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Março 2010 - Ano 89 - Nº 833

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Uma pasta nos arquivos de José Rodrigues, com o nome café, contém algum material publicitário e recortes de artigos, muitos artigos dele mesmo ou de outros jornalistas. Alguns são históricos, como os registros do 2º Seminário do Café, em 1972. Um deles me chama a atenção: Qualidade do Café-Santos tornou a cidade conhecida no mundo.

Escrito em 1989, trata do relato de uma missão oficial ao Japão, feita um ano antes, na condição de funcionário do IBC. Ao pedir um burajiro kohi (café brasileiro) no hotel New Otani, as recepcionistas dizem: “Sim, temos o tipo Santos”.

José Rodrigues aproveitava detalhes do dia a dia para explicar fenômenos econômicos e sociais. Para esclarecer como a cidade que jamais produziu um pé de café fez fama ao criar uma qualidade de bebida com seu nome, pesquisou dados a partir de 1880. Buscou registros na Associação Comercial de Santos, onde trabalhou como assessor econômico em meados da década de 80.

Nesse e noutros textos, o propósito era contribuir com sugestões e tendências. Naquele caso, apontava para a necessidade de adaptações tecnológicas para que o setor cafeeiro não ficasse à margem de um mercado cada vez mais exigente por qualidade.

O estilo observador e a capacidade de apontar perspectivas se manifestavam na vida profissional e onde quer que estivesse envolvido. Eram atributos de seu perfil, que ele cedia em favor de uma organização não-governamental que fundou junto com a esposa Myrian e outros voluntários, e do pensamento social espírita ao qual esteve engajado desde a juventude.

O raciocínio lógico e a conduta coerente garantiram-lhe credibilidade suficiente para que suas opiniões e seu trabalho fossem respeitados por segmentos de princípios diversos. Após atuar duas vezes como assessor de assuntos portuários da prefeitura de Santos em governos do Partido dos Trabalhadores, prestou consultoria sobre o assunto a políticos de diferentes matizes, orientou estudantes e serviu de fonte a órgãos de imprensa.

O desejado retorno ao jornalismo foi a maior prova de que mantinha a isenção necessária ao exercício da profissão. Atuou por dez anos como correspondente do Valor Econômico, atividade que exercia com vigor de um foca (principiante, no jargão jornalístico), mas com domínio de um master.

José Rodrigues viveu certo de que o destino do ser humano é a evolução e que não há alternativa fora do trabalho. A irrevogável lei da ação e reação era sua verdade: o dia de amanhã depende sempre de hoje. Essa era a identidade também em família. Homem ciente da responsabilidade de seu exemplo, pai exigente, interessado e generoso, que fez de nós e inúmeras pessoas com quem se relacionou, amigos até o fim que nunca chega.

Jornalismo especializado

José Rodrigues ingressou no jornal A Tribuna de Santos em 1969. Formado em Economia, começou a acompanhar comércio cafeeiro, setor no qual se especializou. Fez diversas coberturas do Seminário do Café e das reuniões da OIC (Organização Internacional do Café). Devido ao amplo conhecimento, escreveu para revistas e jornais segmentados como DCI, Gazeta Mercantil, a própria Revista do Café do CCCRJ, Exame, entre outras publicações.

Convidado pelo então presidente Antonio Manoel de Carvalho, na década de 80, passou a assessor econômico da Associação Comercial de Santos. Em seguida foi trabalhar no IBC, presidido na época pelo embaixador Jório Dauster.

Em 1989 tornou-se assessor para assuntos portuários da prefeitura de Santos, cargo que ocupou por dois mandatos. Terminado esse período, alcançou um de seus maiores desejos profissionais: retornou ao jornalismo como correspondente do Valor Econômico. Exerceu a função durante dez anos até janeiro de 2010, cobrindo especialmente assuntos portuários.

Da juventude aos seus últimos dias, dedicou-se a atividades paralelas, como a doutrina espírita, sendo responsável mais recentemente pelo site Pense (www.viasantos.com/pense), no qual divulgava e debatia o pensamento social espírita.

A atuação no campo social foi reforçada nos últimos 15 anos, período em que, junto com a esposa Myrian de Domênico Rodrigues e outros voluntários , trabalhou pela Ação de Recuperação Social, instituição laica dedicada à promoção de famílias carentes.

Morreu dia 10 de fevereiro último, em decorrência de complicações após cirurgia para extração de um tumor de pâncreas. Deixou os filhos Patrícia, Lívia, Flávia, José Tarcísio e José Roberto.

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