Chegamos
ao Cerrado Mineiro no ano de 1986, e logo depois teve
início uma grave crise, que viria a somar-se,
em 1990, ao fim do Instituto Brasileiro do Café,
o IBC. Nós, produtores, nos sentimos órfãos
de pai e mãe, mas logo começamos um
movimento que daria início à criação
das associações de cafeicultores. A
primeira foi a de Araguari, na seqüência
vieram outras cinco. Com a necessidade de um órgão
gestor, criamos em 1992 o Conselho das Associações
dos Cafeicultores do Cerrado – CACCER, que é
detentor da marca Café do Cerrado e que possui
uma região demarcada, composta por 55 municípios
com aproximadamente 160 mil ha de café.
Como uma coisa puxa a outra, depois das associações
veio também a necessidade de viabilizar o armazenamento
e a comercialização do café produzido
na região; demos início, então,
à criação das Cooperativas dos
Cafeicultores do Cerrado. Hoje são seis cooperativas
responsáveis pelo recebimento de perto de 1,5
milhões de sacas.
Depois da crise de 1992 e da criação
do Plano Real, a cafeicultura entrou em uma fase muito
boa (1994 a 1998). Os produtores que conseguiram sobreviver
àquela crise melhoraram as suas propriedades,
tendo como principais incrementos o aumento da produtividade
e a melhoria da qualidade.
O ciclo de baixa seguinte veio justamente em 1998.
Os custos eram tão altos que assustavam os
produtores. Façamos uma breve comparação
do início do Plano Real com os dias de hoje:
Para ficar mais claro: naquele período o café
teve um aumento de preço de 30%, contra 500%
no aumento do custo. A situação persiste,
ou seja, os custos continuam extremamente altos, o
que torna a nossa atividade difícil.
Para produzir café de forma sustentável,
é necessário, sem dúvida, obedecer
às normas ambientais e sociais; mas também
é preciso observar a parte econômica
do negócio, que é o que mantém
viva a nossa cafeicultura.
Tivemos uma valorização do dólar
em torno de 35%, e o preço do café não
mudou. Está na hora de os produtores fazerem
uma análise detalhada de cada talhão
de café de sua lavoura, lembrando que lavouras
com média de 15 a 20 ha, além de não
darem lucro, acabam competindo com o talhão
de melhor produtividade.
Nossa cafeicultura sempre está em busca de
inovações, com o objetivo de agregar
valor ao café do Cerrado. Com a introdução
da certificação, tornamos o produtor
mais profissionalizado, no entanto é importante
que ele seja também melhor remunerado. O crescimento
significativo dos cafés Gourmet me parece ser
o caminho para melhorarmos a renda do produtor. Também
vejo oportunidade para trabalharmos melhor a imagem
CAFÉS DO BRASIL, de forma mais integrada e
inteligente, marcando posição de maior
Produtor e Exportador e mostrando que temos cafés
de todos os padrões, inclusive de altíssima
qualidade, como por exemplo, a TORREFADORA ITALIANA
ILLYCAFÉ.
Francisco
Sérgio de Assis
Presidente
do CACCER (Conselho das Associações
dos Cafeicultores do Cerrado)
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