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Dezembro 2009 - Ano 88 - Nº 832

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A implantação da Neumann Stiftung do Brasil reforça a preocupação de grandes países consumidores da bebida como a Alemanha com o futuro da cafeicultura praticada com responsabilidade social e ambiental.

Reconhecida internacionalmente por sua atuação junto a pequenos produtores de café em diferentes partes do mundo, a Hanns R. Neumann Stiftung deu mais um passo em direção ao seu objetivo principal: o de promover a agricultura sustentável. Em setembro, a fundação sem fins lucrativos, pertencente ao Neumann Kaffee Gruppe, da Alemanha, inaugurou a Associação Hanns N. Neumann Stiftung do Brasil em parceria com a Stockler Comercial e Exportadora, de Santos, uma das líderes nacionais na exportação de café. A cerimônia oficial aconteceu em Varginha, Minas Gerais, e contou com a presença do Secretário de Produção e Energia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Manoel Vicente Bertone, do Diretor do CECAFÉ, Guilherme Braga, do Presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais, Arquimedes Coelli, do Presidente do Conselho Nacional do Café, Gílson Ximenes, do Presidente da COOXUPÉ, Carlos Paulino da Costa, além de vários representantes de cooperativas e cafeicultores da região. O solene evento teve ainda a participação de Michael R. Neumann, Presidente do Neumann Kaffee Gruppe.

A nova entidade reproduzirá aqui o know-how acumulado em quase duas décadas de projetos bem sucedidos conduzidos em dezenas de países da África, Ásia, América Central e do Sul, além de dar continuidade aos trabalhos iniciados pela fundação nas cidades mineiras de São Francisco de Paula e Santo Antonio do Amparo.

Voltados para a organização da produtividade local e o fortalecimento do pequeno fazendeiro, esses dois projetos seguem os modelos e conceitos divulgados em outras localidades como Bigasa e Mubende, na Uganda, e Dak Lak e Lam Dong, no Vietnã. Atuam junto aos agricultores e o seu entorno familiar disponibilizando informações básicas de mercado, linhas de crédito e utilização de melhores tecnologias e manejo correto da propriedade. “Os produtores maiores dispõem de recursos para investir na produção sustentável, se adequar às condições impostas pelas mudanças climáticas e competir com o mercado. O papel da fundação é suprir esta lacuna para aqueles que não têm condições e prepará-los para enfrentar a realidade do mercado de café”, explica Michael Timm, Diretor Geral da Stockler.

Michael Timm, Diretor Geral da Stockler

As parcerias acertadas entre a Neumann Stiftung e empresas dos setores público e privado, este último representado em sua grande maioria por torrefações, contribuem efetivamente para a viabilidade dos projetos, que duram em média três anos. “Em Santo Antonio do Amparo nosso parceiro é a torrefação canadense Tim Hortons”, conta Timm.


Michael Opitz, Diretor-Geral da
Hanns R. Neumann Stiftung
Para os próximos seis meses a Neumann do Brasil tem pela frente outros três projetos de incentivo à sustentabilidade.
Incentivar e ajudar produtores a produzir café alinhados com a responsabilidade social e a necessidade de preservar o meio ambiente só é possível, contudo, se houver aumento da produtividade.“Esse é um dos objetivos principais dos projetos, que também tem como meta a redução dos custos de operação. Uma vez organizados, os fazendeiros conseguem alavancar recursos para investir em melhorias no campo e garantir o aumento da produtividade e da sua renda”, explica Michael Opitz, Diretor-Geral da Hanns R. Neumann Stiftung e membro do comitê administrativo da Associação Hanns N. Neumann Stiftung do Brasil. Consultorias técnicas e financeiras ajudam a preparar o grupo para essas conquistas.

Experiências passadas mostraram que a agricultura familiar – praticada por quase 200 mil cafeicultores dos cerca de 230 mil em atividade atualmente no Brasil – ainda enfrenta dificuldades básicas. O primeiro projeto da Neumann no país, realizado entre 2004 e 2005, no Espírito Santo, buscou ajustar os padrões do café sustentável à realidade brasileira. Não tão ligado a adoção de boas práticas, permitiu analisar de perto a necessidade de profissionalização dos processos que envolvem a produção do café. O projeto inaugural também revelou deficiências na estrutura organizacional da atividade e constatou a relação do sistema intensivo de produção com a baixa produtividade. “Muitos produtores brasileiros ainda tem uma visão limitada sobre a qualidade. Sua preocupação maior é saber se o café é bebível ou não. A maioria deles também trabalha sozinho. Os projetos viabilizam ações em conjunto vantajosas para o grupo, como, por exemplo, a compra de insumos e defensivos agrícolas em larga escala por um preço mais atraente. Essas e outras práticas são exemplos do valor de uma boa organização interna”, diz Opitz.

Desde 2000, os mais de 50 projetos realizados em pelo menos 12 países tiveram impacto direto em 70 mil produtores. O Neumann Kaffee Gruppe comercializa anualmente 14 milhões de sacas. “Apenas 5% do café produzido por esses agricultores é comprado pelo grupo”, afirma Opitz. Como se explica o amplo espectro dessas ações? “É resultado do interesse permanente dos nossos parceiros em mapear geográfica e quantitativamente as principais regiões em termos de número de fazendeiros e volumes de café”, explica o Diretor-Geral da Neumann Stiftung.

Mesmo sem exigir dos cafeicultores qualquer vínculo comercial, os projetos da fundação, de um modo geral, aproximam o pequeno produtor de grandes e potenciais compradores. “A Nespresso está envolvida com um trabalho na Mogiana. A torrefação italiana Lavazza também já sinalizou interesse em apoiar produtores do Sul de Minas”, comenta Michael Timm, da Stockler. Esse, aliás, é outro efeito positivo do arranjo produtivo local proposto nas ações da Neumann. Ao se estruturarem em associações, os agricultores menos favorecidos adquirem melhores condições de acesso ao mercado e para a venda de seu produto por um valor competitivo. No caso do Brasil, esse facilitador pode ser determinante para a sobrevivência de muitas famílias. Apesar de o país responder pela exportação de volumes recordes que superam 30 milhões de sacas, a contribuição da cafeicultura familiar é realmente pequena. Mal chega a 20% da produção total.

Garantir a oferta do café a médio e longo prazo constitui mais uma razão para incentivar o pequeno produtor. “É uma maneira de estabilizar as oscilações do mercado geradas pela colheita, além de firmar o potencial dos cafés brasileiros do ponto de vista da variedade e da qualidade”, defende Michael Timm. Para o Diretor-Geral da Neumann Stiftung, Michael Opitz, a agricultura familiar é a única saída para atender à crescente demanda do mercado, em vista da realidade cada vez mais limitada dos recursos naturais. “Temos a clara consciência da necessidade de uma produção sustentável se quisermos assegurar os estoques de café no futuro”.

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