As
terras da fazenda da Forquilha tiveram como primeiro
proprietário João Rodrigues da Cruz,
através da sesmaria que lhe fora concedida
em 1805, denominada Oriente em virtude do nome de
um ribeirão que corta as referidas terras.
Estas terras foram vendidas inicialmente a José
de Souza Freitas e em 1813, este último as
transferiu para Antonio Joaquim Campos. Não
se tem conhecimento que estes três proprietários
ali tenham fundado uma fazenda de café. Foi,
no entanto, nas mãos do casal Jacintho Ferreira
de Paiva, que se estabeleceu, ou se expandiu a cultura
da rubiácea.
Em 1851, quando Jacintho faleceu, a fazenda contava
com 175 mil pés de café e trabalhavam
na lavoura 183 cativos. A casa de morada era modesta
e rudimentar o maquinário de beneficiamento
de café, talvez porque a família Paiva
vivesse a maior parte do ano na cidade do Rio de Janeiro,
onde possuíam muitos imóveis e certamente
Jacintho fosse comerciante.
A
partir de então, sua esposa, dona Maria
dos Anjos Sanches de Paiva, ao longo de mais de
40 anos passa a administrar a fazenda, e além
de construir uma bela sede no final do século
XIX, em estilo de chalé, muito em voga
na ocasião, e descrito em seu inventário
post-mortem, em 1893, da seguinte forma: “Huma
caza de morada na fazenda com formato de Chalé,
compreendendo capella, sachristia, encanamento
de agoa e gáz, lampiois, pias de mármores,
fogões, fornos”.
Não foi somente a casa que sofreu modernização,
as demais edificações são
ainda descritas: “engenho com mechanismos
de motores hydraulicos, paióis, tulhas,
officinas, hospital, serraria e estrebaria”.
O engenho de beneficiar café era constituído
de descascador, ventilador, burnidor e despolpadores.
Havia ainda engenho de cana, moinho de fubá
e alambique para produção de água-ardente.
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Os
escravos já não eram tantos, 134, como
no tempo de seu falecido marido, porém a plantação
de café chegava a 320 mil pés.
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Dos
seus herdeiros, sete filhos, foi Alexandre Ferreira
de Paiva que, após comprar dos outros
irmãos suas partes na fazenda, deu continuidade
a produção de café no momento
em que a lavoura cafeeira entrava em decadência
por todo o vale do Paraíba, tanto que,
em 1899, hipoteca a propriedade ao Banco do
Estado do Rio de Janeiro.
Depois de ser vendida várias vezes, por
lá desfrutou alguns dias de sua infância
o polêmico e lendário ex-governador
do antigo Estado da Guanabara, Carlos Lacerda.
Suas lembranças dos dias passados na
fazenda o fizeram escrever o livro A Casa de
meu Avô, editado em 1977.
Como na maioria da história das antigas
fazendas de café do vale do Paraíba
Fluminense, das vastas lavouras de café,
o gado leiteiro tomou seus campos e suas meias
laranjas.
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A
casa de morada, construída com esmero por dona
Maria dos Anjos, é o pouco que nos resta para
contar esta história com sua maravilhosa capela
com janelas de vidros coloridos, seus lambrequins
que ornam a fachada, um chafariz ali esquecido e coberto
pelo mato, e o relógio que parou o tempo no
século XIX.
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