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Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Dezembro 2009 - Ano 88 - Nº 832

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De uma coisa ninguém duvida: o Rio de Janeiro tem grande potencial para ampliar a sua participação no escoamento do café brasileiro para o exterior. Exportadores, operadores portuários, políticos e lideranças do agronegócio vêm buscando, há tempos, tirar as últimas pedras que ainda obstruem o desenvolvimento do porto carioca. O interesse é de todos. Para os exportadores, significaria maior competição entre os grandes terminais que operam com café no Brasil, ajudando a reduzir custos e melhorar a qualidade dos serviços; além disso obteriam fretes mais baratos, pois o Rio está próximo das lavouras do sul de Minas e Zona da Mata.

Essas duas regiões produziram, em 2009, respectivamente, 9,52 e 6,0 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg, ou seja, responderam por 55% da produção nacional (estimada oficialmente em 39 milhões de sacas); a safra dessas duas zonas continua sendo majoritariamente embarcada pelo porto de Santos. A própria Libra opera quantidades de café muito mais relevantes em Santos do que no Rio.

De janeiro a novembro deste ano, os dois portos fluminenses, Sepetiba e Rio, exportaram 1,54 milhões e 990, 37 mil sacas, respectivamente, totalizando 2,53 milhões de sacas, ou 9% dos embarques nacionais. O porto da cidade do Rio registrou a exportação de 990.374 sacas nos 11 primeiros meses do ano, ou 3,6% da exportação brasileira.

Investimentos Públicos no Porto do Rio

A expectativa do grupo Libra, que não opera em Sepetiba, é de que as obras de infraestrutura realizadas pelos governos federal, estadual e municipal, atraiam volumes mais substanciais para o terminal da empresa, situado no bairro do Caju. “Há um projeto chamado ‘Rio, porto do século XXI’, que prevê melhor acesso ferroviário, rodoviário e marítimo ao porto”, explica Ricardo Arten Gorzelak, Diretor Geral da Libra Terminais Rio.

As obras da parte marítima, incluídas 100% no Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC do governo federal, já foram aprovadas e assinadas pelo Ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, e preveem a realização de dragagem, melhoria e aprofundamento dos canais de acesso, baia de evolução e cais, permitindo o trânsito de mais e maiores navios. O calado (profundidade) do porto do Rio é hoje de 13 metros; após a dragagem, a ser concluída em 2010, o mesmo deverá aumentar para 15,5 metros. “A intenção para o futuro, mas lá na frente, é termos um calado de 17 metros”, diz Arten.

As obras de acesso ferroviário preveem a instalação de bitolas largas e estreitas e construção de novos pátios, para aumentar a capacidade e a frequência dos trens que partem e chegam ao porto.

Por fim, o acesso rodoviário incluirá a construção de alças exclusivas de acesso ao porto, além do estabelecimento de novas retroáreas, que permitam manobras mais ágeis e espaço para estacionamento. Haverão ligações viárias diretas da Avenida Brasil e Linha Vermelha para o Caju. A expectativa de Arten em relação às obras do acesso ferroviário e rodoviário é que fiquem prontas até 2012.

Vantagens Operacionais

Arten informa que a Libra movimentou 26 mil toneladas de café em 2008 e, para este ano, prevê um volume de 20 mil toneladas; para 2010, trabalha com a perspectiva de atingir 35 mil toneladas. Após a saída da Multiterminais, no início de 2008, a Libra é a única operadora portuária do Rio a trabalhar com a exportação de café.

O executivo explica que as vantagens do porto do Rio, em relação aos terminais de Itaguaí (Sepetiba), são a maior oferta de navios, mais linhas de navegação, mais armadores, além da posição geográfica, mais próxima dos centros de produção. “O acesso ao porto do Rio é mais fácil”, argumenta.

Há ainda uma outra vantagem com a qual a Libra espera convencer os exportadores a elevarem suas atividades no porto do Rio: o preço. Segundo Arten, os custos de capatazia (THC) no porto do Rio continuam bastante inferiores aos praticados nos demais portos. O preço do THC no Rio está em 300 reais por contêiner de 20 pés. O preço de estufagem em sacaria, que é um processo manual, está em 630 reais por contêiner; em granel, que é mecanizado, está 690 reais. A estufagem em Santos, pela Libra, é orçada em 700 a 750 reais por contêiner.

Arten acha que os principais obstáculos que impedem a ampliação das operações de café pelo porto do Rio estão no próprio mercado. “Temos que quebrar o paradigma de que Santos e Vitória são portos melhores do que o Rio. Essa é uma idéia obsoleta”, diz o executivo. “O Rio tem tantas ofertas e navios como os outros portos, e é mais competitivo. Ainda temos essas obras, que irão melhorar muito o fluxo de cargas”, diz Arten, que afirma estar otimista em relação à exportação de café pelo porto do Rio. “Todos acreditam muito no potencial do café para o porto do Rio. A própria Companhia Docas do Rio tem muito interesse nisso. Aqui tem armador, tem linha, tem preço, tem tudo”, justifica. O café é um produto cobiçado por qualquer terminal, em função de ser um produto comercializado em todas as partes do globo, atraindo, por esta razão, navios de todas as origens, e com isso gerando sempre possibilidades de negócios diferenciados.

Terminal Libra-Rio

Por enquanto, o café ainda tem uma participação de apenas 1% nas operações portuárias do terminal da Libra no Rio. Considerando apenas o terminal do Rio, o faturamento da Libra deve atingir esse ano R$ 200 milhões, contra R$ 160 milhões em 2008. Arten lembra, contudo, que a maior parte da receita da Libra vem de operações pelo porto de Santos. A empresa possui também unidades logísticas em Cubatão e Santos, além de um porto seco em Campinas, um projeto de terminal de cargas gerais em Imbituba (SC) e uma empresa de navegação fluvial na Amazônia. Desde 1995, a Libra opera o Terminal 37-Santos, primeira área para contêineres a ser privatizada no Brasil; em 1998, iniciou as operações no Terminal 1-Rio, no porto do Rio de Janeiro. Em todo país, movimenta por ano aproximadamente 1 milhão de TEUs (medida que equivale a um contêiner de 20 pés) através do Terminal 37-Santos, do Terminal 1-Rio e do Terminal Imbituba.

Com atividades bastante versáteis em termos de produto, o terminal da Libra no Rio opera com produtos siderúrgicos, chapas metálicas, blocos de granito, blocos de motores, petroquímicos, dentre outras coisas. Um outro segmento onde o terminal carioca da Libra opera bastante é o de cargas consolidadas. Clientes que não possuem carga suficiente para encher um contêiner, optam por esse sistema, através da contratação de um agente, chamado NVOCC, que se ocupa de encontrar outros clientes que desejem exportar para o mesmo destino. Então várias cargas são acondicionadas num mesmo contêiner e entregues no terminal da Libra.

Outra característica importante do terminal da Libra é que ele, desde 2007, tornou-se um Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação, denominando-se Redex Libra Rio, o que naturalmente facilita muito a liberação das cargas pela Receita Federal. Com 23 mil metros quadrados de área total, e capacidade de operar 2.500 TEUS (contêiners), o terminal conta ainda com a assessoria do Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro (CCCRJ), que mantém um funcionário no recinto e ajuda a empresa a fazer o desembaraço alfandegário.
Arten informa que o terminal tem movimentado, em média, 30 contêineres por dia, mas que tem condições de ampliar esse número, sem alterar infraestrutura ou mão-de-obra, para até 60 unidades diárias. “Mas podemos aumentar muito mais, tranquilamente, e de forma muito rápida, se for o caso”, explica. O investimento da Libra para aparelhar o terminal foi de 1,3 milhão de reais.

Os armadores que trabalham com a Libra no Rio são: CMA/CGM, Hamburg Sud, CSAV, Rapag Lloyd, Nyk, Pil, Mol, MSC. Os exportadores que trabalham com mais regularidade no terminal carioca são: UNICAFÉ, Outspam, Nicchio Sobrinho, Valorização, Sumatra, Guaxupé Ltda e Stockler. Considerando não o café, mas todos os produtos, os principais exportadores que operam no terminal da Libra, no Rio, são: CBMM, grupo Quattor, Saint Gobain, Nova Era, Gerdau, Michellin, Tek Fid.

O executivo observa que o desenvolvimento da indústria petroleira no estado ajudou o porto do Rio a incrementar seus negócios, trazendo gente mais capacitada, gerando mais empregos e aumentando a receita das companhias portuárias.

 

 
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