Home
Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Dezembro 2009 - Ano 88 - Nº 832

01
 

Alcançando a incrível marca de 100 laboratórios de informática em seis anos, o projeto social Criança do Café na Escola tem proporcionado um novo horizonte a jovens da zona rural refletindo ao mesmo tempo a consciência de responsabilidade social e de sustentabilidade do comércio exportador de café.

Uma das marcas históricas do café brasileiro é o seu potencial para a qualidade. Outra característica que o correr dos tempos mostrou está na capacidade que o setor comercial do país tem de se adaptar às mudanças e avançar com elas. O Criança do Café na Escola é um exemplo. Criado em 2003 pelo CECAFÉ, o projeto surgiu timidamente, mas convicto de sua importância: estreitar os vínculos dos compradores do produto brasileiro com os produtores, particularmente os pequenos cafeicultores. A via escolhida foi a da responsabilidade social, cujos valores prezam a manutenção de um padrão mínimo de bem-estar do produtor e do trabalhador rural. Embasado na ideia de usar a informática como ferramenta de ensino nas escolas públicas municipais, o projeto mostrou-se duplamente eficaz. Além de aprimorar a qualidade da educação nos rincões da produção cafeeira do país, a ação tem repercutido diretamente também na comunidade.

O primeiro laboratório, montado em Santo Antonio do Pinhal (SP), mostrou a sede de crianças e adultos por conhecimento. Revelou ainda o espírito solidário que nasce espontaneamente a partir de uma ação em prol do progresso da comunidade. O CECAFÉ, por meio de parcerias com compradores do café brasileiro, disponibiliza os computadores e o conteúdo pedagógico (apostilas de informática para os alunos do terceiro ao nono ano do ensino fundamental). A prefeitura entra com a adequação da sala para receber os computadores, limpeza e manutenção. A repercussão foi tão positiva que motivou o CECAFÉ a levar o projeto para outras regiões. “Ficamos tão entusiasmados com os resultados que resolvemos buscar novas parcerias”, conta João Antonio Lian, Presidente do Conselho Deliberativo do CECAFÉ e principal idealizador do projeto (leia entrevista).

No ano seguinte seis salas foram inauguradas, cada uma com dez computadores, repetindo o modelo bem sucedido de Santo Antonio do Pinhal em mais três municípios mineiros, um município na Bahia, um no Rio de Janeiro e outro no Espírito Santo. Em 2005 o número subiu para 15, dando provas de que o projeto havia despertado o real interesse de investidores, convencidos das vantagens socialmente corretas oferecidas pela iniciativa, além de bons frutos.

A partir de 2007, a Microsoft doou a licença para uso de seus softwares (o equivalente a R$ 1,5 milhão). Prestes a alcançar a surpreendente marca de 100 salas de aulas e 1.000 computadores, o Criança do Café na Escola conseguiu montar uma rede de parcerias nacional e internacional de fôlego. Para se ter uma ideia do nível de engajamento que o programa tem conquistado, só a Lavazza investiu 250 mil euros desde 2005. A renomada torrefação italiana já financiou 30 salas em diferentes regiões produtoras. Também integram a lista de importadores parceiros: Sara Lee, Nestlé, Kratf Foods, Café Mundi, Folgers e Tokyo Allied Coffee Roaster.

Guilherme Braga Abreu Pires Filho, Diretor Geral do CECAFÉ, destaca que o indiscutível sucesso do programa tem muito a ver com o incondicional apoio dado pelo Conselho Deliberativo da entidade e do empenho de seus funcionários. “Além da atuação permanente do Presidente João Antonio Lian e de seu entusiasmo contagiante, os Conselheiros aprovaram, desde 2006, dotações orçamentárias anuais vinculadas ao programa, no importe de R$ 500 mil por ano, garantindo assim as condições de continuidade e de custeio de sua manutenção, tais como substituição de equipamentos, coordenação pedagógica, material de ensino, filmes e outras. E no plano operacional, a competência e dedicação dos funcionários que atuam no programa, especialmente a Coordenadora Karen Ariano e a pedagoga Juliana Buton têm sido decisivos para os resultados alcançados”.


Karen Ariano

Juliana Buton

Juliana Buton, cujo trabalho inclui visita às escolas, planejamento anual do programa e avaliação dos relatórios enviados regularmente pelos professores, destaca que “O primeiro sinal positivo foi a volta das crianças para a sala de aula”, acrescenta: “Os alunos da zona rural são carentes de estímulos para frequentar a escola. O computador gera curiosidade, as aulas tornam-se mais interativas”, afirma a pedagoga, que também observou o aumento da assiduidade escolar nos meses de colheita do café. Segundo Juliana, a informática, além de promover uma melhora na educação – processo de alfabetização, reforço de disciplinas como matemática e língua portuguesa e acesso à leitura –, permite que o professor também amplie seus conhecimentos e suas possibilidades de trabalhar com os alunos.

O programa de inclusão digital do CECAFÉ também semeou outros campos. O acesso da comunidade à sala de informática das escolas possibilitou a criação de outros projetos, como o de ensino para crianças especiais em seis APAES de cidades de São Paulo e Minas Gerais, e o programa Produtor Informado, que capacita pequenos produtores. Ao trocar a enxada pelo mouse, o agricultor aprende a calcular custos de produção e pesquisar informações sobre combate a pragas ou outro assunto relacionado a sua atividade. Resultado da parceria entre o CECAFÉ e a fundação educativa Junior Achievement, o projeto Jovem Empreendedor quer instigar o espírito empreendedor em estudantes do ensino médios de escolas públicas. Sementes para um futuro melhor que se multiplicaram e, no caso do Criança do Café na Escola, já beneficiou 40 mil jovens.

Entrevista com João Antonio Lian

RC: Que benefícios o projeto de inclusão digital Criança do Café está trazendo para o futuro da cafeicultura brasileira?
João Antonio Lian: A informática é um meio de democratização do conhecimento nas zonas cafeeiras, geralmente afastadas dos centros dos municípios. Para os jovens é a janela para uma realidade que acaba ficando muito distante da sua devido ao isolamento físico. Com seus desdobramentos para programas como o Produtor Informado, o projeto também permite o acesso a informações importantes de mercado, como, por exemplo, cotações, novas tecnologias e métodos de produção. Outro ponto relevante é sua influência direta na fixação do pequeno cafeicultor no campo. O projeto tem contribuído efetivamente para a contenção do êxodo rural nas regiões produtoras de café.

RC: Em que aspectos o projeto tem colaborado para o desenvolvimento da economia cafeeira?
JAL: O Criança do Café surgiu da necessidade dos compradores se aproximarem de seus fornecedores ou mais exatamente da responsabilidade social. Essa nova geração de tradição do café acredita que vale a pena investir nas relações com os produtores. Os dois lados ganham. O acesso à educação gera capacidade de decisão do produtor e vai de encontro dos interesses do comprador de café, que hoje busca a produção sustentável.

RC: O projeto promoveu alguma mudança na imagem do café brasileiro no mercado internacional?
JAL: Acho que a mudança mais significativa está na maneira como traders e fornecedores passaram a se relacionar, mais de perto. E isso abre enormes possibilidades de parcerias. O próximo passo é como o exportador de café irá utilizar responsabilidade social para agregar valor ao seu produto. Nesse sentido, uma alternativa seria a criação de programas em que o Criança do Café seja usado em parceria com clientes para certificações de empresas, seguindo a linha de modernização do comércio do café.

“Proteção a áreas locais e demonstração de respeito ao indivíduo são o foco dos esforços da Lavazza para fortalecer a solidariedade social, proteger o meio ambiente e apoiar as iniciativas visando a melhoria da qualidade de vida nos países produtores de café.
Energia, comprometimento, planejamento e um excelente produto são como colocamos em prática nosso senso de responsabilidade social corporativa. Energia como uma expressão diária do trabalho e paixão pelos indivíduos, comprometimento e planejamento direto na execução, compartilhando dos benefícios.

Giuseppe Lavazza
Diretor de Marketing
Isto é porque temos estado envolvidos ativamente desde o início no projeto desenvolvido pelo CECAFÉ: estamos orgulhosos de nosso papel como principal parceiro, contribuindo e fornecendo computadores para escolas elementares localizadas em diversos municípios de regiões brasileiras produtoras de café, assim como do recente marco atingido da montagem de 100 salas digitais, das quais 30 com o apoio de nossa companhia”.

 

 
Rua da Quitanda, 191 - 8º andar - Centro - Rio de Janeiro - Brasil - Tel: (21) 2516-3399 / Fax: (21) 2253-4873 - email: riocafe@cccrj.com.br
Todos os direitos reservados - copyright 2006 - Centro de Comércio do Café do Rio de Janeiro - Desenvolvido por Ivan F. Cesar