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Dezembro 2008 - Ano 87 - Nº 828

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Foi realizada entre os dias 15 e 17 de outubro, a World Specialty Coffee Conference & Exhibition 2008, realizada pela SCAJ (Associação de Cafés Especiais do Japão), evento de destaque na divulgação de grãos diferenciados em um país que se caracteriza por ser um grande consumidor desse tipo de produto. A feira, que reuniu mais de 20 mil participantes ligados ao setor cafeeiro japonês e de países asiáticos, foi realizada no Tokyo International Exhibition Center, na capital nipônica.

O Brasil marcou presença nessa exposição, com uma grande delegação liderada pelo CECAFÉ- Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, que buscou levar aos compradores locais um pouco da diversidade e qualidade do café nacional. A participação se deu através de um stand de 72 metros quadrados dos “Cafés do Brasil”, organizado pelo CECAFÉ em parceria com a BSCA Associação Brasileira de Cafés Especiais. Esse ponto na feira foi um local de encontro entre produtores, exportadores, importadores, torrefadores e permitiu o estreitamento de relações comerciais e até mesmo o fechamento de alguns negócios.

Além de possibilitar uma divulgação dos cafés especiais nacionais, a participação na “SCAJ 2008”, segundo Guilherme Braga Pires, Diretor Geral do CECAFÉ, também teve um aspecto comemorativo, já que foram ressaltados os 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Esse foi um dos poucos eventos realizados em solo japonês, com apoio do governo brasileiro, que deu destaque a essa comemoração e foi uma forma do segmento café, que foi um dos grandes incentivadores da vinda de nipônicos para o Brasil, prestar uma homenagem aos primeiros imigrantes.

A ação de divulgação foi viabilizada graças ao financiamento do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), dentro do programa de marketing externo dos cafés brasileiros. Para esse trabalho, se verificou uma união entre o CECAFÉ, que assinou o convênio com o Fundo, e a BSCA. Com isso, foi possível que vários representantes do segmento de specialties coffees participassem da feira e pudessem estreitar o relacionamento com clientes atuais e também com potenciais compradores.

Conferência — Além de ser um grande painel de divulgação de cafés de qualidade, a “SCAJ 2008” também abriu espaço para conferências, palestras, entre outras atividades, nas quais foi possível a divulgação de informações relevantes sobre a atividade cafeeira internacional. E nesses simpósios o Brasil teve destaque. O país efetuou duas apresentações ao longo do evento, com boa repercussão entre os participantes.

Recepcionado pelo presidente da SCAJ e diretor geral da Ueshima Coffee, Tatsushi Ueshima, o diretor executivo do Cecafé, Guilherme Braga, fez uma apresentação no evento sobre as potencialidades do café brasileiro, além de dar um destaque especial aos 100 anos de imigração japonesa.

Ao longo de sua conferência, Braga ressaltou a importância da comunidade japonesa no Brasil e o destaque que a passagem do centenário de imigração teve em todo o território brasileiro, com várias homenagens sendo prestadas, contando, inclusive, com a visita do príncipe Naruhito ao país.

“Há exatamente 100 anos teve inicio a imigração japonesa para o Brasil, com grande impacto na cafeicultura brasileira. A dedicação dos trabalhadores japoneses e a sua vinda para as fazendas permitiu a ampliação das lavouras cafeeiras e foi fundamental para o alargamento da fronteira agrícola do país. O avanço das plantações de café rumo ao interior de São Paulo e do desbravamento do norte do Paraná, verdadeira epopéia que teve o apoio decisivo do braço do imigrante japonês, proporcionou prosperidade a essas regiões”, destacou Braga em sua apresentação.

O diretor do Cecafé ainda lembrou que, a partir da década de 50 do século passado, o Japão passou a se mostrar um grande consumidor mundial de café, fruto da competência do segmento cafeeiro nipônico, que promoveu de forma muito efetiva o produto. “O crescimento do mercado japonês beneficiou, sem dúvida, o conjunto dos países produtores de café, e especialmente o Brasil, que mereceu o privilégio de ocupar a liderança do mercado durante todo o período de construção e desenvolvimento da indústria japonesa do café”, apontou.

Ainda dentro das apresentações brasileiras na feira da SCAJ, ocorreu a preleção de Lucas Tadeu Ferreira, diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, e representante do Ministro Reinhold Stephanes no evento. Ele fez uma ampla abordagem sobre as características e a produção das principais regiões cafeeiras do país, ressaltando as diversas variedades encontradas, dando ainda destaque para o aumento do consumo interno e a trajetória das exportações do grão.

Cafés especiais: participação muito positiva na feira da SCAJ

A World Specialty Coffee Conference & Exhibition 2008 foi uma grande oportunidade de os cafés brasileiros de qualidade serem mostrados para um público selecionado. E os representantes brasileiros do setor de specialties coffees puderam efetuar uma ampla divulgação de seus produtos.

De acordo com Gabriel Carvalho Dias, presidente da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), a parceria efetuada entre a Associação e o CECAFÉ (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) para a participação no evento no Japão foi proveitosa, já que possibilitou a elaboração de um espaço ideal para recepcionar compradores e estreitar relacionamentos com parceiros japoneses.

Segundo Dias, um evento do porte da feira da SCAJ (Associação de Cafés Especiais do Japão) tem a função principal de reforçar a imagem dos cafés brasileiros, já que o produto possui um significativo reconhecimento no mercado daquele país asiático.

“Os japoneses valorizam muito a ida ao país deles, eles prezam esse relacionamento mais direto. E essa feira foi uma oportunidade muito boa para termos tal solidificação de relação junto a nossos clientes e a potenciais compradores”, explicou o presidente da Associação.
Os membros de empresas de cafés especiais também viram na “SCAJ 2008” uma boa oportunidade para efetuar a divulgação de suas marcas e de estreitar o contato com compradores que enxergam no café brasileiro um produto de alta qualidade e ideal para os blends locais.

Para José Francisco Pereira, diretor da Monte Alegre Coffees, feiras como a realizada em outubro em solo japonês são muito produtivas. Para ele, o fato de o evento ser direcionado para quem atua diretamente com café permite uma aproximação maior com os clientes, além de se ter a possibilidade de realizar a divulgação de uma região produtora ou mesmo de uma propriedade específica.

“Com um investimento baixo podemos atingir um bom público. Paralelamente, nós tivemos nesse evento conferências sobre variedades do café brasileiro, o que permitiu, inclusive, quebrar tabus sobre o nosso produto. Também tivemos um material de marketing bem elaborado, o que, evidentemente, é um grande diferencial”, disse.

Tendência — Na visão de Luiz Augusto Monguilod, da Expocaccer, o que se sente no Japão é uma tendência presente de valorização de cafés finos e também certificados, ao passo que os orgânicos estão perdendo espaço para o produto que tenha características positivas sociais e ambientais. Segundo ele, isso ficou evidente no relacionamento com os compradores que passaram pelo stand brasileiro na “SCAJ 2008” e nas reuniões empreendidas com parceiros locais.

“Efetuamos visitas a empresas como Mitsui, Mitsubishi, Itochu, Key Coffee, UTC e Suntory. E em todas essas companhias verificamos que elas querem firmar contratos de longo prazo, visando garantir o fornecimento do produto de qualidade. Alguns representantes de empresas demonstraram preocupação com o avanço da cana-de-açúcar em áreas de café e até por isso propuseram esses contratos mais longos”, apontou Monguilod.


Gabriel Carvalho Dias

José Francisco Pereira

Luiz Augusto Monguilod

Ismael Andrade

Para Ismael Andrade, da Andrade Bros, a participação no evento demonstrou uma consolidação do Brasil no segmento de cafés especiais no mercado asiático, uma vez que a feira também contou com a participação de compradores chineses e coreanos. Segundo ele, a elaboração de um stand forte do país, com muitos participantes, foi adicionalmente uma forma de os “Cafés do Brasil” demonstrarem a potência do produto nacional frente aos concorrentes, que também marcaram presença no evento.

Já a diretora da AdecoAgro, Maria Dircéia Mendes, lembrou que a participação brasileira na World Specialty Coffee Conference foi caracterizada pelo profissionalismo em executar o marketing do café nacional, sendo que as várias regiões do país mereceram destaque, algo que, efetivamente, atrai o comprador interessado em produtos diferenciados.

“Para nós, que já vendemos para o Japão, foi uma boa oportunidade de estreitar essa ligação e conseguir nos aproximar de novos clientes”, observou Maria. Até quem já conta com uma larga experiência em eventos no Japão considera que a participação brasileira na “SCAJ 2008” foi das mais positivas. Luiz Paulo Dias Pereira Filho, da Carmo Coffees, com uma bagagem de sete feiras em solo japonês, apontou que os resultados verificados neste ano foram muito relevantes, sendo que a questão da união foi um diferencial.

“Essa demonstração de unidade do segmento brasileiro de café foi muito importante e isso é repassado para o comprador, que verifica que estamos com um trabalho sério e focado”, explicou Luiz Paulo, que ressaltou que a Carmo Coffees teve a oportunidade no evento de efetuar muitas reuniões com compradores e parceiros nipônicos, o que é uma forma de ampliar o leque de vendas naquele país.

Cristiano Ottoni, da Bourbon Specialty Coffees, que também esteve presente ao evento, declarou que a feira foi um grande painel, no qual, dos pequenos torrefadores até as gigantes do setor marcaram presença, sendo que muitos contatos puderam ser realizados.

“Tivemos a oportunidade de falar com possíveis novos clientes em um momento em que o mercado japonês está fluindo melhor, já que o yen é praticamente a única moeda que se fortaleceu nas últimas semanas ante o dólar. Ou seja, a condição de troca para o torrefador daquele país está melhor”, disse.


Maria Dircéia Mendes

Luiz Paulo Dias Pereira

Henrique Cambraia

Cristiano Ottoni

O diretor da Cambraia State, Henrique Cambraia, por sua vez, apontou que confiança e consistência são palavras chave, no relacionamento comercial com os compradores japoneses. E tais características foram passadas pelo Brasil em sua exposição nos três dias de evento.

“O apoio dos ‘Cafés do Brasil’ na gestão da verba para o CECAFÉ, que em parceria com a BSCA, permitiu que tivéssemos um stand de grande magnitude, destacando nossa variedade de grãos e pudemos, dessa forma, também demonstrar um grande respeito ao comércio deles, o que é algo muito considerável”, complementou Cambraia.

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