Poços
de Caldas foi palco novamente de evento do projeto
Café & Cultura de um relevante encontro
que teve como pauta a cafeicultura familiar, com o
apoio financeiro do FUNCAFÉ. A escolha do tema
foi em decorrência da sua importância
na estrutura agrária nacional, uma vez que
a cafeicultura familiar é responsável
pela maioria dos estabelecimentos cafeeiros no país.
Segundo dados do Censo Agropecuário 2006 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, o Brasil possui mais de 285 mil estabelecimentos
rurais que têm na cafeicultura uma das suas
atividades.
A agricultura familiar mostra seu peso apresentando-se
responsável por 38% do volume de produção
de café no Brasil (parcela constituída
por 55% da espécie canephora – conillon
– e 34% de arábica).
Ao contrário da realidade, no cenário
mercadológico internacional a imagem da cafeicultura
Brasileira é ligada a vastas áreas mecanizadas
e tecnificadas. Este juízo leva em consideração
apenas o volume de produção, todavia,
o que deve ser destacado é o fato de que 70%
das propriedades cafeeiras têm menos de 20 hectares
dedicados à cultura, cujas lavouras são
conduzidas predominantemente no sistema familiar.
Dentro deste contexto o Simpósio teve por objetivo
promover um amplo debate entre os representantes da
produção familiar e os demais setores
que compõem o sistema agroindustrial do café.
Pretendeu-se ampliar a discussão sobre produção,
comercialização e consumo de cafés
da agricultura familiar brasileira com foco nas especificidades
da produção, bem como ressaltar a sua
importância social, econômica, ambiental
e cultural.
O Simpósio de Cafeicultura Familiar teve cerca
de 120 participantes e foi também transmitido
via Internet, numa iniciativa pioneira entre a Comunidade
Manejo da Lavoura Cafeeira do PEABIRUS e a Revista
Cafeicultura. O levantamento estatístico realizado
demonstra que cerca de 180 participantes tenham acessado
um dos portais durante a transmissão, democratizando
o conhecimento que estava sendo difundido.
Apresentações
e debates
A
programação do Simpósio foi elaborada
de forma que durante os três dias de evento,
diferentes focos sobre o tema pudessem ser apresentados.
O primeiro dia reuniu representantes de importantes
setores governamentais e de representantes de classe
da agricultura familiar. O segundo dia ficou a cargo
de pesquisadores, professores e consultores que apresentaram
conceitos, ensinamentos e iniciativas sobre o tema.
O último dia foi dedicado ao Fórum de
representantes de Cafeicultura Familiar, onde diferentes
associações apresentaram suas realidades,
demandas de políticas publicas e estratégias
para o futuro.
Dentre os vários aspectos discutidos, em resumo,
destacaram-se a percepção por parte
da agricultura familiar à necessidade de diminuir
a dependência de insumos externos à propriedade;
buscar sistemas menos impactantes de produção
e ampliar o conhecimento sobre transição
agroecológica, a demanda por extensão
rural e assistência técnica (ATER) de
qualidade e a necessidade do aumento da eficiência,
acesso à informação e conhecimento
e o caminho a ser trilhado rumo à certificação.
Quanto à comercialização, o foco
apresentado foi a identificação e desenvolvimento
de mercados específicos e a necessidade de
se criar uma identidade própria para os cafés
da agricultura familiar, e no plano institucional
foi reivindicada a participação de representantes
específicos da cafeicultura familiar no Conselho
Deliberativo da Política Cafeeira – CDPC
e o desenvolvimento de mecanismos para facilitar o
acesso da cafeicultura familiar aos recursos do FUNCAFÉ.
Sérgio
Parreiras Pereira
Pesquisador Científico – Instituto Agronômico
– IAC
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