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Porto do Rio Consolida Retomada das Exportações de Café
Multiterminais Amplia Estrutura Operacional
Março 2010 - Ano 89 - Nº 833

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É lugar comum falar que um dos principais gargalos do desenvolvimento nacional tem sido a infraestrutura, sobretudo a de logística de exportação. Faltam estradas, ferrovias, aeroportos e portos dotados de condições tecnológicas e espaciais que permitam um aumento substancial do comércio exterior brasileiro.

O problema persiste, e em função da complexidade das reformas que são necessárias, deve-se admitir que perdurará ainda por vários anos. Mas cumpre apontar também os pontos onde o gargalo começa a ser revertido e as soluções finalmente despontam como uma realidade concreta.

É o caso do porto de Sepetiba, ou melhor, de Itaguaí. Privatizado em 1998, recebeu investimentos pesados do grupo CSN e vem se consolidando desde então como um dos terminais de exportação mais modernos da América Latina. Os resultados já são bem visíveis. Em 2009, Itaguaí exportou o equivalente a 10,58 bilhões de dólares e 97 milhões de toneladas, obtendo o quarto lugar em valor e o segundo lugar em quantidade entre todos os portos nacionais.

A Revista do Café esteve no terminal no dia 25 de março, numa entrevista com executivos da Sepetiba Tecon, operadora do pólo exportador de café que respondeu, no primeiro bimestre deste ano, por 6% das exportações brasileiras do grão. Os entrevistados foram Maxwell Rodrigues, gerente de operações; José Cozzolino, gerente comercial; Marcela Malta, analista comercial; e Andréia Bria, analista de marketing.

José Cozzolino, Andréia Bria, Maxwell Passos e Marcela Malta Lopes

Operação Café

Sepetiba Tecon vem operando com café desde 2005, sendo o único porto da América do Sul que possui um pólo exportador dentro da zona primária do porto. A participação do café nas operações totais da empresa tem crescido substancialmente nos últimos anos, representando hoje 14% do total, contra apenas 6% em 2005. Em função dessa importância, Sepetiba Tecon montou uma unidade de atendimento voltada exclusivamente para o café, além de contar com apoio do Centro de Comércio de Café do Rio de Janeiro, o qual mantém uma estrutura funcionando permanentemente no porto. A meta da empresa, com base em estimativas bastante conservadoras, é exportar mais de 2 milhões de sacas de café até 2011.

Cozzolino explica que o porto de Itaguaí tem vocação para o café, em função de sua localização privilegiada, acessos rodoviários, grande área portuária e retroportuária, segurança, calado e agilidade nos trâmites aduaneiros. Próximo dos principais pólos de produção de café – 369 km de Varginha, 469 km de Manhuaçu, e 500 km de Vitória –, Itaguaí situa-se exatamente no centro do eixo do cinturão brasileiro de café, com a vantagem de que os acessos ao porto não passam por dentro de nenhuma grande cidade.

As características naturais do porto de Itaguaí, ou seja, 400 mil metros quadrados de área portuária e retroportuária, mais as condições naturais de calado com 14 metros de profundidade, permitem a entrada de navios de grande porte, oriundos de todas as partes do globo.
A importância estratégica do café deve-se ao fato do grão brasileiro, em virtude de ser demandado por quase todos os países do mundo, atrair uma ampla variedade de linhas de navegação. Além disso, é um produto com atividade relativamente estável durante o ano inteiro, com forte resistência às periódicas crises que assolam o comércio exterior mundial.

“As principais rotas de armadores passam por Itaguaí, que possui, além disso, o menor transit time para o norte da Europa e Mediterrâneo, os principais mercados do café brasileiro”, informa Maxwell Rodrigues.

Ele observa que a empresa vem realizando grandes parcerias com os principais exportadores de café, entre os quais se destacam Tristão, Unicafé, Outspan e Stockler, entre outros. “Como consequência natural dessas parcerias e dos investimentos em tecnologia e infraestrutura, em 2009 nós aumentamos nossa média de recebimento diário para 8.500 sacas de café, com igual volume diário de estufagem, e ampliamos nossa capacidade operacional para 16 mil sacas/dia. Ou seja, temos ainda um potencial enorme de aumento de nossas operações com café”, diz Rodrigues.

“É importante informar que as operações de recebimento de carretas para a área de embarque funcionam 24 horas. Isso não acontece em outros terminais. E por que não acontece? Porque existe uma limitação de área em outros terminais, restringindo a programação de recebimento de modo a evitar que os mesmos fiquem superlotados. Aqui nós temos área em abundância e grande capacidade operacional, o que nos permite abrir por mais tempo, ou seja, dando a devida facilidade para o exportador de café programar as entregas para o embarque.”

O exportador, explicam os executivos, pode entregar o café estufado em contêiner até sete dias antes do deadline, do embarque, ou pode entrar e deixar sua carga para que o contêiner seja estufado, podendo se utilizar de uma estrutura operacional e comercial dedicada exclusivamente às operações de café. Além disso, ele tem doze dias de free time, ou seja, pode armazenar a carga por esse tempo sem custo algum. Esses são diferenciais importantes, dizem eles, em relação aos demais portos.

Em relação aos custos, Itaguaí também apresenta condições bastante competitivas em relação a outros portos, em relação à capatazia, pesagem e ISPS. Os serviços de ovação em sacaria e granel também registram preços inferiores aos praticados em outros terminais.

O Porto

O porto de Itaguaí, acrescentam, surgiu entre dois portos históricos, que foram engolidos pelo adensamento das cidades, seja Rio, seja Santos, o que é diferente da origem de Itaguaí, que foi estabelecido longe de toda área urbana, concebido para ficar livre dos problemas de congestionamento e circulação. “Temos uma área de 400 mil metros quadrados – 200 mil de área usada e mais 200 mil de retroárea –, e um espaço disponível para expansão de mais 850 mil metros quadrados. Toda a parte de acesso ao porto está garantida. A Rio-Santos, por exemplo, que já está duplicada. Temos ainda o Arco Metropolitano, que liga o porto de Itaguaí às principais vias de acesso ao cinturão exportador de café: Via Dutra (Rio-SP), BR 040 (Rio-MG) e BR 101 (Rio-Bahia).”

Rodrigues observa que é importante frisar alguns pontos, que fazem o diferencial de Itaguaí em relação a outros portos. “Temos 14,5 metros de calado; um canal de acesso marítimo com 200 metros de largura, permitindo a entrada de navios pesados; 30 mil metros quadrados de área coberta para armazenagem, sendo 5 mil metros dedicados ao café. Temos 3 berços para atracação dos navios. Em equipamentos, temos 4 portêineres, dois dos quais foram adquiridos em 2008. Nos últimos dois anos, investimos na compra dos 2 portêineres mencionados, 7 Reach Stackers, 27 empilhadeiras, dois RTGs... O que é RTG? São pórticos móveis que agilizam a movimentação interna de conteiner. Em 2010, serão comprados dois portêineres, 4 RTGs, 6 Reach Stackers e outros equipamentos.”

Cada portêiner, informam os executivos, custa 6,5 milhões de dólares e cada RTG, 1,5 milhão de dólares. Os dois últimos portêineres foram comprados da China e os próximos dois serão provavelmente importados de lá também.

Na questão burocrática, Sepetiba também possui vantagens comparativas. Uma série de desembaraços aduaneiros podem ser realizados inclusive após o embarque (é o chamado embarque por termo). Maxwell Rodrigues explica que o porto obteve essa facilidade em função da segurança existente. O terminal é uma unidade alfandegada, abrigando unidades da Receita Federal, Ministério da Agricultura e ANVISA, o que facilita imensamente os trâmites aduaneiros de exportação. O índice de canal vermelho na exportação de todos os produtos é inferior a 1%. No café, é próximo de zero.

Marcela Malta, responsável pelo atendimento comercial do café, enfatiza que o “carrossel” de entrega de contêineres é muito ágil, em função do período de tempo em que as transportadoras possuem para entregar as unidades (abertura do gate com 7 dias do deadline, 24 horas por dia), diminuindo assim a quantidade de carretas utilizadas.

Rodrigues acrescenta que “um outro facilitador é o fato do depósito de contêineres vazios estar situado dentro do terminal. Isso permite ao transportador deixar seu contêiner cheio para embarque e retornar com outro vazio para origem, se for o caso”.

O Sepetiba Tecon possui aproximadamente 500 funcionários trabalhando no terminal de Itaguaí e no posto avançado da empresa no centro do Rio de Janeiro.

O terminal tem capacidade de armazenagem de 70 mil sacas, e possui equipamentos que possibilitam a formação de blends com até seis origens diferentes. A segurança do local é garantida por vigilantes próprios da empresa, 60 câmeras internas, além de funcionários das Docas.

Por fim, Sepetiba Tecon vem discutindo com empresas e autoridades a viabilidade operacional da linha ferroviária – já existente – que liga Varginha ao porto.

Com todas essas qualidades, o porto de Itaguaí espera atrair mais exportadores e mais volume de exportação de café. Este ano, a estimativa da empresa é movimentar 4 mil contêineres de café contra 3,46 mil em 2009. A projeção para 2011 é embarcar 6 mil contêineres.

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