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Setembro 2010 - Ano 89 - Nº 835

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O início da implantação das fazendas de café no século XIX, em Minas Gerais, coincidiu com o sucesso desta lavoura por todo o vale do Paraíba fluminense. Muitos cidadãos mineiros que não atravessaram o rio Paraíba do Sul requereram terras em sesmarias bem próximas a este rio.
Foi assim que, em 1818, Francisco Leite Ribeiro iniciou um verdadeiro latifúndio, transformando aquelas terras incultas em várias fazendas de café. Nascido na cidade de São João del Rei, ele se casou em 1809 com dona Thereza Angélica de Jesus, filha do desembargador José Vidal Barbosa.

No cenário de montanhas rochosas e verdejantes tão típicas do sul das Minas Gerais, Francisco Leite Ribeiro funda a sua primeira fazenda de café, que denominou Louriçal, onde morreria em 1844.

Com a abertura de seu inventário post mortem em 1845, foi possível conhecer a imensa fortuna que Francisco acumulara em pouco mais de 27 anos. O monte mor atingiu a importância de 1.087:024$203 contos de réis. Somente a fazenda do Louriçal, onde morava, compreendia quatro sesmarias, 228 escravos e 140 mil pés de café. Ele possuía ainda as fazendas Arribada, a sesmaria em que residia seu genro Francisco Leite de Magalhães Pinto, que fora casado com sua filha Maria; Ouro Fino, onde morava Francisco de Salles de Oliveira Castro, marido de sua filha Ana Tereza; outra propriedade em poder de José Vidal Dias, casado com sua filha Francisca Tereza; e a fazenda dos Alpes, que herdara seu filho Joaquim Vidal Leite Ribeiro por ocasião da morte da mãe, dona Thereza Angélica de Jesus.

A casa de moradia da fazenda dos Alpes segue o estilo neoclássico, percebendo-se a influência do colonial mineiro. Sua construção é bastante singular, pois sua planta baixa em forma de “Z” se une à fachada da casa assobradada construída na base deste “z”, onde outrora, no primeiro pavimento, funcionava um imenso porão, encostado em um barranco. A casa revela também a religiosidade do proprietário. Uma pequena capela tinha uma porta aberta para o seu quarto de dormir, e outra, externa e suntuosa, foi construída perto da casa, com invocação a Santa Rita.

Preocupado com o escoamento da produção de café, Francisco empenhou-se junto a outros proprietários, em 1841, pela construção da estrada da serra do Couto, que ligava a Zona da Mata ao Porto da Piedade, pela então Vila de Magé, onde desde 1836 havia iniciado a construção de um hotel, do qual se tem conhecimento pelo depoimento do famoso viajante inglês Georges Gardner.

Depois da morte do patriarca da família, coube a Joaquim Vidal Leite Ribeiro assumir a fazenda do Louriçal e a dos Alpes e, assim como o pai, tornou-se um dos maiores empreendedores da região de Mar de Espanha, sendo agraciado com o título de barão de Itamarandiba, em 1881, dois anos antes de morrer, no Rio de Janeiro.

Joaquim viveu solteiro na fazenda dos Alpes até os 35 anos e casou-se em 1853 com dona Alexina Amélia Caldeira Fontoura. Apenas cinco anos após o casamento, resolveu vender as duas fazendas aos seus primos Francisco Carlos Teixeira Leite e Anastácio Teixeira Leite.


Durante dez anos elas ficaram nas mãos dos irmãos Teixeira Leite, que as venderam a Francisco de Assis Monteiro Breves, primeiro filho de Amélia Augusta Monteiro de Barros e do major José Joaquim Luiz de Souza Breves, portanto duas famílias tradicionais, os Monteiro de Barros de Minas Gerais e os Souza Breves do vale do Paraíba fluminense.

Em 1881, Francisco Monteiro Breves é agraciado com o título de barão de Louriçal. Conta-se que era um homem muito vaidoso e que, ao solicitar o título de barão, utilizou o nome da fazenda que adquirira por considerar seu nome belo.

O barão de Louriçal também fez fortuna e, além das propriedades que tinha em Mar de Espanha, possuía ainda a fazenda Porto Alegre, no município de Itaperuna. Por ocasião da abertura de seu inventário post mortem em 1894, a soma de seus bens chegou à inacreditável soma de 1:079:989$645 contos de réis.

O barão se manteve solteiro, mas no testamento feito em 1894 registrou seus relacionamentos com algumas de suas ex-escravas, reconhecendo inclusive a paternidade dos filhos que tivera com elas e instituindo-os como herdeiros universais. Assim deixou expresso em seu testamento:

Que por fraqueza humana teve com suas ex-escravas, de nomes Generosa, Virgínia, Amélia, Benvinda, Lourença (já falecida) e Balbina, diversos filhos os quais existem e são os nomes Francisca, Maria, Roberta, Virgílio, Orestes, Gumercindo, Ernestina, João, Geraldo, Ignez, Cyrillo, Luiz e Rita, sendo os sete primeiros com Generosa. (...) os quais ele testador os reconhece como seus filhos como se fossem de legítimo matrimônio e os institui seus universais herdeiros.

Embora pareça que o barão preferisse a escrava Generosa, com quem teve sete filhos, é curioso observar que os outros seis filhos, com mães diferentes, tinham a mesma idade.
Nessa época, a fazenda dos Alpes possuía aproximadamente 586 alqueires de terras, sendo 252 de mata virgem, e milhares de pés de café.

Como era esperado, nenhum dos herdeiros designados pelo barão tomou posse das terras ou das fazendas, sendo que a dos Alpes chegou, no início do século XX, às mãos da empresa Belgo-Mineira, que foi explorar as montanhas de mármore do lugar.

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