Home
Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Dezembro 2008 - Ano 87 - Nº 828

AVANÇAR
12
VOLTAR
 

O Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul concluiu a primeira fase da pesquisa “A cafeína como estratégia de prevenção contra o declínio cognitivo decorrente da idade e em modelo experimental da doença de Alzheimer”, coordenado pela pesquisadora Lisiane Porciúncula, neurocientista, recentemente publicada na revista Neuroscience e Neurochemistry Internacional. Entre as conclusões desta fase está a de que o cafezinho pode favorecer a saúde no processo de envelhecimento. A Revista do Café ouviu a Dra. Lisiane Porciúncula.

RC – Qual a importância dessa pesquisa?
LP – Num país em desenvolvimento e com o sistema de saúde como o nosso, e considerando que a população brasileira está envelhecendo pelo aumento da expectativa de vida, essa pesquisa auxilia no conhecimento de como um componente usual da dieta, a cafeína, pode ser benéfico para a saúde. Independentemente da classe social, o café está sempre presente na dieta alimentar das pessoas, em maior ou menor quantidade. Cabe lembrar que a cafeína está presente também em chás, chimarrão, chocolate e refrigerantes, entre outros.

RC – Quais os resultados demonstrados nas pesquisas?
LP - Nossas pesquisas demonstraram que camundongos tratados durante um período de 12 meses com cafeína apresentaram melhor desempenho em tarefas de aprendizado e memória do que os animais que envelheceram e não consumiram cafeína. Além disso, caracterizou-se também que o desempenho desses animais idosos que receberam cafeína foi similar aos animais jovens adultos. Um outro estudo realizado em nosso laboratório também encontrou que a cafeína consumida durante quatro dias em doses que correspondem ao consumo de 2-3 xícaras de café melhora a memória dos animais. Esse efeito foi relacionado a um aumento em uma proteína que é fundamental para o desenvolvimento e funcionamento dos neurônios que se chama fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, do inglês brain-derived neurotrophic factor). O tratamento com cafeína aumenta a quantidade de BDNF nos animais adultos ao mesmo tempo em que melhora o desempenho em tarefas de aprendizado e memória.

RC – Em relação à doença de Alzheimer, o consumo da cafeína pode trazer benefícios?
LP - No que diz respeito ao modelo experimental da Doença de Alzheimer – degeneração cerebral caracterizada por perda da memória, demência e desorientação - já temos evidências de que a cafeína previne o declínio cognitivo dos animais submetidos ao modelo da doença e esse efeito parece estar associado à preservação de proteínas presentes nas sinapses. De fato, algumas proteínas importantes para o funcionamento das sinapses são perdidas na Doença de Alzheimer e isso contribuiria para a perda da memória. O que observamos nos animais é que, no modelo experimental da doença, essas proteínas também diminuem e a cafeína previne esse efeito. Esse estudo está em fase final e conta com a colaboração da Universidade de Coimbra. Ainda outros estudos feitos em humanos encontraram que a cafeína parece ser mais efetiva em prevenir a demência em mulheres do que em homens.

Pretendemos investigar se existe a participação dos hormônios nesses diferentes efeitos da cafeína conforme o gênero.

Um outro projeto que depende também de financiamento diz respeito ao restrito consumo de cafeína por gestantes. De fato, até o presente momento, embora os estudos apresentem controvérsias, não é recomendável o consumo de café ou bebidas que contenham cafeína especialmente no primeiro trimestre da gestação. Pretendemos estabelecer em ratas grávidas qual a quantidade de cafeína que pode ser consumida sem causar efeitos diversos sobre vários parâmetros do funcionamento cerebral dos fetos e recém-nascidos. Pretendemos fazer um estudo onde vamos avaliar a quantidade de várias proteínas das sinapses nos animais de diferentes idades nascidos de fêmeas que consumiram diferentes doses de cafeína. Além disso, analisaremos por meio de tarefas comportamentais o aprendizado e a memória desses animais na sua vida adulta.

REVISTA DO CAFÉ - INÍCIO
 
Rua da Quitanda, 191 - 8º andar - Centro - Rio de Janeiro - Brasil - Tel: (21) 2516-3399 / Fax: (21) 2253-4873 - email: riocafe@cccrj.com.br
Todos os direitos reservados - copyright 2006 - Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro - Desenvolvido por Ivan F. Cesar