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Dezembro 2009 - Ano 88 - Nº 832

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As terras da fazenda da Forquilha tiveram como primeiro proprietário João Rodrigues da Cruz, através da sesmaria que lhe fora concedida em 1805, denominada Oriente em virtude do nome de um ribeirão que corta as referidas terras. Estas terras foram vendidas inicialmente a José de Souza Freitas e em 1813, este último as transferiu para Antonio Joaquim Campos. Não se tem conhecimento que estes três proprietários ali tenham fundado uma fazenda de café. Foi, no entanto, nas mãos do casal Jacintho Ferreira de Paiva, que se estabeleceu, ou se expandiu a cultura da rubiácea.

Em 1851, quando Jacintho faleceu, a fazenda contava com 175 mil pés de café e trabalhavam na lavoura 183 cativos. A casa de morada era modesta e rudimentar o maquinário de beneficiamento de café, talvez porque a família Paiva vivesse a maior parte do ano na cidade do Rio de Janeiro, onde possuíam muitos imóveis e certamente Jacintho fosse comerciante.

A partir de então, sua esposa, dona Maria dos Anjos Sanches de Paiva, ao longo de mais de 40 anos passa a administrar a fazenda, e além de construir uma bela sede no final do século XIX, em estilo de chalé, muito em voga na ocasião, e descrito em seu inventário post-mortem, em 1893, da seguinte forma: “Huma caza de morada na fazenda com formato de Chalé, compreendendo capella, sachristia, encanamento de agoa e gáz, lampiois, pias de mármores, fogões, fornos”.

Não foi somente a casa que sofreu modernização, as demais edificações são ainda descritas: “engenho com mechanismos de motores hydraulicos, paióis, tulhas, officinas, hospital, serraria e estrebaria”. O engenho de beneficiar café era constituído de descascador, ventilador, burnidor e despolpadores. Havia ainda engenho de cana, moinho de fubá e alambique para produção de água-ardente.

Os escravos já não eram tantos, 134, como no tempo de seu falecido marido, porém a plantação de café chegava a 320 mil pés.


Dos seus herdeiros, sete filhos, foi Alexandre Ferreira de Paiva que, após comprar dos outros irmãos suas partes na fazenda, deu continuidade a produção de café no momento em que a lavoura cafeeira entrava em decadência por todo o vale do Paraíba, tanto que, em 1899, hipoteca a propriedade ao Banco do Estado do Rio de Janeiro.

Depois de ser vendida várias vezes, por lá desfrutou alguns dias de sua infância o polêmico e lendário ex-governador do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Suas lembranças dos dias passados na fazenda o fizeram escrever o livro A Casa de meu Avô, editado em 1977.

Como na maioria da história das antigas fazendas de café do vale do Paraíba Fluminense, das vastas lavouras de café, o gado leiteiro tomou seus campos e suas meias laranjas.

A casa de morada, construída com esmero por dona Maria dos Anjos, é o pouco que nos resta para contar esta história com sua maravilhosa capela com janelas de vidros coloridos, seus lambrequins que ornam a fachada, um chafariz ali esquecido e coberto pelo mato, e o relógio que parou o tempo no século XIX.

 
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