No
dia 21 de outubro, o Museu do Café, em Santos/SP,
abre ao público a exposição “A
defesa do café faz história. Café:
economia e política — as intervenções
governamentais na economia cafeeira 1905-1990”
de proteção e valorização
ao café, o principal produto da balança
comercial brasileira durante a segunda metade do século
XIX e início do XX. A exposição
é uma realização do Governo de
São Paulo, por meio do Museu do Café
— Organização Social ligada à
Secretaria de Estado da Cultura —, com apoio
do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento.
A exposição, com curadoria da professora
e doutora Vera Lucia Nagib Bittencourt,
também consultora do Museu do Café,
aborda os diferentes desafios enfrentados pela produção
cafeeira durante o século XX, bem como as estratégias
utilizadas para superá-los. O recorte histórico
destacado na mostra tem início com o Convênio
de Taubaté, em 1906, e segue até a desregulamentação
do mercado pelo governo, com a extinção
do Instituto Brasileiro do Café, em 1990.
Durante esse período, foram vários os
movimentos de mercado que exigiram articulações
políticas e diferentes ações
de valorização e proteção
do produto. “Ao final da década de 1920,
exauriu-se a capacidade de estabilização
do mercado apenas por controle de estoques. Então,
foi necessário conter o plantio, enfrentar
a queima do produto e uma intervenção
mais efetiva, através de diferentes instâncias
do governo”, explica Vera Bittencourt.
Entre essas ações estão a criação
de órgãos e instituições
governamentais para gerenciar as relações
do mercado. Em 1952, em resposta às reivindicações
da cafeicultura, foi formado o Instituto Brasileiro
do Café (IBC), responsável por encaminhar
as relações da produção
nacional no mercado internacional e com outros países
produtores. Já a partir dos anos 1990, com
a transformação da economia mundial,
a relação institucional entre Estado
e mercado também foram redesenhadas. “Nesse
momento atribui-se ao governo novas iniciativas, como
a pesquisa, o marketing e o aperfeiçoamento
do sistema de informação”, contextualiza
a curadora da exposição.
Como convite ao visitante para que embarque nessa
história, a mostra no Museu do Café
lança mão de documentos, reproduções
de jornais e revistas, peças publicitárias,
testemunhos de embates pela imprensa, canções,
estatísticas, mapas, ilustrações
e charges. A curadoria apostou na interação
entre os espaços expositivos, como um grande
quebra-cabeça, oferecendo ao público
a oportunidade e o prazer de conhecer e descobrir.
Entre os principais destaques da exposição
está a reprodução de trechos
da edição comemorativa do periódico
“O Jornal”. Publicado em 15 de outubro
de 1927, em celebração ao bi-centenário
do café no Brasil, o diário —
cujo original faz parte do acervo do Centro de Informação
e Documentação Luiz Marcos Suplicy Hafers
— traz uma série de textos, ilustrações
e balanços comerciais que evidenciam como a
discussão sobre a defesa do café, e
suas diferentes concepções, se fazia
presente à época.
“A exposição propõe um
olhar sobre a defesa do café enquanto ação
transformadora que deve ser reconhecida e debatida.
Justamente por se tratar de um quadro tão matizado,
o termo é abordado em suas múltiplas
dimensões, destacando as principais políticas
no setor, como o Convênio de Taubaté,
a queima dos estoques nos anos 1930, a atuação
do IBC, e os embates em torno delas”, destaca
Vera Bittencourt.
Ciclo
de Estudos
Durante
a exposição “A defesa do café
faz história. Café: economia e política
— as intervenções governamentais
na economia cafeeira 1905-1990”, o Museu do
Café realizará um ciclo de estudos abordando,
com a presença de especialistas no assunto,
diferentes aspectos sobre o tema proposto na mostra.
Entre os palestrantes estão personalidades
do setor cafeeiro como Ruy Barreto e Marcelo Vieira,
além de figuras importantes do cenário
da política nacional, como os ex-ministros
Roberto Rodrigues e Antônio Delfim Netto. Mais
informações sobre a programação,
os palestrantes e inscrições estão
disponíveis no site www.museudocafe.com.br.
O Museu do Café fica à rua XV de Novembro,
95, no Centro de Histórico de Santos/SP. Seu
horário de funcionamento é de terça
a sábado das 9h às 17h, e aos domingos
entre 10h e 17h, sempre com funcionamento da bilheteria
até 16h15. Os ingressos para visitação
custam R$ 5, estudantes e pessoas acima de 60 anos
pagam meia-entrada. Já a Cafeteria do Museu
funciona de segunda a sábado das 8h às
18h, e aos domingos entre 10h e 18h.
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