi uma boa oportunidade de estreitar
essa ligação e conseguir nos aproximar
de novos clientes”, observou Maria. Até
quem já conta com uma larga experiência
em eventos no Japão considera que a participação
brasileira na “SCAJ 2008” foi das mais
positivas. Luiz Paulo Dias Pereira Filho, da Carmo
Coffees, com uma bagagem de sete feiras em solo japonês,
apontou que os resultados verificados neste ano foram
muito relevantes, sendo que a questão da união
foi um diferencial.
“Essa demonstração de unidade
do segmento brasileiro de café foi muito importante
e isso é repassado para o comprador, que verifica
que estamos com um trabalho sério e focado”,
explicou Luiz Paulo, que ressaltou que a Carmo Coffees
teve a oportunidade no evento de efetuar muitas reuniões
com compradores e parceiros nipônicos, o que
é uma forma de ampliar o leque de vendas naquele
país.
Cristiano Ottoni, da Bourbon Specialty Coffees, que
também esteve presente ao evento, declarou
que a feira foi um grande painel, no qual, dos pequenos
torrefadores até as gigantes do setor marcaram
presença, sendo que muitos contatos puderam
ser realizados.
“Tivemos a oportunidade de falar com possíveis
novos clientes em um momento em que o mercado japonês
está fluindo melhor, já que o yen é
praticamente a única moeda que se fortaleceu
nas últimas semanas ante o dólar. Ou
seja, a condição de troca para o torrefador
daquele país está melhor”, disse.
Maria
Dircéia Mendes |
Luiz
Paulo Dias Pereira |
Henrique
Cambraia |
Cristiano
Ottoni |
O diretor da Cambraia State, Henrique Cambraia, por
sua vez, apontou que confiança e consistência
são palavras chave, no relacionamento comercial
com os compradores japoneses. E tais características
foram passadas pelo Brasil em sua exposição
nos três dias de evento.
“O apoio dos ‘Cafés do Brasil’
na gestão da verba para o CECAFÉ, que
em parceria com a BSCA, permitiu que tivéssemos
um stand de grande magnitude, destacando nossa variedade
de grãos e pudemos, dessa forma, também
demonstrar um grande respeito ao comércio deles,
o que é algo muito considerável”,
complementou Cambraia.
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