Nos
seus 150 anos de existência, o Ministério
da Agricultura vem apoiando o desenvolvimento do campo,
que por sua vez tem sido a alavanca dos demais setores
da economia brasileira.
Testemunha da história do país, o Ministério
já teve as mais diferentes funções,
que foram mudando com as mudanças determinadas
pelo progresso. Já foi também da Indústria
e do Comércio, já foi de Reforma Agrária,
já teve a extensão rural como grande
instrumento, já cuidou da pesca e das florestas
plantadas.
Mas sempre esteve ao lado dos produtores rurais e,
talvez por isso, desde o programa da substituição
das importações, base da urbano-industrialização
do Brasil, venha perdendo força dentro do governo
e, em alguns momentos, sendo moeda de troca nas transações
políticas nacionais.
As grandes transformações do Ministério,
no entanto, se deram em duas ocasiões: a primeira,
nos anos 70, quando a atividade produtiva rural ficou
mais complexa. Foi quando a agropecuária passou
a demandar serviços e insumos (antes da porteira),
transformando-se na grande supridora da indústria
de alimentos (depois da porteira) e de importante
parcela de comércio interno e externo.
Nesta época surgiram a EMBRAPA e a EMBRATER,
as regras de PGPM e do crédito rural se delinearam
e instituições como a CFP, a COBAL e
a CIBRAZEN tiveram muito peso nas ações
do Ministério. Foi a grande revolução
do setor, dando força à conquista do
Cerrado: a agropecuária deixou de ser costeira
e avançou pelo país adentro.
E a segunda, mais recentemente, com a tríplice
colisão determinada pela estabilização
da moeda, pela abertura comercial e pela redução
da intervenção do Estado, com todas
as reformas institucionais e estruturais experimentadas
pelos órgãos de governo.
Nesta nova fase, o MAPA foi remodelado tendo em vista
o fato de que a última grande reforma de sua
estrutura fora exatamente nos anos 70, e de lá
para cá muita coisa mudara. Foi criada uma
área de planejamento estratégico, assim
como uma secretaria de Relações Internacionais,
uma de Agroenergia, foi remodelada a Defesa Sanitária,
empresas vinculadas foram fortalecidas (EMBRAPA, CONAB,
INMET) e a articulação com outros órgãos
do governo e com o Parlamento foi incrementada.
Foram criadas Câmaras Setoriais reunindo todos
os agentes das diferentes cadeias produtivas, dando
origem às propostas de políticas setoriais
cujo conjunto definiu uma completa política
agrícola para o país. Tudo isso embasado
pelos dados levantados pela nova área estratégica.
Portanto, o Ministério vem cumprindo sua missão
com eficiência sempre, especialmente em função
da qualificação do seu pessoal técnico,
administrativo e de apoio.
No entanto, a implementação desta política
não depende do MAPA, porque os instrumentos
para isso estão espalhados por uma dúzia
de outros Ministérios.
Agora, dada a informação da FAO, de
que a demanda por alimentos crescerá 70% até
2050, chegou a hora e a vez do Brasil assumir a liderança
mundial deste formidável desafio, que inclui
agroenergia.
Para isso, é tempo do MAPA ter mais prestígio
no conserto dos órgãos governamentais
brasileiros.
Roberto
Rodrigues
ex-Ministro
da Agricultura, atual Coordenador do Centro de Agronegócio
da FGV,
Presidente do Conselho Superior de Agronegócio
da FIESP e professor de Economia Rural da UNESP/Jaboticabal
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