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Dezembro 2008 - Ano 87 - Nº 828

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Diante do computador, procurava uma história para contar. Duas fazendas e dois fazendeiros imediatamente me vieram à lembrança, e as distâncias de seus comportamentos me pareceram muito interessantes: Joaquim José de Souza Breves e Joaquim Ribeiro de Avellar Junior, visconde de Ubá.

Joaquim de Souza Breves, o tão afamado “rei do café”, figura das mais controvertidas da história da cafeicultura, ainda não teve quem criasse coragem de esmiuçar a imensa documentação existente sobre suas fazendas e sua vida. Mas alguns fatos sempre saltaram aos olhos dos pesquisadores. Quem foi esse homem que parece ter passado pela vida apenas interessado em suas fazendas e seus escravos? Joaquim acumulou durante sua existência uma fortuna incalculável. Tinha dezenas de fazendas e milhares de escravos, porém não procurou e não obteve nenhum título de nobreza. Foi amigo de D. Pedro I e tinha muitos amigos políticos importantes na corte, mas é provável que não gozasse de grande prestígio junto a D. Pedro II.

Vestia-se de forma elegante quando viajava para a corte, mas em sua fazenda apresentava-se sempre como um verdadeiro homem do campo, cuidando pessoalmente dos afazeres de suas propriedades.

Suas atitudes o envolveram em processos judiciais de toda a natureza, como o tráfico de escravos e a sua desobediência às ordens judiciais que lhe trouxeram fama. Mas por outro lado, a hospitalidade de sua casa (fazenda da Grama), e a educação esmerada que deu as filhas foram sempre ressaltadas pelos viajantes que por ela passaram. Esta é uma das faces de um grande fazendeiro e grande produtor de café, que construiu seu próprio império.

Nas terras da fazenda do “Pau Grande” tudo se iniciou no século XVIII, com a doação da sesmaria denominada “Manga larga”, concedida a Francisco Gomes Ribeiro, em 1735, vizinha da sesmaria do “Pau Grande”, que foi mais tarde concedida aos sobrinhos Marcos, Manuel e Francisco Gomes Ribeiro. Ao falecer Marcos, que era padre, sem herdeiros, tornaram-se proprietários das terras do “Pau Grande” os irmãos Manoel e Francisco. Outros familiares vieram posteriormente de Portugal, e foram residir na fazenda, no entanto, por muito tempo morou e administrou “Pau Grande”, transformando-a num grande engenho de cana de acúçar, José Rodrigues da Cruz, tio paterno de Joaquim Ribeiro de Avellar.

Em 1805, Luiz Gomes Ribeiro, casado com uma sobrinha de José Rodrigues da Cruz, e cunhado do futuro barão de Capivari acabou de construir a grandiosa casa de moradia, em estilo de quinta portuguesa, importando materiais de Portugal, principalmente os vidros e as grades de ferro das sacadas da fachada principal. Uma capela central separa a construção em duas casas distintas, onde habitavam os parentes da família, que viviam independentes, em cada uma das alas, e esta imponente construção não encontra paralelo em todo o vale do Paraíba. Mas, por sérios desentendimentos na administração da fazenda com os demais familiares sócios e proprietários daquele grande latifúndio, Luiz Gomes Ribeiro, até então o principal administrador, em 1817, resolve deixar “Pau Grande”, com sua mulher e filhos, se transferindo para a fazenda vizinha do Guaribu. A partir de 1839, Joaquim Ribeiro de Avellar, futuro barão de Capivari, passou a cuidar da fazenda junto com suas irmãs e sócias.

Joaquim Ribeiro de Avellar, teve um único filho, ilegítimo, o qual perfilhou, sem contudo declarar a mãe e empenhou-se para torná-lo um homem respeitado pela sociedade. Fê-lo estudar e procurou casá-lo com a filha do conselheiro José Maria Velho da Silva que era ainda Mordomo Mor de D. Pedro II, e sua esposa D. Leonarda Velho, dama honorária da Imperatriz.

O casamento contratado em 1842, só foi realizado em 1849, depois de Joaquim ter recebido em 1847 o título de barão de Capivari, e com as “honras de grandeza” em 1848. Antes disso ele também foi vereador de 1833-1836, e de 1841-1844, foi coronel da Guarda Nacional, deputado e comendador da Ordem da Rosa.


Joaquim José de Souza Breves

Visconde e Viscondessa de Ubá

Ao falecer em 1863, o patrimônio do barão de Capivari foi estimado em 858:670$300 réis, com 709 escravos e 828 mil pés de café. Seu filho, Joaquim Ribeiro de Avellar Junior, continuou a administrar a fazenda, preocupando-se principalmente em investir seu capital em compra de ações e em fazer empréstimos a juros. Em suas anotações de devedores para o ano de 1869, a soma de empréstimos atinge o total extraordinário de 699:485$713 réis.

Joaquim Junior não só aumentou o patrimônio deixado pelo pai, como levou uma vida de fausto. Passava férias em sua elegante casa de Petrópolis, quando aproveitava para fazer visitas à família imperial, e também na rica residência do Catete, no Rio de Janeiro, onde ia a concertos e óperas. Viajou para a Europa, e criou os filhos com uma preceptora francesa. Em 1887, pouco antes de falecer, foi agraciado com o título de visconde de Ubá.

O prestígio e as fazendas da família Avellar expandiam-se por toda a região de Vassouras e Paty do Alferes, mas a história da fazenda de “Pau Grande”confunde-se com a da localidade de Avellar, tal foi a sua importância.

Joaquim José de Souza Breves foi um grande fazendeiro cafeicultor, um homem de negócios, mas Joaquim Ribeiro de Avellar, visconde de Ubá, embora tenha sido grande produtor de café, não construiu um império comparável à de Joaquim Breves, entretanto, empenhou-se em viver junto á corte e conciliar com sucesso a administração rentável e produtiva de sua fazenda.

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