Posse
de João Sampaio e Roberto Rodrigues como conselheiros,
mostra sobre os 90 anos da SRB e apresentação
do Centro de Informação e Documentação
também marcaram o evento.
O Museu do
Café viveu uma noite memorável no dia
22 de outubro. A solenidade de inauguração
da exposição “O intercâmbio
entre as culturas – França e Brasil –
cafés, feiras e ciência” atraiu
para o edifício da antiga Bolsa Oficial de
Café autoridades políticas e importantes
nomes do setor cafeeiro de todo o Brasil. A noite
foi marcada ainda pelas posses do Secretário
de Estado da Agricultura e Abastecimento de São
Paulo, João de Almeida Sampaio Filho, e do
ex-Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
e atual Coordenador do Centro de Agronegócios
da Fundação Getúlio Vargas, Roberto
Rodrigues, como conselheiros da Associação
dos Amigos do Museu do Café. Os convidados
ainda puderam acompanhar a abertura da mostra sobre
o transcurso dos noventa anos da Sociedade Rural Brasileira
e a apresentação da sala que abrigará
o novo Centro de Informação e Documentação
do Museu do Café.

Luiz Marcos Suplicy Hafers, Presidente do Conselho
de Administração da Associação
dos Amigos do Museu do Café, falou da importância
para a instituição em contar em seu
quadro de conselheiros com nomes da grandeza de João
de Almeida Sampaio Filho e Roberto Rodrigues. “O
Museu do Café traz para o conselho duas pessoas
muito importantes, principalmente parceiros e lutadores”,
ressaltou Hafers. “Os dois são batalhadores
dos interesses nacionais e da agricultura”,
completou.

Luiz
Hafers e Roberto Rodrigues |
Luiz
Hafers e João de Almeida Sampaio Filho |
Empossado como Conselheiro, João de Almeida
Sampaio Filho reforçou o desejo de contribuir
para que o Museu do Café se torne referência
na preservação da história do
produto. “Quero reiterar aqui com vocês
esse compromisso de fidelidade. Fidelidade com a nossa
amizade, fidelidade com o trabalho, para que a gente
possa efetivamente construir um Brasil melhor. Preservando
a nossa história, enaltecendo o que nós
temos de bom e com isso enxergando um futuro melhor”,
afirmou.
O Presidente do Museu do Café, Linneu Carlos
da Costa Lima, em seu discurso de abertura, também
enalteceu o ingresso de duas figuras tão representativas
no cenário da agricultura nacional no conselho
da instituição e destacou o desafio
do Museu do Café em se posicionar como o principal
representante na preservação da história
do café. “O agronegócio do café
tem força e determinação para
apresentar ao país um equipamento cultural
atuante, dedicado à preservação,
mas também ao ensino e à educação”,
afirmou.
Em
sintonia com o discurso de Costa Lima, a Coordenadora
da Unidade de Preservação do Patrimônio
Museológico (UPPM) da Secretaria de Estado
da Cultura de São Paulo, Claudinéli
Moreira Ramos, ressaltou o sentimento
de parceria e a importância do trabalho
em conjunto que a instituição e
o Governo do Estado de São Paulo vêm
desempenhando. “Esperamos que a partir de
2010 a gente desenvolva o projeto para termos
a nova exposição de longa duração
do Museu do Café e que ele possa ser não
apenas uma das maiores referências culturais
e históricas de São Paulo e do Brasil,
mas do mundo. Nós temos toda a certeza
de que podemos ser o primeiro lugar do mundo também
aqui no Museu do Café”, projetou. |
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Exposição
A mostra “O intercâmbio entre as culturas
– França e Brasil – cafés,
feiras e ciência” destaca a importância
decisiva do país europeu na chegada do café
ao Brasil, a influência francesa na consolidação
das cafeterias como espaços de socialização
e as parcerias comerciais e científicas entre
os dois países. Aberta ao público até
31 de março de 2010, a exposição
é uma realização do Museu do
Café – Organização Social
ligada ao Governo do Estado de São Paulo –,
e patrocinada pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
Se atualmente o Brasil é o principal produtor
e exportador de café do mundo, a França
tem papel fundamental nesse processo. Basta citar
que as primeiras mudas e sementes que desembarcaram
no país vieram da Guiana Francesa em 1727,
como presente da esposa do governador, Sra. d’Orvilliers,
ao Capitão Francisco de Melo Palheta. No entanto,
o hábito francês de beber café
é bem anterior a esse período. Prova
disso são registros como o livro “O bom
uso do chá, do café e do chocolate para
a preservação e para a cura de doenças”,
escrito pelo médico Mr. De Blegny, ainda sob
o reinado de Luís XIV. O raríssimo exemplar,
publicado em 1687, é um dos principais destaques
da exposição.

Livro
francês, de 1687: “O bom uso do chá,
do café e do
chocolate para a preservação e para
a cura das doenças”
A viagem no tempo, proporcionada pela mostra, contempla
ainda a chegada das cafeterias à França,
em 1672. Por meio de postais e imagens, está
registrado um modelo de estabelecimento que se espalharia
pelo mundo como ponto de encontro para discussões
políticas e culturais, ou mesmo para momentos
de descontração e prazer. No Brasil,
as cafeterias chegaram ao final do século XIX
e início do XX – fortemente influenciadas
pelo modelo francês – como é possível
perceber em painel dedicado ao Café do Rio,
tradicional reduto dos jornalistas cariocas.
“As revoluções sociais nasceram
nos cafés. Isso era até motivo, quando
havia alguma agitação, para que os governos
fechassem primeiro os cafés. Eles sempre foram
locais de encontro, de discussão, locais de
novas ideias. O café é um indutor da
agilidade mental”, resume Linneu Carlos da Costa
Lima.
O acervo contempla ainda a participação
brasileira nas Exposições Universais.
As feiras, sediadas nas cidades de Paris (1855, 1867,
1878 e 1889) e Beauvais (1885), tinham como objetivo
oferecer um panorama das riquezas das nações
participantes. O Brasil, além das madeiras
da Amazônia e do Pará e dos diamantes
de Minas Gerais, exibia o café como principal
produto agrícola nacional. Esses eventos foram
fundamentais para a expansão da exportação
do café brasileiro para solo francês.
Atualmente, a França é a nona maior
importadora do café produzido no Brasil.
“O caso do café é emblemático.
Ele foi o grande general que abriu não só
o território brasileiro, mas os mercados externos
para o Brasil. E a França, como tinha uma importância
cultural muito grande, difundiu o hábito do
café para o resto da Europa. Então,
a presença da França no mercado brasileiro
foi fundamental para o desenvolvimento da nossa atividade
rural cafeeira”, explica Roberto Rodrigues.
A mostra termina com o panorama das cooperações
entre os dois países no estudo e pesquisa com
vários produtos agrícolas, entre eles,
o café. A parceria entre a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o francês
Centro de Cooperação Internacional em
Pesquisa Agronômica pelo Desenvolvimento (CIRAD)
já existe há mais de trinta anos e visa
o desenvolvimento de variedades mais resistentes e
de melhor qualidade.
“Com a França nós estamos buscando
qualidade, blends diferentes. Também estamos
buscando conhecer a história, fazendo digitalização
de arquivos e imagens”, revela João de
Almeida Sampaio Filho.
Outras
inaugurações
A noite do dia 22 de outubro marcou também
a apresentação ao público da
sala que passa a abrigar o Centro de Informação
e Documentação do Museu do Café.
O espaço, localizado no piso térreo
do Palácio da antiga Bolsa Oficial de Café,
passou por adaptações para receber os
livros e documentos históricos que fazem parte
do acervo da instituição.
A verba para a implantação do novo ambiente
foi conseguida por meio do “Programa Caixa de
Adoção de Entidades Culturais”,
da Caixa Econômica Federal, que disponibilizou
R$ 106 mil para a execução do projeto.
Em seu discurso, durante a solenidade de abertura
da noite, o Gerente Regional da CEF, Sidney Soares
Filho, ressaltou a atuação da entidade
nas áreas social e cultural, e a importância
econômica da cidade de Santos. “Para a
Caixa, a noite de hoje é um momento histórico.
Tão histórico quanto o momento em que
abrimos nossa primeira agência em Santos. É
importante lembrar que a primeira agência da
Caixa aberta fora da cidade de São Paulo foi
em Santos”, lembrou.
O objetivo é que, após a conclusão
do projeto, parte do material catalogado seja disponibilizado,
de forma gratuita, na página do Museu do Café
na internet. “Teremos nosso sistema interligado
a outras entidades que possuem informações
e pesquisas sobre o café”, explica Eduardo
Carvalhaes Jr., Conselheiro da Associação
dos Amigos do Museu do Café. “Esse projeto
viabiliza a implantação de um centro
de informação e documentação
à altura da importância do café
e do que o Museu do Café se propõe enquanto
referência nacional na preservação
dessa história”, completa.
O evento realizado no dia 22 de outubro celebrou também
a abertura da mostra sobre o transcurso dos 90 anos
da Sociedade Rural Brasileira. O acervo está
disponível para visitação até
22 de novembro e traz quadros de artistas como Antonio
Ferrigno, Rosalbino Santoro e Oscar Pereira da Silva
– que fazem parte do acervo da instituição
–, bustos e retratos de alguns dos ex-presidentes
da SRB.
A
mostra registra a história da entidade
fundada em 1919 pelos barões do café
e que funciona como agente negociador político
do agronegócio, disseminador de conhecimento
e gerador de oportunidades e negócios para
a cadeia produtiva rural. A entidade mantém
21 departamentos setoriais ativos que contemplam
as principais atividades rurais.
Em seu discurso, o Presidente da Sociedade Rural
Brasileira, Cesário Ramalho
da Silva, relacionou a realização
da mostra no Museu do Café com a ligação
histórica da entidade com o produto. “Por
isso nós estamos aqui no Museu do Café.
Atendendo a um convite simpático, que muito
nos honra, e trazendo uma parte do nosso acervo”,
disse. |
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