Alcançando
a incrível marca de 100 laboratórios
de informática em seis anos, o projeto social
Criança do Café na Escola tem proporcionado
um novo horizonte a jovens da zona rural refletindo
ao mesmo tempo a consciência de responsabilidade
social e de sustentabilidade do comércio exportador
de café.
Uma das marcas
históricas do café brasileiro é
o seu potencial para a qualidade. Outra característica
que o correr dos tempos mostrou está na capacidade
que o setor comercial do país tem de se adaptar
às mudanças e avançar com elas.
O Criança do Café na Escola é
um exemplo. Criado em 2003 pelo CECAFÉ, o projeto
surgiu timidamente, mas convicto de sua importância:
estreitar os vínculos dos compradores do produto
brasileiro com os produtores, particularmente os pequenos
cafeicultores. A via escolhida foi a da responsabilidade
social, cujos valores prezam a manutenção
de um padrão mínimo de bem-estar do
produtor e do trabalhador rural. Embasado na ideia
de usar a informática como ferramenta de ensino
nas escolas públicas municipais, o projeto
mostrou-se duplamente eficaz. Além de aprimorar
a qualidade da educação nos rincões
da produção cafeeira do país,
a ação tem repercutido diretamente também
na comunidade.
O primeiro laboratório, montado em Santo Antonio
do Pinhal (SP), mostrou a sede de crianças
e adultos por conhecimento. Revelou ainda o espírito
solidário que nasce espontaneamente a partir
de uma ação em prol do progresso da
comunidade. O CECAFÉ, por meio de parcerias
com compradores do café brasileiro, disponibiliza
os computadores e o conteúdo pedagógico
(apostilas de informática para os alunos do
terceiro ao nono ano do ensino fundamental). A prefeitura
entra com a adequação da sala para receber
os computadores, limpeza e manutenção.
A repercussão foi tão positiva que motivou
o CECAFÉ a levar o projeto para outras regiões.
“Ficamos tão entusiasmados com os resultados
que resolvemos buscar novas parcerias”, conta
João Antonio Lian, Presidente do Conselho Deliberativo
do CECAFÉ e principal idealizador do projeto
(leia entrevista).
No ano seguinte seis salas foram inauguradas, cada
uma com dez computadores, repetindo o modelo bem sucedido
de Santo Antonio do Pinhal em mais três municípios
mineiros, um município na Bahia, um no Rio
de Janeiro e outro no Espírito Santo. Em 2005
o número subiu para 15, dando provas de que
o projeto havia despertado o real interesse de investidores,
convencidos das vantagens socialmente corretas oferecidas
pela iniciativa, além de bons frutos.
A partir de 2007, a Microsoft doou a licença
para uso de seus softwares (o equivalente a R$ 1,5
milhão). Prestes a alcançar a surpreendente
marca de 100 salas de aulas e 1.000 computadores,
o Criança do Café na Escola conseguiu
montar uma rede de parcerias nacional e internacional
de fôlego. Para se ter uma ideia do nível
de engajamento que o programa tem conquistado, só
a Lavazza investiu 250 mil euros desde 2005. A renomada
torrefação italiana já financiou
30 salas em diferentes regiões produtoras.
Também integram a lista de importadores parceiros:
Sara Lee, Nestlé, Kratf Foods, Café
Mundi, Folgers e Tokyo Allied Coffee Roaster.
Guilherme Braga Abreu Pires Filho, Diretor Geral do
CECAFÉ, destaca que o indiscutível sucesso
do programa tem muito a ver com o incondicional apoio
dado pelo Conselho Deliberativo da entidade e do empenho
de seus funcionários. “Além da
atuação permanente do Presidente João
Antonio Lian e de seu entusiasmo contagiante, os Conselheiros
aprovaram, desde 2006, dotações orçamentárias
anuais vinculadas ao programa, no importe de R$ 500
mil por ano, garantindo assim as condições
de continuidade e de custeio de sua manutenção,
tais como substituição de equipamentos,
coordenação pedagógica, material
de ensino, filmes e outras. E no plano operacional,
a competência e dedicação dos
funcionários que atuam no programa, especialmente
a Coordenadora Karen Ariano e a pedagoga Juliana Buton
têm sido decisivos para os resultados alcançados”.
Karen
Ariano |
Juliana Buton |
Juliana Buton, cujo trabalho inclui visita às
escolas, planejamento anual do programa e avaliação
dos relatórios enviados regularmente pelos
professores, destaca que “O primeiro sinal positivo
foi a volta das crianças para a sala de aula”,
acrescenta: “Os alunos da zona rural são
carentes de estímulos para frequentar a escola.
O computador gera curiosidade, as aulas tornam-se
mais interativas”, afirma a pedagoga, que também
observou o aumento da assiduidade escolar nos meses
de colheita do café. Segundo Juliana, a informática,
além de promover uma melhora na educação
– processo de alfabetização, reforço
de disciplinas como matemática e língua
portuguesa e acesso à leitura –, permite
que o professor também amplie seus conhecimentos
e suas possibilidades de trabalhar com os alunos.
O programa de inclusão digital do CECAFÉ
também semeou outros campos. O acesso da comunidade
à sala de informática das escolas possibilitou
a criação de outros projetos, como o
de ensino para crianças especiais em seis APAES
de cidades de São Paulo e Minas Gerais, e o
programa Produtor Informado, que capacita pequenos
produtores. Ao trocar a enxada pelo mouse, o agricultor
aprende a calcular custos de produção
e pesquisar informações sobre combate
a pragas ou outro assunto relacionado a sua atividade.
Resultado da parceria entre o CECAFÉ e a fundação
educativa Junior Achievement, o projeto Jovem Empreendedor
quer instigar o espírito empreendedor em estudantes
do ensino médios de escolas públicas.
Sementes para um futuro melhor que se multiplicaram
e, no caso do Criança do Café na Escola,
já beneficiou 40 mil jovens.
Entrevista
com João Antonio Lian
RC:
Que benefícios o projeto de inclusão
digital Criança do Café está
trazendo para o futuro da cafeicultura brasileira?
João
Antonio Lian: A informática é
um meio de democratização do conhecimento
nas zonas cafeeiras, geralmente afastadas dos
centros dos municípios. Para os jovens
é a janela para uma realidade que acaba
ficando muito distante da sua devido ao isolamento
físico. Com seus desdobramentos para programas
como o Produtor Informado, o projeto também
permite o acesso a informações importantes
de mercado, como, por exemplo, cotações,
novas tecnologias e métodos de produção.
Outro ponto relevante é sua influência
direta na fixação do pequeno cafeicultor
no campo. O projeto tem contribuído efetivamente
para a contenção do êxodo
rural nas regiões produtoras de café. |
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RC:
Em que aspectos o projeto tem colaborado para o desenvolvimento
da economia cafeeira?
JAL: O Criança do Café
surgiu da necessidade dos compradores se aproximarem
de seus fornecedores ou mais exatamente da responsabilidade
social. Essa nova geração de tradição
do café acredita que vale a pena investir nas
relações com os produtores. Os dois
lados ganham. O acesso à educação
gera capacidade de decisão do produtor e vai
de encontro dos interesses do comprador de café,
que hoje busca a produção sustentável.
RC: O projeto promoveu alguma mudança
na imagem do café brasileiro no mercado internacional?
JAL: Acho que a mudança mais
significativa está na maneira como traders
e fornecedores passaram a se relacionar, mais de perto.
E isso abre enormes possibilidades de parcerias. O
próximo passo é como o exportador de
café irá utilizar responsabilidade social
para agregar valor ao seu produto. Nesse sentido,
uma alternativa seria a criação de programas
em que o Criança do Café seja usado
em parceria com clientes para certificações
de empresas, seguindo a linha de modernização
do comércio do café.
“Proteção
a áreas locais e demonstração
de respeito ao indivíduo são o foco
dos esforços da Lavazza para fortalecer
a solidariedade social, proteger o meio ambiente
e apoiar as iniciativas visando a melhoria da
qualidade de vida nos países produtores
de café.
Energia, comprometimento, planejamento e um excelente
produto são como colocamos em prática
nosso senso de responsabilidade social corporativa.
Energia como uma expressão diária
do trabalho e paixão pelos indivíduos,
comprometimento e planejamento direto na execução,
compartilhando dos benefícios. |
Giuseppe
Lavazza
Diretor de Marketing |
Isto
é porque temos estado envolvidos ativamente
desde o início no projeto desenvolvido
pelo CECAFÉ: estamos orgulhosos de nosso
papel como principal parceiro, contribuindo e
fornecendo computadores para escolas elementares
localizadas em diversos municípios de regiões
brasileiras produtoras de café, assim como
do recente marco atingido da montagem de 100 salas
digitais, das quais 30 com o apoio de nossa companhia”. |
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