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Março 2010 - Ano 89 - Nº 833

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Em 23 de fevereiro a Tristão completou 75 anos com a terceira geração da família no comando das empresas situadas no Brasil e no exterior.

A história das Empresas Tristão mescla-se com a da economia do Estado do Espírito Santo, que é responsável pela maior produção de café da variedade conillon no Brasil, com média de oito milhões de sacas ao ano, produção só superada pelo Vietnã.

A Tristão teve origem na Casa Misael, uma loja de “secos e molhados” fundada em 1935 na cidade de Afonso Cláudio (ES) por José Ribeiro Tristão, pai do empresário Jônice Tristão, segundo na linha sucessória. Desde então as Empresas Tristão souberam se antecipar aos fatos, tendo dinamismo na tomada de decisões, incentivando sempre a produção de café no Estado. No começo, a Casa Misael, que chegou a ter oito estabelecimentos no interior do ES, aceitava o café como moeda de troca, mas a partir da década de 50, o produto tornou-se o principal negócio da empresa.

Em abril de 1960, sob o comando de Jônice, a Tristão, visando o comércio internacional, opta por se instalar em Vitória e exporta a commodity, pela primeira vez, para o porto francês de Havre, com 250 sacas de café embarcadas. Após o período desenvolvimentista do governo Juscelino Kubitschek, o Brasil atravessa turbulências econômicas, o que culmina na política de erradicação do café.

José Ribeiro Tristão e seu filho, Jônice Tristão

A cafeicultura capixaba entrou em decadência e o café plantado era quase exclusivamente arábica, com baixa produtividade e queda na qualidade.

Em 1969, a Organização Internacional do Café, numa ação para evitar a excessiva queda dos preços da commodity, resolveu estipular cotas de exportação para os países produtores. Nesse mesmo ano, após muitas lutas, o Instituto Brasileiro de Café (IBC) criou um plano de renovação do parque cafeeiro brasileiro. Nessa época estimulamos uma campanha de conscientização entre os produtores de café, incentivando o plantio de um novo tipo de café no ES, o conillon, mais resistente às pragas e que poderia ser plantado em regiões mais quentes, próximas ao litoral capixaba”, lembrou Jônice Tristão.

Porém, sem financiamento nem apoio governamental para o conillon, a solução que a Tristão criou foi utilizar o produto como matéria-prima para a indústria do café solúvel, cujo consumo crescia na Europa e nos EUA. Foi nessa época que a Tristão estabeleceu, em Viana, região da Grande Vitória (ES), a Realcafé Solúvel do Brasil, inaugurada em 1971”, destacou Jônice Tristão. A criação da fábrica rompeu a tendência do Governo Federal de autorizar a instalação de indústrias desse porte somente em SP, PR e MG, na época, os maiores produtores de café no Brasil.

“O fato é que a Tristão contribuiu para a iniciativa ímpar da produção do café Conilon, matéria-prima mais utilizada na indústria do solúvel”, disse Jônice Tristão, que assumiu riscos, pois o café arábica, até 1962, era o dono absoluto da economia capixaba, ocupando mais de 500 mil hectares. Essa postura da Tristão movimentou a vida cafeeira do ES e foi um divisor de águas na recuperação da economia do Estado. Jônice lembra que a Tristão apoiou e incentivou os produtores de conillon no Espírito Santo, fazendo com que a Realcafé garantisse a compra de toda a produção, na época, 100 mil sacas de café.


Jônice Tristão
Em 1978 a Tristão tornou-se o maior exportador brasileiro de café, mantendo-se nessa posição pelos dez anos seguintes. Simbolizando o reconhecimento internacional pela performance da empresa, o líder Jônice Tristão recebeu, nesse mesmo ano, o título de One Million Dollars Per Day Man, da Câmara Americana de Comércio, pois o Grupo passara a exportar US$ 365 milhões anuais. Até o início do século XXI, a Tristão manteve-se entre os cinco maiores exportadores de café do Brasil.

1978 foi, realmente, marcante para a Tristão. Nessa época foi aberta a subsidiária da empresa em Londres, o que fez da Tristão um dos primeiros grupos brasileiros com presença internacional. Logo depois, em 1981, foi inaugurada a filial americana, na cidade de Nova York.

O dinamismo das empresas foi determinante para que, em 1983, fosse criada a Fundação Jônice Tristão, com atividades filantrópicas, educacionais e culturais. Outro investimento visionário foi a criação, em 1985, da Pousada Pedra Azul, hotel na região montanhosa do Espírito Santo, precursor do turismo de montanha de alto nível em terras capixabas.

Seguindo os passos de seu pai José Ribeiro Tristão, em 1987, Jônice inicia o processo sucessório: decide passar o comando das tradings de café para seus filhos, a terceira geração nos negócios. “Esse processo foi bem sucedido, pois meus filhos, Ronaldo e Ricardo, passaram a controlar a Tristão Internacional, em Londres, na Ilha de Man (Grã-Bretanha) e em Nova York, enquanto Sérgio assumiu o controle das empresas no Brasil, presidindo a Tristão Cia. de Comércio Exterior e a Triscafé”, relembrou Jônice Tristão.

Já Patrícia, a filha mais nova, assumiu sua posição de acionista e diretora da Realcafé Solúvel, em 2001. Atualmente, Jônice permanece na presidência do Conselho de Administração e na presidência da holding Tristão Comercial e Participações. Os netos de José Ribeiro Tristão passam a gerir seus próprios empreendimentos com integração e sucesso nos negócios. Hoje, a Realcafé produz 9 mil toneladas de café solúvel ao ano, pois, de 2000 a 2004, a fábrica foi toda modernizada, dobrando sua capacidade de produção. De 2002 a 2008, segundo Sérgio, foram investidos cerca de R$ 50 milhões na indústria.

“As perspectivas dos negócios, em termos de volume, são extremamente otimistas. O maior parque industrial de café solúvel do mundo está no Brasil e é um segmento do mercado que cresce muito. Estamos preparados para isso, pois temos uma fábrica que tem capacidade de expansão, temos uma empresa exportadora com armazéns gerais em Varginha (MG), em Sepetiba (RJ) e na Grande Vitória, em Viana. Assim, estamos estruturados para acompanhar esse movimento mundial”, disse Sérgio Tristão.

A cada ano, a Realcafé transforma 400 mil sacas de café em grão em nove mil toneladas de café solúvel, extrato de café, óleo de café e café torrado e moído, o que a torna uma das principais indústrias do setor no Brasil. Em 30 anos, a Realcafé gerou US$ 800 milhões de dólares em divisas para o País.

Atualmente, no mercado interno, a Tristão trabalha com a própria marca, a Cafuso Realcafé, líder na área de torrado e moído no ES, e também, com marcas próprias para terceiros. “Nossos principais clientes são a Melitta e o Café Pilão, para quem fazemos a solubilização e o envase. Para o exterior também vendemos cafés já solubilizados, mas em big bags, não envasados”, disse Sérgio Tristão.

Realcafé Solúvel do Brasil (ES)

Além disso, a Tristão exporta em torno de 1,3 a 1,5 milhão de sacas de café verde ao ano, sendo que os principais clientes são as grandes marcas internacionais como Kraft, Sara Lee e Nestlé.

A importância da criação da Tristão Internacional, em 1978, foi a possibilidade de melhor atender às necessidades dos clientes do exterior. “Na época, sentimos que houve a necessidade de nos aproximarmos da clientela internacional, como também de termos acesso às linhas de crédito no exterior”, informou Ricardo Tristão, presidente da Tristão Internacional. Assim, com o sócio Geraldo Siqueira, Jônice Tristão abre a Tristão Londres, cuja função foi cobrir toda a parte de marketing de café brasileiro na Europa, com acesso às linhas de crédito internacionais.

Em 1981, a empresa tomou a iniciativa de diversificar a operação nos EUA e, nesse momento, Ronaldo Tristão e o diretor Claude Smith, juntos, criam a Tristão Nova York. “Essa operação tinha como foco o mercado americano e canadense e, ao mesmo tempo, a diversificação em cafés de outras origens, como América Central, África e Vietnã, que são cafés muito buscados nos grandes mercados consumidores. As duas empresas internacionais têm o perfil de comercialização de café verde e de café solúvel produzido pela Realcafé”, reiterou Ricardo Tristão.

Tristão e a UCC
A Tristão Cia. de Comércio Exterior e a UCC – Ueshima Coffee Company, há décadas, mantém sólidas relações comerciais, que amadureceram ao longo dos anos pela afinidade de seus princípios e objetivos, com destaque para a constante preocupação com a qualidade de seus produtos.
O mercado japonês, liderado pela UCC, como a maior torrefadora do país, é referência mundial pela exigência de alto padrão de qualidade da matéria-prima e, além disso, tem revelado um espetacular crescimento no consumo de café. A Tristão, por sua vez, como um dos principais fornecedores de café para o Japão, tornou-se especialista nestas qualidades, formando uma perfeita parceria com a empresa japonesa, inclusive patrocinando juntas o Prêmio de Qualidade Cafuso-UCC Ueshima Coffee Co. Ltd. para os cafés das montanhas do Espírito Santo.
A iniciativa surgiu em meados do ano 2000, quando as Empresas Tristão, através da Realcafé – Café Cafuso, decidiram instituir um evento anual que premiasse e incentivasse o trabalho dos produtores capixabas que, com novas técnicas e tratos culturais, estavam alcançando altíssimos padrões de qualidade de café.
Para compor o braço internacional desta iniciativa, nada mais natural que convidar um grande parceiro, reconhecidamente comprometido com a qualidade e com fortes vínculos com o Brasil, como a UCC. Uma vez contatado, o Sr. Tatsushi Ueshima imediatamente abraçou a causa co-patrocinando o Prêmio, além de abrir aos produtores capixabas o importante mercado japonês.
No primeiro ano foram menos de 100 amostras de café concorrentes, no segundo ano o número saltou para 362 amostras, e a cada ano, mais e mais cafeicultores se interessam pela participação na premiação, o que amplia também o número de municípios capixabas participantes.
Os primeiros colocados no concurso, além de receberem prêmios, tornam-se fornecedores preferenciais para os blends da linha Cafuso Espresso e Premium e ainda tem seus cafés exportados para o Japão, onde são vendidos no exigente mercado de cafés especiais.

No ano de 1986, o Grupo Tristão abre uma operação de café gourmet nos EUA e, mais para frente, a empresa realiza o concurso Cafuso-UCC, de cafés de qualidade da região de montanhas capixaba. “Usamos os cafés desse concurso para comercializar nos EUA e tivemos bastante sucesso. Todas essas ações nos ajudaram a diversificar as atividades da Tristão nos últimos anos, vendendo cafés para Austrália, Nova Zelândia e, como temos contato no Vietnã, estamos também entrando nos mercados chinês e indiano”, ressaltou Ricardo Tristão.

Atenta ao mercado dos países emergentes, como o Brasil, a Índia, a Indonésia, Cingapura e o Leste Europeu, a Tristão sabe que há sempre um mercado potencial muito forte, principalmente para o solúvel. “Estamos acompanhando o crescimento desses países. Dentro desse contexto, tenho a certeza de que a empresa vai continuar crescendo, ela é muito sólida na exportação e vai continuar, no mínimo, mantendo o seu percentual que é em torno de 6% a 8% do mercado brasileiro. No solúvel, a gente está muito otimista, pois fizemos parcerias internas com grandes marcas, disse Sérgio Tristão.

As marcas do varejo da Tristão são destinadas ao mercado capixaba. “Trabalhamos com uma grande família, desde o café standard até o gourmet. O último lançamento que fizemos foi o café em dose única, seguindo o modelo desenvolvido pela Illy”, contou Patrícia Tristão. O blend desenvolvido pelos especialistas Sílvio Leite e Evair Melo inclui o café capixaba, o baiano e o do Cerrado Mineiro.

“Hoje, temos uma fábrica totalmente modernizada e automatizada. Agora temos que maturar esse investimento, considerando inclusive o fato de duplicar a fábrica. Não estamos trabalhando com nossa capacidade total. Posso dizer que hoje, no ES, o projeto é de maturação para os próximos dois anos”, revelou Sérgio.

Outros planos da Tristão são investir numa forte campanha para lançar produtos, como o café sachet, marca já consolidada no ES. “Queremos expandir para outras capitais e nosso primeiro objetivo é o Rio de Janeiro, especificamente no produto sachet em dose única. Toda a família de produtos irá se chamar Cafuso – Selo Realcafé”, disse Sérgio Tristão.
Empresas Tristão
Brasil:
- Tristão Cia de Comércio Exterior (ES) -
Exportador/Trader de café
- Realcafé Solúvel do Brasil S/A (ES) -
Indústria de café solúvel
- Café Cafuso (ES) - Marca líder no ES, com torrado-moído, expresso e solúvel
- Triscafé de Armazéns Gerais (ES/MG) -
Armazenagem e beneficiamento de café
- Fundação Jônice Tristão (ES) - Ação cultural e social no ES.
- Pousada Pedra Azul (ES) - Hotel das montanhas capixabas
- Tristão Participações Ltda. (ES) -
Investimentos e imóveis
- Triscorp Invest. Ltda (RJ) - Fundos de Investimento

Exterior:
- Tristão UK Ltd. (Londres/UK) - Dealer de café
- Tristão Trading Panamá S/A (Douglas / UK) - Dealer de café
- Transcafé S/A (Douglas/UK) - Dealer de café e investimentos
- Tristão Isle Of Man(Douglas/UK) - Prestadora de serviços
- Tristão Services Ltd. (Douglas/UK) -
Prestadora de serviços
- Tristão Trading Inc. (Nova Iorque / USA) - Dealer de café
- Gourmet Representative (Oregon / USA) - Cafés Gourmet

Para a comemoração dos 75 anos da Tristão haverá o lançamento de um selo comemorativo, criado pela renomada artista plástica capixaba Ana Paula Castro, como também uma atualização de todas as embalagens dos produtos, com padronização e roupagem mais moderna. Eventos estão programados, ao longo de 2010 para registrar o momento histórico, com resgate da história das Empresas Tristão e de sua ligação com a economia do Espírito Santo por meio do café.

A forte aliança entre o café, a economia capixaba e as Empresas Tristão chega aos 75 anos e engrandece a história da cafeicultura brasileira. O aniversário prova que trabalho em equipe, agilidade nas decisões, qualidade e respeito aos valores humanos, além de talento, são alguns dos ingredientes que regem a história de sucesso da Tristão.

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