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Março 2010 - Ano 89 - Nº 833

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É do conhecimento dos estudiosos que a introdução do café no Brasil teve início no Norte do país, sendo, então, trazido para a cidade do Rio de Janeiro, espalhando-se rapidamente no final do século XVIII pelo município de Resende, e seguindo pelo vale do rio Paraíba em direção à sua foz e por seus afluentes.

O grande avanço da lavoura do café pelos estados de São Paulo e Minas Gerais ocorreu a partir de meados do século XIX e, principalmente, a cidade de Bananal, na província de São Paulo, acompanhou o apogeu e decadência da cafeicultura fluminense.

Segundo o historiador João de Azevedo Carneiro Maia, que editou em 1891 um livro sobre a história da cidade de Resende, o governo da província de São Paulo aproveitou-se de uma provisão régia, o alvará de 16 de janeiro de 1726, que “desmembrou de São Paulo a comarca de Paraty, transferindo-a para o Rio de Janeiro”, para então mudar os limites entre as duas províncias, anexando a São Paulo, Areias, São José de Barreiros e Bananal.

Desde então, até o final do século XIX, houve grandes questionamentos, tanto do poder público como dos fazendeiros, e da população da região anexada a São Paulo. Esta se julgava muito mais próxima do governo do Rio de Janeiro, em razão dos portos e estradas que levavam à Corte e de suas relações com os fazendeiros do vale do Paraíba fluminense. Certo é que, em pleno apogeu do café no Brasil, a cidade de Bananal foi a maior produtora de São Paulo.

Para iniciar nossa história sobre as fazendas de café paulistas, escolhi a de Boa Vista, localizada em Bananal, na divisa com a cidade de Barra Mansa. É provável que tenha sido pioneira na produção de café na região, pois foi a partir dela que surgiram outras grandes propriedades.

Sabe-se que aquelas terras foram cedidas em sesmaria a Manoel Antonio de Sá Carvalho, no final do século XVIII, mas foi Luciano José de Almeida, nascido na fazenda em 1796, que converteu a propriedade, em que até então se cultivava anil e cana-de-açúcar, em uma grande produtora de café.

Luciano casou-se com D. Maria Joaquina Sampaio e teve com ela nove filhos. Com a morte do marido em 1854, D. Maria passa a administrar a fazenda, o que faria por trinta anos. O monte-mor do espólio de Luciano José de Almeida alcançou a cifra impressionante de 2:505:744$513 contos de réis, e incluía as fazendas Boa Vista, Cachoeira, Fazendinha, Jararaca, Campo Alegre e Bocaina, além de 812 escravos que trabalhavam arduamente nas propriedades, que ao todo, possuíam 997 mil pés de café, sendo 700 mil somente na Boa Vista.

D. Maria recebeu pouco mais de mil contos de réis por ocasião da partilha, mas ao morrer, em 1882, sua fortuna era comparável à deixada pelo esposo, 2:103:500$610 contos de réis, e entre os bens, 451 escravos, as fazendas Boa Vista e Cachoeira e mais de 600 mil pés de café.

A sede da Boa Vista, edificada a cavaleiro de um barranco, com um andar inferior que, provavelmente, servia de moradia para os escravos que trabalhavam na casa, possui uma monumental escadaria dando acesso à entrada da casa, no piso superior, seguindo o estilo arquitetônico da maioria das fazendas construídas em São Paulo. Com cinco salões grandiosos e inúmeros quartos, em uma das salas encontra-se a capela-oratório, com uma porta trabalhada e um altar, onde aconteciam as cerimônias religiosas (missas, batizados e casamentos), celebradas por um padre-capelão que residia na fazenda. Do alto da escadaria era possível ver o corredor de senzalas, que se estendiam em linha reta do lado esquerdo da entrada da casa-sede.

A fazenda Boa Vista, após a morte da matriarca da família, coube à sua filha Alexandrina, casada com o comendador José de Aguiar Vallim, que a vendeu ao diplomata Plinio de Oliveira. Este a transferiu por herança a seus filhos, que a venderam ao dr. Aurélio Pires de Albuquerque.
Em 1913, pertenceu ao francês Emile Levy, e a partir de 1930 passou à família Pires, que a conserva até os nossos dias, não mais como fazenda de café, mas como um hotel-fazenda, que tem servido de palco para a gravação de novelas de época.

Ali vamos encontrar a cozinha e a hospitalidade mineira, com direito a cafezinho, é claro.

 

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