O
Novo Consumidor Brasileiro” foi o tema central
do 16° Encafé, que aconteceu entre os dias
19 e 23 de novembro, no Resort Enotel, na paradisíaca
praia de Porto de Galinhas, no litoral Pernambucano.
Reunindo mais de 550 participantes, o evento, promovido
pela ABIC – Associação Brasileira
da Indústria de Café discutiu e analisou,
em seus painéis e palestras, diversas oportunidades
de mercado e as perspectivas do agronegócio
café para 2009.
Em seu discurso de boas-vindas, na cerimônia
de abertura, o presidente da ABIC, Almir José
da Silva Filho, disse que sua expectativa é
que a crise mundial não afete os negócios
de café no Brasil. “O café vai
continuar a ocupar a mesa do brasileiro diariamente”,
disse, acrescentando em tom bastante otimista que
“a tecnologia de produção evolui
possibilitando a oferta de produtos de qualidade a
preços acessíveis. Portanto, está
mantido o objetivo de industrializarmos 21 milhões
de sacas no ano de 2010”.
Também otimista foi a apresentação
feita, também na cerimônia de abertura,
pelo diretor executivo da OIC – Organização
Internacional do Café, Néstor Osorio.
Ele fez uma avaliação da influência
da crise econômica mundial sobre a cafeicultura,
e trouxe boas notícias para o setor. Na sua
opinião, os preços devem se manter estáveis,
seguindo os fundamentos de mercado. Seu tom positivo
é ancorado na básica lei da oferta e
procura. Para tanto, citou o consumo mundial na ordem
de 128 milhões de sacas e uma produção
de 138 milhões nessa safra. O consumo deve
seguir crescendo na ordem de 2 milhões de sacas/ano,
enquanto o quadro de oferta tende a diminuir, lembrando
que o mundo não tem mais estoques, o que deixa
o mercado em uma situação bastante vulnerável.
Ainda durante esta solenidade, foi oficializado o
novo convênio entre a Agência Brasileira
de Promoção de Exportações
e Investimentos, Apex-Brasil, e a ABIC, para o período
2008–2010, que prevê investimentos de
R$ 24,084 milhões em ações de
promoção do café industrializado
(em grão torrado ou torrado e moído)
no mercado internacional, visando o aumento das exportações.
O novo projeto prevê, também, novas estratégias
para a inserção dos Cafés do
Brasil em diferentes mercados, principalmente os considerados
“traders”, que são países
ou regiões com um alto potencial de comercialização
dos produtos, mas ainda com baixo consumo, como Panamá,
Chile, Turquia e Cingapura, entre outros.
Consumo
e Qualidade
A parte de palestras foi aberta com uma boa notícia
para as indústrias de café. Nos últimos
cinco anos houve um aumento de seis pontos percentuais
no total de pessoas que consomem café habitualmente.
O dado faz parte da sexta edição da
pesquisa “Tendências do Consumo de Café
no Brasil”, apresentada por Ivani Rossi diretora
da InterScience.
O salto de 91% para 97% no consumo, segundo Ivani
Rossi, diretora de planejamento da empresa, indica que
este é um mercado maduro, ou seja, com quase
100% de penetração. Por isso, ressalta
a socióloga, a necessidade de inovar e de revisar
conceitos é muito importante para manter e
ampliar o consumo.
A exemplo da pesquisa realizada no ano passado, a
melhoria da qualidade é fundamental, e a inovação
é uma palavra que volta, tanto para conquistar
o público mais jovem, como para manter a penetração
da bebida nos patamares em que se encontra. No que
se refere aos jovens, boas notícias também:
os dados apontam para um crescimento de nove pontos
percentuais no número de consumidores entre 15
a 19, chegando a 94%.
Para o consultor Eugênio Foganholo, diretor
da Mixxer Desenvolvimento Empresarial e coordenador
do painel “o Novo Consumidor Brasileiro”,
a tendência do setor é mesmo ir ao encontro
do consumidor jovem. “Um dos indicativos de
que o mercado se move nesta direção
é a campanha publicitária realizada
pelo Ministério da Agricultura”, disse.
Numa das peças, um filme de 30 segundos feito
para veiculação em TV, o café
é associado a características positivas,
como a melhora do humor e aumento da concentração.
Foganholo observa que, até mesmo os modelos
da propaganda são jovens, algo que reforça
a perspectiva de atrair as novas gerações
que parecem, gradualmente, perder o hábito
de “tomar um cafezinho”.

Novos canais de distribuição e a importância
do café no fast-food também foram debatidos.
Outro tema que marcou as diversas palestras foi sobre
o mercado de cafés sustentáveis –
cujo conceito se baseia no processo produtivo que
cumpra, obrigatoriamente, todos os requisitos de sustentabilidade
econômica, social e ambiental.
Uma das conclusões é que o mercado dos
cafés socialmente correto deva seguir o mesmo
caminho percorrido pelos cafés gourmets: um
segmento que começou muito pequeno, ainda nos
anos 90, e que hoje cresce na ordem de 15% ao ano
ou mais, enquanto o setor de cafés tradicionais
evolui em média de 1,5% a 2% ao ano. O crescimento
do nicho de gourmet ocorreu pela maior qualidade oferecida.
Já a maior demanda dos cafés sustentáveis
ocorrerá em função da maior conscientização
da população sobre o que são
esses cafés socialmente corretos e sobre a
necessidade de se preservar condições
de vida saudáveis para as futuras gerações.
Diante desses consumidores mais exigentes e rigorosos,
e em vista do mercado cada vez mais competitivo, a
sustentabilidade será o grande diferencial
das indústrias de café nos próximos
dez anos.
Essa foi uma das conclusões a que chegaram
os quatro executivos que participaram do painel “Sustentabilidade
e as Indústrias de Café”. Em formato
de entrevista e coordenado por Nathan Herszkowicz,
o painel contou com a participação de
Francisco Campiche, gerente Técnico e de Qualidade
da Nespresso para a América Latina; Ricardo
Carvalheira, presidente da Starbucks do Brasil; Sydney
Marques Paiva, presidente da indústria Café
Bom Dia e Almir José da Silva Filho, diretor-executivo
da indústria Café Toko.
Melhor
café do Brasil
Durante
o Encafé foi também realizado o já
tradicional Concurso Nacional ABIC de Qualidade do
Café. O produtor paulista Homero Teixeira de
Macedo Junior, da Fazenda Recreio, de São Sebastião
da Grama, região Mogiana, foi o grande campeão
desta quinta edição do concurso. Seu
lote recebeu o maior lance no leilão: foi arrematado
por R$ 2.470,00 a saca pelo Consórcio Qualidade
Brasil, integrado pelas empresas Café Guidalli,
Café Campeão, Café Vista Linda
e Café Santes.
Homero de Macedo Junior também foi o 1º
colocado na categoria Café Descascado. Já
o produtor mineiro Francisco Luiz da Costa, da Fazenda
Santana, localizada no município de Jacuí,
na região do Sul de Minas, conquistou o 1º
lugar na categoria Café Natural. Seu lote foi
comprado por R$ 2.200,00 a saca pelo Consórcio
Brasil, formado por Café Damasco, Café
Cajubá, Café Iguaporã e Café
Toko. |